Obesidade dispara no Brasil e afeta um quarto dos adultos

Percentual mais que dobrou desde 2003. Campanhas com foco em esforços individuais não ajudam

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Um quarto da população brasileira acima de 18 anos estava obesa em 2019: 41,2 milhões de pessoas, segundo a II Pesquisa Nacional de Saúde, do IBGE, divulgada ontem. O percentual mais do que dobrou desde 2003, quando era de 12%. Já a proporção de pessoas com excesso de peso na população com 20 anos ou mais subiu de 43% para 61%. E os números são piores entre as mulheres: 29% estão obesas e 63% com excesso de peso. Se tudo continuar como está, em 15 anos o Brasil vai estar no grupo de nações onde mais de 30% da população é obesa, junto com países como Estados Unidos, México e Canadá. Isso apesar dos “repetidos alertas sobre a importância de manter alimentação balanceada e de praticar exercícios físicos com frequência”, como diz o Estadão.

Não há nenhum antagonismo nisso – puxões de orelha individuais não adiantam de muita coisa quando o Estado não se propõe a apoiar e promover práticas saudáveis. “Toda a nossa campanha de prevenção é voltada para os esforços individuais. Mas precisamos nos voltar também para as questões sociais. Ou seja, se não tem condições de preço, de oferta, de alimentos saudáveis, é difícil fazer com que pessoas comam de forma mais correta. Se a pessoa não tem tempo disponível em sua jornada diária, se não tem equipamentos disponíveis perto de casa para se exercitar, ela não vai conseguir fazer isso. O Estado precisa agir sobre esses outros aspectos para que o cidadão possa fazer as escolhas individuais a favor de sua saúde. Em condições tão desiguais, as chances de sucesso das escolhas individuais serão muito baixas”, diz Wolney Conde, professor de nutrição da USP, no mesmo jornal.

Por aqui, o que vemos hoje é não só um desleixo na promoção da saúde como também um esforço no sentido contrário. Taxar mais os produtos nocivos e subsidiar os saudáveis, por exemplo, parece uma utopia cada vez mais distante. Esta semana mesmo o presidente Jair Bolsonaro editou um decreto que torna permanente o benefício fiscal para as multinacionais de refrigerantes da Zona Franca de Manaus. Isso para não lembrar do recente ataque ao Guia Alimentar para a População Brasileira.

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