PELA DEMOCRACIA
O Jornal Nacional entrevistou ontem Haddad e Bolsonaro para esclarecer “controvérsias que envolvem a democracia brasileira”. Antes das entrevistas, Willian Bonner afirmou que, segundo o Datafolha, 69% dos brasileiros considera o regime democrático a melhor forma de governo, e que o número é um recorde desde 1969 quando a pesquisa começou a ser feita.
Haddad falou primeiro e na sua saudação aos eleitores disse que está do lado da socialdemocracia, do Estado de bem-estar social e enfatizou dois pontos centrais da campanha: emprego e educação. Foi perguntado sobre o projeto de convocação de uma Constituinte, presente no programa de governo. Disse que reviu o posicionamento e vai fazer as reformas por emenda constitucional, como a tributária (com isenção de imposto de renda para quem ganha até cinco salários mínimos); bancária; e fim do congelamento de gastos (EC 95). Ele também foi instado a comentar a declaração dada por José Dirceu ao El País Brasil de que: “Dentro do país é uma questão de tempo para gente tomar o poder. Aí nós vamos tomar o poder, o que é diferente de ganhar uma eleição”.
Haddad respondeu: “o ex-ministro não participa da minha campanha, não participará do meu governo e eu discordo da formulação dessa frase. Para mim, a democracia está sempre em primeiro lugar”.
Jair Bolsonaro preferiu saudar os telespectadores esclarecendo que seu “compromisso”, “plataforma”, e “bandeira” baseia-se em um versículo da Bíblia (João 8:32) que diz: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Agradeceu às lideranças evangélicas, aos policiais civis e militares, aos integrantes das Forças Armadas, ao “homem do campo”, aos caminhoneiros e à “família brasileira” pela sua votação. Agradeceu também ao Nordeste, “apesar de eu ter perdido lá”, e afirmou que só não teve mais votos na região “por fake news, mentiras”. Se comprometeu a não acabar com o programa Bolsa Família. Mas disse que vai “combater as fraudes para que aqueles que realmente precisam possam ter um dinheiro um pouco maior”. Balizou a proposta do economista Paulo Guedes de fazer uma mudança no Imposto de Renda, de modo que todos que recebam acima de cinco salários mínimos (R$ 4.770) paguem os mesmos 20%, extinguindo a progressividade.
Foi perguntado sobre duas declarações de seu vice, general Hamilton Mourão. A primeira foi a afirmação de que a Constituição foi um “erro” e que deveria ser convocada nova Constituinte composta por notáveis, e não por “eleitos pelo povo”. A segunda de que o presidente da República pode perpetrar um “autogolpe”. Bolsonaro disse que desautorizou o vice nesses dois momentos, que não admitiria nova Constituinte e não teria poderes para convocar uma e que não entendeu o que Mourão quis dizer com “autogolpe” – aparentemente, ele não perguntou depois para o vice. Não deve ser uma pessoa curiosa… Para ele, falta “tato” ao general, mas isso vem com a “vivência” política.
Não foi perguntado sobre as diversas declarações de que as urnas eletrônicas fraudam o resultado das eleições. |