Yasser Arafat envenenado?

.

Investigação independente da TV árabe Al Jazeera desenterra mistério da morte do líder palestino.

(atualizado com informações recentes sobre as movimentações da família de Arafat)

Por Hugo Albuquerque

Há quase oito anos, o líder palestino Yasser Arafat morria de causas desconhecidas – e suspeitas – em um hospital militar francês, para onde foi levado quando já estava gravemente enfermo. A situação médica de Arafat deteriorou-se rapidamente, sendo que dos primeiros sintomas da sua enfermidade até sua morte não transcorreu sequer um mês.

O sigilo que pairou desde o primeiro momento sobre a doença, o diagnóstico vago divulgado à época pela equipe médica francesa e as circunstâncias políticas extremas resultaram, como não poderia ser diferente, em uma série de teorias sobre a causa e a natureza da morte do líder palestino. Estão arroladas hipóteses que vão desde AIDS até leucemia, passando por envenenamento – de diversas maneiras possíveis, como sustentam nomes próximos a Arafat, inclusive, como voltou a afirmar há pouco, o pacifista israelense Uri Avnery.

O fato é que a agora a prestigiosa rede de televisão Al Jazeera, entrou na conversa e, por conta própria, submeteu pertences de Arafat a exames no Institute for Radiation Physics de Lausanne. A conclusão é que eles carregam resíduos anormais da substância conhecida como Polônio, que já teria sido usada por serviços de inteligência para eliminar figuras indesejáveis.

A notícia caiu como uma bomba na opinião pública árabe e, inclusive, resultou na convocação de uma reunião da Liga Árabe, em caráter de urgência, pela diplomacia tunisiana – que reivindica a criação de uma comissão de investigação para o caso, nos moldes das comissões da ONU. Nem é preciso dizer o quanto isso produziu desconfortos para Israel, agravando os dissabores das crises interna e externa pela qual passa o país – sobretudo no que toca à sua política de expansão militar. Num sinal do incômodo, a mídia israelense já está procurando afastar o país do escândalo.

A viúva de Arafat, agora cidadã francesa, não reivindicou a realização da autópsia à época da morte do marido, mas mudou de posição com as revelações da Al Jazeera. Sua nova atitude torna possível a exumação do corpo — o que está próximo de acontecer, segundo sinais emitidos pela Autoridade Palestina. Não só, Suha Arafat está disposta a apresentar uma denúncia à justiça penal francesa a respeito do possível envenenamento do marido.

A falta de empenho da família e das autoridades palestinas em esclarecer a morte de Arafat à época dos fatos, aliás, sempre foi parte do mistério que envolve o evento. Seja como for, a pressão internacional e a nova conjuntura do mundo árabe, pós-primaveras, muda completamente o quadro.

Em um cenário internacional muito mais instável, Israel terá de suportar novas pressões internacionais. A questão é saber o quanto Tel Aviv pode suportar de pressão, interna e externa, na medida que se torna cada vez mais uma ilha no Oriente Médio; e que qualquer Estado, por mais poderoso que seja, vive da legitimidade dos seus súditos.

 

Leia Também:

Um comentario para "Yasser Arafat envenenado?"

  1. O esclarecimento é indispensável para a opinião pública mundial, mediante investigação eficiente e séria que deve ser realizada sem comprometimento da verdade sobre os direitos humanos que têm sido menosprezados como uma das formas da dominação política feita em diversas circunstâncias, especialmente quando a vitima tem a coragem de fazer a defesa da sociedade explorada e perseguida pelos governantes poderosos do mundo atual.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *