Estados Unidos: até onde irá a paranóia?
Publicado 24/07/2012 às 11:58

O Crepúsculo da última superpotência (daqui)
Livro recém-lançado descreve como tentáculos do complexo de segurança espalham-se pela sociedade norte-americana
Por Hugo Albuquerque
Há décadas, a influência política e econômica que o chamado “complexo industrial-militar” exerce sobre as instituições norte-americanas é algo conhecido e debatido. Porém, um livro recém-lançado nos EUA explora uma nova dimensão desta presença. Em Drift: The Unmooring of American Military Power (algo como “À Deriva: A Desancoragem do Poder Militar Americano’”), a jornalista Rachel Maddow conta como um novo aparato de segurança está espalhando seus tentáculos por todo o país (e pelo mundo), e debate a insanidade que envolve o processo. É possível ler um excerto da obra aqui.
Se há algo realmente onipresente nos Estados Unidos de hoje, são as sombras das torres gêmeas derrubadas – ou a imagem das torres em chamas, como relata a autora, ao descrever a (singela) peça de decoração nova da sede do corpo de bombeiros da cidadezinha onde vive, no condado de Hampshire, no Massachusetts. São alguns dos gatilhos simbólicos, que disparam a paranóia e a histeria coletivas na America contemporânea.
Um exemplo dessa insanidade coletiva é a cerca de dois metros e meio de altura — com direito a portão motorizado eletrônico e sensores — instalada para proteger a bomba d’água que abastece… sete casas da mesma cidadezinha. Pelo menos, os habitantes mantiveram a ironia: desde que surgiu, a modesta edificação passou a ser conhecida como a pequena Guatánamo.
O que se vê em Hampshire, no entanto, não é diferente do que se passa, em larga escala (com Rachel narra) no Afeganistão ou no Iraque — ou no que sobrou deles depois das invasões norte-americanas. É um processo curioso, mas não deixa de ser um corte na história do país: Agora, a produção tecnológica bélica e espacial passa a ser cada vez mais reincorporada pela indústria de bens de consumo, na forma de dispositivos de segurança. Parte da economia passa a viver de uma parasitária indústria do medo.
As perguntas-chave, lançadas pelo livro, são: se ninguém sabe se o nosso complexo industrial de segurança está nos fazendo mais seguros, por que devemos construi-lo? Por que estamos construindo-o em alta velocidade? Bem, ela faz todo sentido e nenhum sentido. O processo em questão não é racional, nem poderia ser. É uma questão psicológica. Constrói-se essa rede de segurança pelo medo, mas o medo sempre é virtual.
No entanto, não falta quem lucre com isso. Terroristas imaginários, a eternização da figura das torres em chamas ou a criação de mais fobias coletivas em pequena escala vêm bem a calhar. Talvez seja menos uma questão de saber e mais de desejar – e as perguntas poderiam ser reformuladas em uma única: por que os norte-americanos desejam continuar nessa rota? Certamente porque alguém tem sido muito competente em fazê-los seguir esse rumo sinistro, fazendo-os temer miragens rotas, mas bastante efetivas.
Rachel Maddow lembra o quanto os Estados Unidos foram afastados da sua herança constitucionalista, que pregava a primazia do poder civil e o controle rígido das forças militares para que elas não assumissem o controle. É sobre isso que ela faz referência no título do livro, é como se aquilo que contivesse o poder militar tivesse sido retirado e agora ele vagueia de forma incerta (e perigosa). Talvez fosse o caso de uma correção de curso, uma volta ao passado constitucional, mas será que as coisas são tão simples assim?
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Não é paranóia. E não é uma politica de govêrno, mas sim de govêrnos paralelos, q governam efetivamente.
Não é medo. É a manipulação do medo, por estas fôrças.
No centro o combinado em acôrdo qse secreto: gerar confltos, guerras, espalhar a violência p vender armas. O inimigo? Pode ser os vermelhos, depois extra-terrestres, depois supostos terroristas…
Se antes do 11 de setembro, o pessoal da CIA dormiu jto c aqueles q atacaram as tôrres… Lembra do parlamento alemão?
Abrs.