Para impedir (ou adiar…) o fim do mundo

Em lançamento da Elefante, pesquisador afirma: esse é O Decênio Decisivo! Nos resta pouco tempo para agir antes que o colapso ambiental tome proporções ainda piores – e irreversíveis. Leia, com exclusividade, um trecho. Sorteamos 2 exemplares

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Há tempos já estamos avisados de que precisamos frear a poluição e a destruição em nosso planeta ou as consequências serão catastróficas. Porém, podemos já estar no limiar entre salvar a Terra ou cavarmos a nossa própria cova.

É o que afirma Luiz Marques em seu livro O decênio decisivo: propostas para uma política de sobrevivência, publicado esse ano pela Editora Elefante. De profundo rigor científico, o escrito vai além de ser “um mero compilado de informações” e nos convoca com urgência à ação.

Outras Palavras e Editora Elefante sortearão 2 exemplares de O decênio decisivo: propostas para uma política de sobrevivência, de Luiz Marques, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 21/8, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!

Luiz Marques é livre-docente aposentado e colaborador do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em seus trabalhos, fica evidente sua defesa de uma ciência intimamente ligada à política.

O Decênio Decisivo, é uma obra que busca expor e sistematizar, de maneira simples e acessível, o estado da arte dos estudos e previsões realizadas e revisadas por cientistas ao redor do globo acerca das mudanças climáticas e dos impactos do aquecimento global no planeta Terra. Infelizmente, tais pesquisas indicam que “estamos diante de um colapso ambiental de proporções gigantescas — e que temos pouco tempo para agir antes que a situação fique ainda pior do que indicam esses graves prognósticos. Dez anos, pontua o autor, respaldado por toda a evidência disponível”, é o tempo que temos se ainda quisermos ter um planeta para chamarmos de casa.

Leia abaixo, com exclusividade, um trecho da obra.

Boa leitura!


INTRODUÇÃO

O destino das sociedades define-se neste decênio

“Estamos agora numa bifurcação. Não teremos outra década para hesitar como fizemos na década passada.” 

– Will Steffen [1]

[…]

1. A especificidade do nosso tempo

[…] Hoje, 35 anos após o Relatório Brundtland e trinta anos depois da Conferência Eco-92 no Rio de Janeiro, o estado do planeta mostra-se incomparavelmente mais crítico e brutal. Mas o que permite compreender a especificidade do nosso tempo não é apenas uma diferença de grau em relação às crises das décadas finais do século xx. O estado atual das sociedades não é somente mais grave; difere qualitativamente desse passado recente, e é preciso entender bem em que consiste essa diferença.

Até o século xx, todo presente dispunha de uma gama relativamente ampla de escolhas para criar seus futuros, dentro, naturalmente, do universo de condicionantes que lhe impunha seu próprio passado. Lembremos mais uma vez a célebre reflexão com que Marx abre sua mais brilhante análise política, O 18 de brumário de Luís Bonaparte: “Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado”. [32] Isso era incontestavelmente verdadeiro até há pouco. Hoje, não mais. Não porque a tensão entre o presente e a carga do passado histórico, entre liberdade e necessidade, tenha deixado de existir, mas porque a relação entre esses dois termos se desequilibrou. O que caracteriza o nosso tempo, após setenta anos de crescentes emissões de gases, de poluição e destruição da natureza, é a minimização dessa liberdade de escolhas de futuro em face da maximização das condicionantes passadas. E isso por uma simples razão: o sistema Terra (vale dizer, as leis da física e da biologia) restringe hoje ao máximo o leque de possibilidades futuras da história humana. As sociedades passadas sempre puderam criar, em grande medida, seus futuros porque, ao longo dos últimos dez milênios (Holoceno): (i) não haviam destruído a biosfera numa intensidade capaz de interferir desastrosamente em seus equilíbrios em escala global; (ii) puderam desfrutar da excepcional estabilidade do sistema climático durante toda essa época geológica que, não por acaso, coincide com o advento da agricultura, com a produção de excedente e, em suma, com a história de todas as civilizações. O sistema Terra era então apenas a moldura do drama histórico. Ele era, por assim dizer, uma premissa, um dado neutro, quando não benigno, e assim o percebiam as sociedades. Catástrofes naturais decerto ocorriam, e por vezes com poder decisório sobre o destino de tal ou qual sociedade. Mas eram fatos excepcionais e, justamente por isso, o termo “catástrofe” designava um evento imprevisto e resolutivo no gênero específico da tragédia, não da história.

Hoje, ao contrário, o sistema Terra em nada mais se assemelha a uma moldura. Suas respostas à interferência antrópica excessiva em seus equilíbrios tornam-no, cada vez mais, um ator incontornável da trama histórica. A tendência atual, mantida a trajetória em que estamos, é de que essas respostas ganhem em breve mais relevância do que as decisões tomadas pelas sociedades sobre seu próprio destino. E eis o mais crucial: essa tendência já é, em crescente medida, irreversível. Por irreversível entenda-se, antes de mais nada, que o sistema climático continuará a se aquecer, os desvios das médias meteorológicas do passado e os eventos meteorológicos extremos — secas, inundações, furacões etc. — continuarão a se intensificar, as geleiras continuarão a se retrair, e o nível do mar continuará a se elevar numa velocidade maior que a do século xx. [33] Na realidade, muito maior, porque estão em aceleração. Também a degradação da biosfera apresenta agora sinais de irreversibilidade. A fulminante antropização de mais de 70% dos habitats planetários [34] condena agora um sem-número de espécies à extinção a uma velocidade dezenas, centenas ou milhares de vezes maior do que a indicada pelos registros fósseis. A teia da vida de que dependemos existencialmente continuará, portanto, a se esgarçar. No que se refere à poluição, os bilhões de toneladas de plástico e demais substâncias tóxicas industriais de longa duração já despejadas na natureza continuarão a nos adoecer e a nos matar, bem como a inúmeras outras espécies, por muitos e muitos anos. Corey Bradshaw e colegas sublinham “a quase certeza de que esses problemas irão se agravar nas próximas décadas, com impactos negativos nos próximos séculos”. [35] Conclusão: um futuro pior tornou-se agora inevitável, quaisquer que sejam as nossas escolhas. É exatamente isso que define, e de modo tão contrastante com o passado, a especificidade de nosso tempo.

Tenhamos a honestidade de dizê-lo sem rodeios: nossas opções são entre um futuro pior e um futuro terminal. Um futuro pior é agora inevitável, mas ações políticas imediatas para atenuar a piora redundarão em possibilidades crescentes de reversão de tendências, de atenuação dos impactos, de adaptação e, portanto, de sobrevivência. Se conseguirmos entender isso e agir coletivamente em sintonia com esse entendimento, um futuro melhor pode se descortinar para nós e para a vida no planeta no outro lado desse gargalo. Teremos aprendido com o erro, e há uma chance ainda considerável de que isso ocorra porque somos uma espécie com uma singular capacidade de aprendizado.

Se, por outro lado, a presente trajetória não se alterar significativamente no presente decênio, se continuarmos a viver na ilha da fantasia do “crescimento sustentável”, o que teremos será o que a ciência há decênios vem predizendo com precisão: um futuro no qual os impactos serão cada vez maiores e mais sistêmicos, tornando nossas possibilidades de adaptação cada vez menores. Para nós e para tantas outras espécies, repita-se, um mundo terminal. Nossa estreitíssima margem de escolhas neste decênio resume-se a essa bifurcação, e é ela que define nosso destino. É ela que motiva e dá sentido não apenas a este livro, mas a toda ação humana ciente de sua condição contemporânea. Compenetrar-se dessa nova realidade supõe compreender a dinâmica e as devidas implicações de quatro dossiês fundamentais que se reforçam reciprocamente e serão discutidos no decorrer deste livro: (i) a aniquilação da biodiversidade; (ii) a emergência climática; (iii) os níveis pandêmicos de adoecimento (físico e mental) e de mortes prematuras pela poluição químico-industrial; e (iv) os níveis aberrantes e crescentes de desigualdade, causa maior do agravamento dos três primeiros. Oito dos onze capítulos deste livro tratarão desses dossiês.

2. O que é essencial compreender sobre o colapso socioambiental em curso

O título do relatório de 2019 do Institute for Public Policy Research (ippr), de Londres, chama corajosamente nossa época pelo seu nome: “a idade do colapso ambiental” (the age of environmental breakdown). [36] Eis o que é essencial compreender sobre o colapso socioambiental em curso: 

  1. o colapso ambiental não é um evento com data marcada para ocorrer. Trata-se do processo em que estamos. [37] Esse processo é sutilmente pontuado por sucessivos estágios de agravamento em intensidade, amplitude e frequência de suas manifestações e impactos. Mais importante que tudo: embora gradual, essa sucessão de estágios se caracteriza por sua aceleração e por evoluir de modo não linear (e tendencialmente exponencial), condicionada que é por inúmeras alças de retroalimentação. Disso decorre a certeza de que, mantida a atual trajetória, a situação das sociedades ao final deste decênio será (muito) mais crítica do que em seu início;
  1. a principal consequência dessa aceleração é que o tempo se torna, aos poucos, a principal variável na avaliação dos riscos. O tempo é, hoje, nosso maior inimigo. Como afirmado na seção anterior, a especificidade de nosso tempo reside justamente em nossa decrescente capacidade de mitigar os crescentes desequilíbrios dos sistemas físicos e biológicos. Portanto, na ausência de uma mudança de trajetória radical e imediata, ou de curtíssimo prazo, as ações humanas voltadas para a reversão desse processo precisarão ser cada vez mais radicais e serão cada vez menos efetivas, até se tornarem, caso continuem a ser retardadas, quase irrelevantes;
  1. mudar nossa trajetória de colapso requer não apenas parar de destruir a natureza agora, mas nos empenhar em reconstruir, na medida do possível, o que foi destruído desde ao menos a década de 1950. Se os últimos setenta anos foram os anos da “Grande Aceleração”, ou seja, da “Grande Destruição”, os próximos decênios terão de ser os da “Grande Restauração”. [38] É preciso apostar que isso ainda é possível. Essa aposta é, contudo, razoável se, e somente se, como indivíduos e como sociedade globalmente organizada, reagirmos com presteza e à altura do que exige agora a emergência climática e demais emergências socioambientais.

Fala-se hoje muito, mais que nunca, em emergência climática e em outras emergências. O problema é que, à força de repeti-la, a expressão perde seu significado. Uma definição formalizada desse estado generalizado de emergência(s) foi proposta por Timothy Lenton e colegas da seguinte maneira: 

Definimos emergência (E) como o produto da multiplicação do risco pela urgência. O risco (R) é definido pelas seguradoras como probabilidade (p) multiplicada pelo dano (D). A urgência (U) é definida em situações de emergência como o tempo de reação a um alerta (τ) dividido pelo tempo de intervenção restante para evitar um mau resultado (T). Assim: E = R × U = p × D × τ / T. A situação é uma emergência se o risco e a urgência forem altos. E, se o tempo de reação for maior que o tempo de intervenção ainda restante (τ / T > 1), perdemos o controle. [39]

O risco é altíssimo porque a probabilidade é crescente e o dano, ainda maior. O tempo de reação restante é exíguo, já que estamos na iminência de ultrapassar perdas de biodiversidade e desequilíbrios climáticos irreversíveis. O tempo de reação das sociedades não pode ser maior que o tempo requerido para uma intervenção robusta e à altura da gravidade da situação, e é justamente por isso que o presente decênio é decisivo. Ele o é porque nos próximos dez anos as sociedades têm ainda o potencial de determinar as condições em que os jovens de hoje e as gerações futuras poderão (ou não) viver neste planeta, nosso único habitat possível. [40]

[…] O grau de radicalidade política das mudanças que as sociedades se mostrarem aptas a realizar nos próximos anos é o fator decisivo que moldará de forma duradoura seu destino e o de inúmeras outras espécies. É preciso reconhecer o abismo intransponível entre as mutações civilizacionais exigidas ao longo deste decênio e os discursos “verdes” dos governantes, dos gestores da economia globalizada e de seus acadêmicos. Não se trata de reduzir esses discursos a retóricas hipócritas. É óbvio que são hipócritas, ao menos em sua maioria. Mas o problema não reside na maior ou menor sinceridade dos que os enunciam. O problema reside na incapacidade de se traduzir esses discursos em mudanças efetivas, e isso por três razões: (i) os Estados carecem de poder mandatório sobre a rede corporativa — aliás, não se distinguem mais dos interesses dessa rede; (ii) a dinâmica inerentemente expansiva do sistema econômico globalizado é incompatível com uma economia da sobriedade, a única capaz de transitar rapidamente para outro sistema energético e outro sistema alimentar; e finalmente (iii) a ordem jurídica internacional, baseada no axioma da soberania absoluta dos Estados nacionais, perpetua a lógica concorrencial que predomina nas relações entre esses Estados.

[…]

5. Um abismo separa o capitalismo das políticas de sobrevivência

Outras Palavras e Editora Elefante sortearão 2 exemplares de O decênio decisivo: propostas para uma política de sobrevivência, de Luiz Marques, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 21/8, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!

Se alguém ainda tem dúvidas sobre o caráter decisivo deste decênio para o destino de nossas sociedades, os dados coligidos e as análises propostas ao longo deste livro bastarão, espero, para dissipá-las. Isso posto, meu propósito maior aqui não é apenas sublinhar o fato de estarmos vivendo o momento mais crucial da história da humanidade. É também, e sobretudo, dar maior visibilidade e ressaltar a convergência entre esse ensinamento da ciência e o dos movimentos sociais, sobretudo dos jovens, dos povos originários, dos pequenos e médios agricultores da agroecologia, dos vegetarianos, dos negros e das feministas pelo clima, das periferias das grandes cidades e, em geral, dos setores mais espoliados, estigmatizados e marginalizados das sociedades. Esses não são “setores” sociais, são a grande maioria da população humana, mas são também os “invisíveis”, os que os algoritmos dos mercados e das redes desconsideram por não existirem como consumidores. São, é claro, as primeiras vítimas do mundo degradado pela mercadoria (como tratado no Capítulo 8, seção 8.2), mas justamente por olharem de fora esse mundo que os ignora é que têm algo de único a ensinar. Eis o núcleo desse ensinamento: o capitalismo globalizado (e isso inclui as sociedades que se qualificam como socialistas) é incompatível: (i) com a estabilidade do sistema climático; (ii) com a salvaguarda da biodiversidade; (iii) com um sistema produtivo e alimentar de baixo impacto ambiental; (iv) com a saúde física e mental dos organismos; (v) com a imprescindível minimização da geração de resíduos; (vi) com a diminuição da desigualdade; e (vii) com uma governança política global, pacífica e democrática. Demonstrar, de todas as formas possíveis, a incompatibilidade constitutiva entre o capitalismo e essas sete condições de possibilidade de nossa sobrevivência é o objetivo de cada página deste livro.

O que por ora importa sublinhar é que, quanto mais amplos os dados e mais consolidado se torna o consenso científico sobre a aceleração dos desequilíbrios planetários, mais o capitalismo globalizado revela a engrenagem exterminadora e a monstruosidade moral que se tornou. Pois não é tanto a excepcionalidade da guerra, mas o funcionamento “normal” — e perfeitamente consciente de seus danos — da economia globalizada que solapa as condições de existência dos seres vivos, e isso de modo fulminante e em escala ainda maior do que as guerras tecnológicas dos séculos xx e xxi. Se as sociedades pretendem conservar as condições socioambientais que permitem sua existência, é chegado o momento de se empenharem na construção de outra civilização, com todos os riscos e custos implicados nesse empenho. O fim dos subsídios e a imposição de taxas relevantes aos combustíveis fósseis, e os esforços diplomáticos para reduzir as emissões de gases e para zerar o desmatamento são iniciativas obviamente necessárias. Mas os que persistem em crer que negociações diplomáticas de gabinete e “soluções” de mercado ainda podem evitar o pior sabotam o bem comum ou, no afã de se enganarem, sua própria inteligência. 

Os governantes nunca deixaram de mostrar sua determinação de governar para a elite econômica e para a manutenção dessa economia da destruição. Em janeiro de 2021, Joe Biden declarou: “É chegado o momento de tratar com maior senso de urgência essa ameaça máxima que nos confronta, a mudança climática. […] Por isso, estou assinando hoje uma ordem executiva […] para enfrentar a ameaça existencial das mudanças climáticas. Essa é uma ameaça existencial”. [95] O valor dessas palavras se mede pelo fato de que, em janeiro de 2022, Biden já havia superado Trump na emissão de licenças de extração de petróleo em terras públicas; [96] em março de 2022, Biden abriu ao mercado as reservas estratégicas de petróleo de seu país à taxa, sem precedente histórico, de um milhão de barris por dia ao longo de seis meses, censurando, ademais, a indústria de combustíveis fósseis dos Estados Unidos por não aproveitar as nove mil licenças já aprovadas de exploração desses combustíveis. [97] Em abril de 2022, enfim, sua administração decidiu retomar os leilões de licenças para exploração de petróleo e gás em 58 mil hectares de terras públicas federais em nove estados, contrariando uma de suas mais explícitas promessas de campanha. Em um de seus comícios, por exemplo, em fevereiro de 2020, Biden exclamara: “E a propósito, chega de exploração [de petróleo e gás] em terras federais, ponto–final. Ponto-final. Ponto-final. Ponto-final!” (And by the way — no more drilling on federal lands, period. Period, period, period!). [98] A invasão da Ucrânia ofereceu-lhe uma oportunidade de ouro para tentar suplantar a Rússia no fornecimento global de combustíveis fósseis, algo evidentemente mais importante para as elites e para a indústria de combustíveis fósseis do que qualquer ameaça à nossa existência. A despeito da ferocidade de seus conflitos, Biden, Putin e os governos do G20 em geral, responsáveis por 80% das emissões globais de gene, comandam em conjunto, de resto bastante harmoniosamente, o processo em curso de colapso socioambiental. É preciso, portanto, deslegitimá-los. Isso implica, para as sociedades, para nós todos, a necessidade impreterível de se insurgir contra o sistema político e econômico vigente que não nos representa, pois não prioriza nosso direito elementar à simples existência nesse planeta. Contribuir para essa insurgência é o papel de todos os cidadãos da grande República de Gaia, a qual precisamos construir democraticamente sobre os escombros dos Estados nacionais. É preciso abrir-se ao ensinamento de Greta Thunberg, por exemplo, quando afirmava na cop24, em 2018, acerca do sistema econômico global: “Se é tão impossível achar soluções no interior deste sistema, talvez devêssemos mudar o próprio sistema”. [99] Mudá-lo em que sentido? O socialismo do século xx fracassou. Trata-se de compreender a extensão e as razões desse fracasso, aprender com elas e ir muito além dessa experiência, pois os ideais de justiça social que suscitaram o socialismo permanecem mais vivos e legítimos que nunca. Os que procuram confundir esses ideais com as atrocidades e infâmias cometidas em seu nome apenas se encastelam em pretextos para perpetuar seus próprios privilégios. Esses ideais se renovam hoje na forma de um ecossocialismo ou de uma social-ecologia, em suma, de uma ecodemocracia. Ao longo do livro, e em particular no Capítulo 11, tentarei sugerir alguns parâmetros das rupturas civilizacionais requeridas para a conquista de uma política e de uma sociedade da sobrevivência. Mas convém desde logo repisar os oito princípios basilares sobre os quais ela se assenta:

  1. redução emergencial das diversas desigualdades entre os membros da espécie humana;
  2. diminuição do consumo humano de materiais e de energia;
  3. extensão da ideia de sujeito de direito às demais espécies, à biosfera e às paisagens naturais;
  4. restauração e ampliação das reservas naturais e das reservas indígenas, a serem consideradas como santuários inacessíveis aos mercados globais;
  5. desmantelamento da economia global e transição para uma civilização descarbonizada;
  6. desglobalização do sistema alimentar e sua transição para uma alimentação baseada em nutrientes vegetais;
  7. o arcabouço jurídico internacional vigente deve superar o axioma da soberania nacional absoluta em benefício de uma soberania nacional relativa;
  8. a aceleração da transição demográfica aumenta as chances de sucesso das rupturas acima enunciadas.

Esses oito princípios constituem, a meu ver, a moldura de referência de um programa de ação política concreta que caberá às sociedades, coletivamente, formular e desenvolver. Ele não será realizado, obviamente, neste decênio crucial, mas, se até 2030 não tivermos avançado significativamente em sua direção, teremos, com toda a probabilidade, perdido o último decênio para agir de modo a evitar o pior. E o pior começa pela catástrofe de um aquecimento médio superficial global acima ou muito acima de 2°C em relação ao período pré-industrial, que pode ser atingido antes de meados do século. O que formos capazes de realizar nos próximos anos para criar uma democracia global, apta a superar os padrões e as expectativas atuais de crescente consumo energético, de aniquilação biológica e de unilateralismo nacionalista, decidirá o potencial e mesmo o destino da civilização humana. Mantida a atual trajetória, não se exclui mais que esse destino seja o mesmo que o de milhares de outras formas de vida a que o sistema econômico globalizado está, hoje, condenando.


NOTAS

[1] Cf. Will Steffen, “Hot House Earth: Our Future in Crisis” [vídeo], 2021. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=wgEYfZDK1Qk&t= 1347s: “We are sitting at this fork on the road. We’re not gonna have another decade to dither like we did the last decade”.

[2] Sobre o conceito de Grande Aceleração, cf. Will Steffen et al., Global Change and the Earth System: A Planet Under Pressure. Berlim: Springer, 2004; John McNeil & Peter Engelke, The Great Acceleration: An Environmental History of the Anthropocene since 1945. Cambridge: Harvard University Press, 2014; Ugo Bardi, Extracted: How the Quest for Mineral Wealth Is Plundering the Planet. Vermont: Chelsea Green Publisher, 2014; Will Steffen et al., “The Trajectory of the Anthropocene: The Great Acceleration”, The Anthropocene Review, v. 2, n. 1, p. 81-98, 2015; Richard Monastersky, “First Atomic Blast Proposed as Start of Anthropocene”, Nature, 16 jan. 2015: “These radionu-clides, such as long-lived plutonium-239, appeared at much the same time as many other large-scale changes wrought by humans in the years immediately following the Second World War. Fertilizer started to be mass produced, for instance, which doubled the amount of reactive nitrogen in the environment, and the amount of carbon dioxide in the atmosphere started to surge. New plastics spread around the globe, and a rise in global commerce carried inva-sive animal and plant species between continents. Furthermore, people were increasingly migrating from rural areas to urban centres, feeding the gro-wth of megacities. This time has been called the Great Acceleration” [Esses radionuclídeos, como o plutônio-239 de longa duração, apareceram ao mesmo tempo que muitas outras mudanças em grande escala causadas por humanos nos anos imediatamente após a Segunda Guerra Mundial. Fertilizantes começaram a ser produzidos maciçamente, por exemplo, o que dobrou a quantidade de nitrogênio reativo no meio ambiente, e a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera começou a crescer. Novos plásticos disseminaram-se pelo globo e o crescimento do comércio mundial transportou, de um continente a outro, espécies invasivas animais e vegetais. Além disso, as pessoas migraram crescentemente das áreas rurais para os centros urbanos, alimentando o crescimento das megacidades. Esse tempo foi chamado A Grande Aceleração].

[3] O chamado Manifesto Russell-Einstein (“Notice to the World”) foi redigido por Bertrand Russell e lançado em Londres em 9 de julho de 1955, com as assinaturas de Max Born, Percy W. Bridgman, Leopold Infeld, Frédéric Joliot-Curie, Hermann J. Muller, Linus Pauling, Cecil F. Powell, Joseph Rotblat e Hideki Yukawa: “There lies before us, if we choose, continual progress in happiness, knowledge, and wisdom. Shall we, instead, choose death, because we cannot forget our quarrels? We appeal as human beings to human beings: remember your humanity, and forget the rest. If you can do so, the way lies open to a new Paradise; if you cannot, there lies before you the risk of uni-versal death”. Reflexões fundamentais sobre esses anos foram propostas por Günther Anders e Michel Serres. Cf. Günther Anders, L’Obsolescence de l’homme: sur l’âme à l’époque de la deuxième revolution industrielle, tomo 1. Paris: Ivrea, 2002; idem, L’Obsolescence de l’homme: sur la destruction de la vie à l’époque de la troisième revolution industrielle, tomo 2. Paris: Fario, 2011; Michel Serres, Éclaircissements: Entretiens avec Bruno Latour. Paris: F. Bourin, 1992.

[4] Cf. Tony Judt, “The Crisis: Kennedy, Kruschev, and Cuba” (1998). In: Tony Judt, Reappraisals. Nova York: Penguin, 2008, p. 314-40.

[5] Até 1998, seriam ao todo 2.053 explosões nucleares, sendo 1.032 dos Estados Unidos, 715 da ex-União Soviética, 210 da França, 45 do Reino Unido, 45 da China, quatro da Índia e duas do Paquistão. Cf. Isao Hashimoto, “A Time–Lapse Map of Every Nuclear Explosion since 1945” [vídeo], 2010. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=LLCF7vPanrY

[6] Cf. Colin N. Waters, A Stratigraphical Basis for the Anthropocene? Londres: Geological Society, 2014; Richard Monastersky, “First Atomic Blast Proposed as Start of Anthropocene”, Nature, 16 jan. 2015.

[7] Cf. Michelle L. Bell, Devra L. Davis & Tony Fletcher, “A Retrospective Assessment of Mortality from the London Smog Episode of 1952: The Role of Influenza and Pollution”, Environmental Health Perspectives, v. 112, n. 1, 2004.

[8] Livros como O homem unidimensional: estudos da ideologia da sociedade industrial avançada (1964), de Herbert Marcuse, e A sociedade do espetáculo (1967), de Guy Debord, exprimem admiravelmente essa crítica da produção do sujeito pela mercadoria. Sobre Debord, sua radicalidade política e os pontos de contato com o pensamento de Marcuse (incluindo seus limites ecológicos), cf. Gabriel Zacarias, Crítica do espetáculo: o pensamento radical de Guy Debord. São Paulo: Elefante, 2022, p. 182-200.

[9] Cf. Vincent Bevins, “The ‘Liberal World Order’ Was Built with Blood”, The New York Times, 29 maio 2020; idem, The Jakarta Method: Washington’s Anticommunist Crusade and the Mass Murder Program that Shaped Our World. Nova York: Public Affairs, 2020 [ed. bras.: O método Jacarta: a cruzada anti-comunista e o programa de assassinatos em massa que moldou nosso mundo. São Paulo: Autonomia Literária, 2022].

[10] Ver as diversas estimativas de mortes e pessoas feridas na Rússia durante a guerra em “World War II Casualties of the Soviet Union”, Wikipedia, [s.d.].

[11] Cf. Bill Keller, “Major Soviet Paper Says 20 Million Died as Victims of Stalin”, The New York Times, 4 fev. 1989.

[12] Por exemplo, na Alemanha Oriental sob dominação soviética, fez-se uso de lei marcial para reprimir o levante dos trabalhadores em 1953.

[13] Cf. Amnesty International, “Russia: Closure of International Memorial Is an Insult to Victims of the Russian Gulag”, 28 dez. 2021; “Russian Court Increases Jail Sentence for Gulag Historian”, The Guardian, 27 dez. 2021.

[14] Cf. World Bank, “Population growth (anual %)”, [s.d.]. Disponível em: https://data.worldbank.org/indicator/SP.POP.GROW.15Ver o documentário How to Change the World, dir. Jerry Rothwell, 2015.

[16] Cf. Barbara Ward & René Dubos, Only One Earth: The Care and Maintenance of a Small Planet. Nova York: W. W. Norton, 1972, p. 47: “The two worlds of man — the biosphere of his inheritance, the technosphere of his creation — are out of balance, indeed, potentially in deep conflict. And man is in the middle. This is the hinge of history at which we stand, the door of the future opening on to a crisis more sudden, more global, more inescapable and more bewildering than any ever encountered by the human species and one which will take decisive shape within the life span of children who are already born”. O livro trazia contribuições de 152 especialistas de 58 países.

[17] Cf. “Blueprint for Survival”, proposto por Edward (Teddy) Goldsmith e Robert Allen, assinado por mais de trinta cientistas eminentes, entre os quais Julian Huxley, Frank Fraser Darling, Peter Medawar e Peter Scott.

[18] Cf. Donella Meadows et al., Limits to Growth: A Report for the Club of Rome’s Project on the Predicament of Mankind. Washington: A Potomoc Associates Book, 1972 [ed. bras.: Limites do crescimento: um relatório para o projeto do Clube de Roma sobre o dilema da humanidade. Trad. Inês M. F. Litto. São Paulo: Perspectiva, 1973].

[19] Cf. Dorothy Neufeld, “Visualizing the History of U.S. Inflation Over 100 Years”, Advisor, 10 jun. 2021.

[20] Cf. Matthew Canfield, Molly D. Anderson & Philip McMichael, “un Food Systems Summit 2021: Dismantling Democracy and Resetting Corporate Control of Food”, Frontiers in Sustainable Food Systems, 13 abr. 2021.

[21] Cf. Emma Margolin, “Make America Great Again: Who Said It First?”, nbcNews, 9 set. 2016.

[22] Ver, por exemplo, “Noam Choamsky: I Would Vote for Jeremy Corbyn (extendend interview)” [vídeo], 2017. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=edicDsSwYpk.23Cf. Joe Concha, “Biden’s ‘Fall of Saigon’ in Afghanistan Presents Worst Moment Yet of Presidency”, The Hill, 15 ago. 2021.

[24] Cf. Kimberly Amadeo, “Opec Oil Embargo, Its Causes, and the Effects of the Crisis: The Truth About the 1973 Arab Oil Crisis”, The Balance, 30 ago. 2020.

[25] Cf. M. King Hubbert, “Nuclear Energy and Fossil Fuels”, apresentado no encontro do American Petroleum Institute (api) de março de 1956 em San Antonio, Texas, e publicado nesse mesmo ano em Drilling and Production Practice, igualmente do American Petroleum Institute, 7-9 mar. 1956, p. 8. Disponível em: https://tinyurl.com/3z33akv8: “No finite resource can sustain for longer than a brief period such a rate of growth of production; therefore, although production rates tend initially to increase exponentially, physical limits prevent their continuing to do so”.

[26] Cf. Jean Fourastié, Les Trente Glorieusesou la révolution invisible de 1946 à 1975.Paris: Fayard, 1979. O título alude às “Trois Glorieuses”, as três jornadas glo-riosas de julho de 1830 que levaram à derrocada de Carlos x e à instituição de uma monarquia constitucional na França.

[27] Cf. Joseph Schumpeter, Capitalism, Socialism, and Democracy. Nova York: Routledge, 2003, p. 84 [ed. bras.: Capitalismo, socialismo e democracia. São Paulo: Lebooks, 2020]: “It must be seen in its role in the perennial gale of creative destruction”.

[28] Cf. Arnold J. Toynbee, Mankind and Mother Earth. Oxford: Oxford University Press, 1976, p. 593-6: “The present-day global set of local sovereign states is not capable of keeping the peace, and it is also not capable of saving the biosphere from man-made pollution or of conserving the biosphere’s non-replaceable natural resources. […] Will mankind murder Mother Earth or will he redeem her? […] This is the enigmatic question which now confronts Man”.

[29] Cf. Colin Hutchinson, Reaganism, Thatcherismand the Social Novel. Londres: Palgrave Macmillan, 2008.

[30] A wced foi criada em 1983 pela onu, por iniciativa de seu secretário-geral, Javier Pérez de Cuéllar, que convidou Gro Harlem Brundtland para presidir essa comissão. Vinculada ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), logo passaria a ser conhecida como Comitê Brundtland. Seu objetivo era estabelecer um relatório sobre o meio ambiente, formulando, ao mesmo tempo, estratégias de governança global até 2000 (e além), capazes de compatibilizar o desenvolvimento econômico e a conservação ecológica.

[31] Cf. Gro Harlem Brundtland, “Report of the World Commission on Environment and Development: Our Common Future”, Chairman’s Foreword, 20 mar. 1987: “There was a time of optimism and progress in the 1960s, when there was greater hope for a braver new world, and for progressive international ideas. Colonies blessed with natural resources were becoming nations. The locals of co-operation and sharing seemed to be seriously pursued. Paradoxically, the 1970s slid slowly into moods of reaction and isolation while at the same time a series of un conferences offered hope for greater cooperation on major issues. The 1972 un Conference on the Human Environment brought the industrialized and developing nations together to delineate the “rights” of the human family to a healthy and productive environment. A string of such meetings followed: on the rights of people to adequate food, to sound housing, to safe water, to access to means of choosing the size of their families. The present decade has been marked by a retreat from social concerns. Scientists bring to our attention urgent but complex problems bearing on our very survival: a warming globe, threats to the Earth’s ozone layer, deserts consuming agricultural land”.

[32] Cf. Karl Marx, O 18 de brumário de Luís Bonaparte. Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/marx/1852/brumario/cap01.htm.

[33] Cf. Qin Dahe, “Human Influence on Climate Clear, ipcc Report Says”, unand Climate Change, 27 set. 2014: “As the ocean warms, and glaciers and ice sheets reduce, global mean sea level will continue to rise, but at a faster rate than we have experienced over the past 40 years” [À medida que os oceanos se aquecem e as geleiras e os mantos de gelo se reduzem, o nível médio global do mar continuará a se elevar, mas a uma taxa mais rápida do que a observada nos últimos quarenta anos].

[34] Cf. Corey J. A. Bradshaw et al., “Underestimating the Challenges of Avoiding a Ghastly Future”, Frontiers of Conservation Science, 13 jan. 2021: “> 70% of the Earth’s land surface has been altered by Homo sapiens”.

[35] Ibidem: “We also outline likely future trends in biodiversity decline, climate disruption, and human consumption and population growth to demonstrate the near certainty that these problems will worsen over the coming decades, with negative impacts for centuries to come”.

[36] Cf. Laurie Laybourn-Langton, Lesley Rankin & Darren Baxter, “This Is Crisis: Facing Up to the Age of Environmental Breakdown”, ippr, 12 fev. 2019.

[37] Cf. Luiz Marques, “O colapso socioambiental não é um evento, é o processo em curso”, Revista Rosa, v. 1, n. 1, 2020.

[38] Cf. Graham Lawton, “A Rescue Plan for the Future”, New Scientist, v. 249, n. 3.322, p. 34-41, 20 nov. 2021.

[39] Cf. Timothy Lenton et al., “Climate Tipping Points: Too Risky to Bet against”, Nature, v. 575, 28 nov. 2019: “We define emergency (E) as the pro-duct of risk and urgency. Risk (R) is defined by insurers as probability (p) multiplied by damage (D). Urgency (U) is defined in emergency situations as reaction time to an alert (τ) divided by the intervention time left to avoid a bad outcome (T). Thus: E = R × U = p × D × τ / T. The situation is an emergency if both risk and urgency are high. If reaction time is longer than the intervention time left (τ / T > 1), we have lost control”.

[40] Sobre a ideia de um planeta inabitável, pode-se ler com proveito textos também de jornalistas cientificamente informados como Mark Lynas, Our Final Warning: Six Degrees of Climate Emergency. Londres: 4th State, 2020; e David Wallace-Wells, The Uninhabitable Earth: Life After Warming. Nova York: Tim Duggan Books, 2019 [ed. bras.: A terra inabitável: uma história do futuro, trad. Cássio de Arantes Leite. São Paulo: Companhia das Letras, 2019]. Sobre o livro de Wallace-Wells, ver o interessante debate entre o autor e Michael Mann em “The Doomed Earth Controversy”[vídeo], 2017. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VfZbYcLxQBI.

[…]

[95] Cf. Joe Biden apud Felicia Sonmez, Colby Itkowitz & John Wagner, “Biden Focuses on Climate Change, Environmental Justice”, The Washington Post, 27 jan. 2021.

[96] Cf. Anna Philips, “Biden Outpaces Trump in Issuing Drilling Permits on Public Lands”, The Washington Post, 27 jan. 2022.

[97] Cf. Thomas Frank, “U.S. to Release 1 Million Barrels of Oil per Day from Reserves to Help Cut Gas Prices”, cnbc, 31 mar. 2022.

[98] Cf. Coral Davenport, “Biden Plans to Open More Public Land to Drilling”, The New York Times, 15 abr. 2022; Katanga Johnson, “U.S. to Resume Oil, Gas Drilling on Public Land Despite Biden Campaign Pledge”, Reuters, 15 abr. 2022.

[99] “If solutions within this system are so impossible to find then maybe we should change the system itself.” De resto, se alguém ainda acredita que, mantido o sistema econômico atual, as metas do Acordo de Paris têm ainda alguma chance de sucesso, deve se lembrar de que a cop24, em Katowice, foi realizada com patrocínio da jsw, da pge e da Tauron Polska Energy, corporações que controlam a produção de carvão na Polônia, entre muitas outras corporações, seguradoras e bancos umbilicalmente vinculados à indústria de combustíveis fósseis. Cf. Corporate Europe Observatory, “Corporate Sponsors of cop24. The Corporations Bankrolling un Climate Conference in Katowice, Poland”, [s.d.]. Disponível em: https://corporateeurope.org/sites/default/files/fact_files_with_logos.pdf.


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