Maria Rita Kehl disseca a era das depressões

Em curso da Cult, psicanalista apresentará sua investigação sobre a relação da depressão com a ausência de experiência, sintoma do tempo hiperacelerado da modernidade. Quem apoia nosso jornalismo garante desconto e concorre a 1 vaga

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De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), há mais de 300 milhões de pessoas que sofrem com depressão no mundo, desse número, 11 milhões são no Brasil. Na América Latina, o Brasil é o país com maior prevalência de depressão.

Dentre esses números, é preocupante o aumento da questão entre jovens, principalmente devido ao fato de que entre esse grupo o risco de suicídio é maior. Entre adolescentes e crianças, o número de internações por lesões autoprovocadas cresceu 34%, já a taxa de suicídio saltou para 116%.

Um relatório do IBGE publicado em 2019 apontou que havia uma maior prevalência da doença entre as pessoas que se identificaram do sexo feminino, com 14,7%, contra 5,1% do sexo masculino. Além disso, a faixa etária com maior proporção foi a de 60 a 64 anos de idade (13,2%).

Essa foi a última pesquisa publicada pelo IBGE que citava a problemática, em 2019, meses antes do início da pandemia de Covid-19 que ceifou milhares de vidas no Brasil e no mundo. Infelizmente, o quadro é muito pior após 4 anos e uma pandemia mundial – ainda mais se levarmos em consideração a irresponsabilidade propositada na gestão da pandemia do governo de Jair Bolsonaro. 

A OMS alertou que em 2020 o percentual de pessoas que diziam ter sido diagnosticadas com depressão pulou de 9,6% antes da pandemia para 13,5% em 2022. A organização ainda relacionou a tendência ruim da América Latina à piora da pobreza e da desigualdade – que, em 2020, se agravou com a pandemia.

Múltiplos são os fatores que levam alguém à depressão, dos coletivos aos individuais. Há de se considerar ainda que dentre os diversos problemas sociais, viver em uma sociedade acelerada e altamente produtivista tem sido motivo de muita angústia e aflição. Vale ressaltar que no relatório do IBGE citado acima, revelou-se que o índice de depressão é maior nos centros urbanos do que nas áreas rurais. É de se imaginar, tendo em vista a “correria das cidades”. A sensação de que “não estou dando conta” ou até a perda de sentido no turbilhão de atividades que nos atribuímos tem acometido milhares de pessoas ao redor do globo.

É pensando em tratar dessa questão que Maria Rita Kehl ministrará o curso online Depressões. No dia 09 de setembro, das 09h30 às 12h00, pelo Espaço Cult. Espaço de cursos livres da Revista Cult.

Outras Palavras e Revista Cult sortearão 1 vaga no curso online Depressões, com Maria Rita Kehl, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 4/9, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!

Baseando-se em relatos que ouviu durante sua prática clínica e na ampla obra do filósofo Walter Benjamin acerca da experiência, a psicanalista busca relacionar a ausência de experiência por conta de um ritmo de vida acelerado, com sentimento de que “a vida não tem valor”.


“Questões trazidas por alguns pacientes me fizeram pensar que o sentimento de vazio que assalta o deprimido talvez tivesse a ver com a ausência da experiência – de si, da vida – motivada por uma vivência do tempo como extremamente veloz. A pressa, a necessidade (nem sempre por razões de trabalho) de construir um cotidiano acelerado, produziam no deprimido o sentimento de que a vida não tem valor. Ela seria apenas efeito de uma sucessão de tarefas por cumprir.”


Sobre Maria Rita Kehl

Maria Rita Kehl é doutora em psicanálise pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e atua, desde 1981, como psicanalista em São Paulo. Além disso, é ensaísta e crítica literária. Entre 2006 e 2011, atendeu na Escola Nacional Florestan Fernandes do MST, em Guararema (SP). Integrou a Comissão Nacional da Verdade (2012-2014). Foi jornalista de 1974 a 1981 e segue publicando artigos em diversos jornais e revistas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Em 2010, ganhou o prêmio Jabuti de Livro do Ano de Não Ficção, com a obra O tempo e o cão: a atualidade das depressões. Também publicou Videologias: ensaios sobre televisão (em coautoria com Eugênio Bucci), 18 crônicas e mais algumas, Deslocamentos do feminino: a mulher freudiana na passagem para a modernidade, Bovarismo brasileiro e Ressentimento. Além de obras infantis como Neném outra vez!, em parceria com Laerte Coutinho e O disco-pizza.

Depressões

Ministrado por: Maria Rita Kehl

Vagas: 19

Carga Horária: 2h30

Dias do curso: 09/09/2023 – 09h30 às 12h


EMENTA DO CURSO

Escrevi “O tempo e o cão” (prêmio Jabuti na categoria de não ficção, em 2010) porque queria resgatar a questão das depressões para o campo do pensamento psicanalítico. Até então, a angústia era considerada uma categoria da psicanálise desde Freud, mas as depressões foram relegadas para o campo da psiquiatria. A depressão era considerada uma “doença mental” a ser tratada pela medicina.

Questões trazidas por alguns pacientes me fizeram pensar que o sentimento de vazio que assalta o deprimido talvez tivesse a ver com a ausência da experiência – de si, da vida – motivada por uma vivência do tempo como extremamente veloz. A pressa, a necessidade (nem sempre por razões de trabalho) de construir um cotidiano acelerado, produziam no deprimido o sentimento de que a vida não tem valor. Ela seria apenas efeito de uma sucessão de tarefas por cumprir. 

Inspirada pela experiência de ter atropelado um cão (o cão é o símbolo da melancolia nas representações medievais) numa estrada de alta velocidade, e pela escuta dos analisandos deprimidos, tentei propor uma abordagem psicanalítica para o sofrimento dos depressivos.

Se não posso garantir que tenha cumprido plenamente a tarefa a que me propus, posso afirmar que pelo menos consegui inserir uma proposta psicanalítica sobre a depressão (com ajuda de reflexões de Walter Benjamin acerca do valor da experiência) que a resgatasse do campo da psiquiatria para o da psicanálise.

ASPECTOS TÉCNICOS

As aulas serão transmitidas pelo Google Meet. As instruções para o acesso serão enviadas por e-mail dois dias antes do início do curso. Se você se inscrever nos últimos momentos, receberá estas instruções no dia da primeira aula.

As aulas serão transmitidas ao vivo, mas também serão gravadas e podem ser assistidas posteriormente. Os links dos vídeos ficam ativos por 30 dias corridos a partir do fim do curso. Será oferecido certificado apenas para quem tiver 75% de presença nas aulas ao vivo.

Para mais informações: [email protected]


Em parceria com a Revista Cult, Outras Palavras irá sortear 1 vaga no curso online Depressões, com Maria Rita Kehl, entre quem apoia nosso jornalismo de profundidade e de perspectiva pós-capitalista. O sorteio estará aberto para inscrições até a segunda-feira do dia 4/9, às 14h. Os membros da rede Outros Quinhentos receberão o formulário de participação via e-mail no boletim enviado para quem contribui. Cadastre-se em nosso Apoia.se para ter acesso!

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