A criança pede carne ao Papai Noel, diz o jornal. E provou do leite da bondade humana. Que mau exemplo deste gastãozinho! E se, em um país onde o teto de gastos não pode ser destelhado, toda criança fantasiosa botar a boca no mundo por filé?
Em quatro sonetos em prosa, o piar da utopia, em tempos de gripe, boa influenza, homicídio, hospício… Em todo caso, adverte o poeta, nascemos com língua e o que é a constipação perto do desarranjo oral e da salva de espirros?
Em sete peças curtas, o balé da vida: das cantigas de roda ao amar, curtir e compartilhar em ilhas. O cenário: mundo que se despedaça e re-encanta, o sangue lusco-fusco e a promessa de novo dia raiar, onde “é impossível evitar o leve tremor”
“Tão soberbas manhãs que chega a propiciar efusão íntima abrir o diário, apesar das mazelas universais, não topasse o calhau perdido de um político perdido de uma província perdida de um país perdido que quis ser enterrado de pé”
Os miolos moles de um fascista, em vãs conversas. As feridas diárias, por vezes sem direito a pontos. O livro como força criativa da humanidade — resistirá, após séculos, junto às baratas? Seis peças curtas sobre a vida frente ao horror de cada dia
Seu divagar vagaroso traz destroços de naufrágios — os próprios e os do país. No método de criação, o hábito caipira de cismar, com cafés e manhãs. Em lucubrações, a busca pela palavra justa e o trabalho de cão, mesmo em tempos difíceis para a Literatura
Em seis excertos literários, as tensões de um Brasil que comemorará o Centenário do Modernismo: ogros amarelo-olavo; bolsões de cruzes na quadra ao lado; ideias em óbito ou em estado terminal e pirraça de tudo que é ordem e desordem