A aprovação recorde de Jair Bolsonaro

Segundo Datafolha, avaliação positiva chegou a 37%, maior patamar desde as eleições. Reprovação caiu dez pontos

Bolsonaro ao lado do governador do Pará, Helder Barbalho, em inauguração de obra.
Foto: Alan Santos/PR
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Saíram ontem à noite os resultados da última pesquisa de avaliação do governo Bolsonaro feita pelo Datafolha, com entrevistas realizadas nesta segunda e terça-feiras. O Brasil acabara de ultrapassar 100 mil mortes pelo novo coronavírus (e definitivamente impulsionadas pela má condução brasileira da pandemia), mas isso não parece ter influenciado em nada as respostas. A aprovação do presidente subiu em quase todos os estratos demográficos e econômicos e atingiu o maior nível desde sua eleição: 37% dos brasileiros consideram seu governo ótimo ou bom, o que dá um aumento de cinco pontos percentuais desde o levantamento anterior, do fim de junho. Antes, a pontuação máxima já registrada tinha sido de 33%. Não bastasse isso, a reprovação caiu incríveis dez pontos: hoje, só 34% o consideram ruim e péssimo, contra 44% em junho.

O auxílio emergencial, como já era de se esperar, continua tendo grande impacto nos números. Entre quem pediu e recebeu o benefício, 42% acham o presidente ótimo ou bom (cinco pontos acima da média). No Nordeste, onde 45% dos moradores receberam o auxílio, a rejeição a Bolsonaro caiu de 52% para 35% e aprovação subiu de 27% para 33%. Mauro Paulino e Alessandro Janoni, diretores do Datafolha, notam que pelo menos três dos cinco pontos conquistados pelo presidente vêm de pessoas que estão no grupo apto a receber essa renda mensal: trabalhadores informais ou desempregados com renda familiar de até três salários mínimos.

Mas isso não explica tudo, já que houve certa uniformidade nos resultados. A rejeição a Bolsonaro caiu em vários grupos que se opunham a ele, como pessoas com curso superior (a rejeição caiu de 53% para 47%). Entre estudantes, recordistas no ‘ruim ou péssimo’, essa avaliação caiu de 67% para 56%. No Sudeste, onde Bolsonaro vinha perdendo campo continuamente,  seu desempenho voltou a subir: a aprovação saltou de 29% para 36%.

Não deve ser coincidência, como nota o jornalista da Folha Igor Gielow, que a melhora tenha se dado junto com uma grande mudança na postura pública do presidente, que, desde a prisão de Fabricio Queiroz, anda extremamente manso em relação aos outros poderes. Ultimamente, em vez de participar de atos que pedem o fechamento do Congresso e do STF, Bolsonaro deu para viajar país afora inaugurando obras. 

Em tempo: o presidente reconheceu ontem que, afinal, não deve conseguir criar o Aliança pelo Brasil. “É difícil formar um partido, não é impossível, mas é difícil. Uma burocracia enorme”, justificou, sinalizando a possibilidade de reconciliação com o PSL. A ver.

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