Agroecologia, sua ciência e sua política
Obra da Unesp debate o novo modelo agrícola e sua complexidade, além de propor um desenvolvimento pautado na produção camponesa de alimentos, na policultura e no respeito à diversidade de ecossistemas e da vida. Sorteamos 2 exemplares
Publicado 17/08/2023 às 20:10 - Atualizado 17/08/2023 às 22:25
O atual sistema global de alimentos, empreendido por um punhado de corporações, baseia-se em práticas de agricultura industrial que provocam emissões de gases de efeito estufa, produzem alimentos prejudiciais à saúde e ainda são responsáveis pelo número alarmante de intoxicação de trabalhadores e moradores do campo em geral por conta do uso de agrotóxicos.
Dados da OMS demonstram que a conta de intoxicações apenas cresce, são cerca de vinte mil mortes por ano devido ao consumo de agrotóxicos. O Conselho Nacional de Saúde (CNS) também já se pronunciou inúmeras vezes quanto a essa realidade, exigindo medidas mais enérgicas para redução dos agrotóxicos nos alimentos, como a revogação do PL 6299/2002, conhecido como PL do veneno, e retomada da atuação do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).
O quadro é sério e não podemos esperar das grandes empresas agrícolas a vontade de resolvê-lo ─ ou minimamente atenuá-lo. Afinal, os quilômetros de cultivo do agronegócio não têm nem nunca tiveram a intenção de acabar com a fome, mesmo tendo a capacidade de fazê-lo. Em geral, conquistas por melhorias sociais só foram alavancadas com mobilizações populares. É nesse sentido a luta de milhares de famílias que compõem o MST e outros movimentos camponeses que lutam pela reforma agrária e defendem outros modelos de agricultura. Nessa mesma lógica, a agroecologia semeia inúmeras alternativas de lidar com a terra e se contrapor contra o sistema de morte plantado pelo agronegócio.
É para compreendermos de maneira ampla e aprofundada, mas com uma linguagem clara e objetiva, que os pesquisadores Peter M. Rosset e Miguel A. Altieri se dedicaram na elaboração da obra Agroecologia: ciência e política. Lançado no Brasil, no ano passado, através da mobilização de várias organizações, entre elas, a Editora Unesp, o livro integra a série Estudos Camponeses e Mudança Agrária.
Outras Palavras e Editora Unesp sortearão 2 exemplares de Agroecologia: ciência e política, de Peter M. Rosset e Miguel A. Altieri, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 28/8, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!
A pesquisa foi lançada pela primeira vez em 2015. Nela, os autores defendem a agroecologia como um paradigma oposto à produção agrícola resultante da “revolução verde”. Além disso, são expostos dados baseados na vivência dos dois junto a movimentos sociais e agricultores, nas Américas, Ásia, Europa e África. Ressaltando o caráter político dessa ciência.
“As verdadeiras raízes da agroecologia estão na lógica ecológica da agricultura indígena e camponesa que ainda prevalecente em muitas partes do mundo em desenvolvimento”
Conservação ambiental e agrobiodiversidade do planeta são dois elementos de grande valor para a agroecologia, por isso esse é um sistema em que a vida pode florescer em sua variedade. É por conta disso a defesa incansável dos praticantes e pesquisadores, afinal, ela nos oferece antídotos para o veneno.
No entanto, tecnologias da agroecologia vêm sendo apropriadas, deturpadas e vendidas com rótulos de “agricultura inteligente para o clima” ou “intensificação sustentável”, na tentativa de tornar o modelo do agronegócio “um pouco mais sustentável”. É esse tipo de apropriação que a obra também visa combater.
A agroecologia pode ser usada para o contrário, para cultivar a vida, proteger o planeta e seus recursos, além de acabar com a fome.
“A agroecologia é política; ela requer que desafiemos as estruturas de poder na sociedade. Precisamos dar o controle de sementes, biodiversidade, terras e territórios, águas, conhecimentos, cultura e bens comuns aos povos que alimentam o mundo”
O livro aborda desde a história da agroecologia e suas bases científicas até sua política e a disputa em que esta ciência se encontra. Tornando-se um grande insumo tanto para quem quer conhecer o tema, quanto para os que já o dominam, por conta do caráter aprofundado da pesquisa.
Sobre os autores
Peter M. Rosset é professor de Agroecologia em El Colegio de la Frontera Sur (Ecosor), no México. É também professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Territorial na América Latina e Caribe (TerritoriAL) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), ambos no Brasil, e pesquisador visitante do Instituto de Pesquisa Social (Cusri) da Universidade de Chulalongkorn na Tailândia.
Miguel A. Altieri é professor emérito de Agroecologia do Departamento de Ciência Ambiental, Política e Administração, da Universidade de Califórnia, em Berkeley, co-diretor do Centro Latinoamericano de Investigaciones Agroecologicas (Celia) e agricultor da lavoura agroecológica Ines em Alma Mia, Antioquia, Colômbia. Ele foi presidente fundador da Sociedade Científica Latino-americana de Agroecologia (Socla).
Em parceria com a Editora Unesp, o Outras Palavras irá sortear 2 exemplares de Agroecologia: ciência e política, de Peter M. Rosset e Miguel A. Altieri, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 28/8, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!
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