“Parecia petista”: na Paulista, dois casos de violência fascista
Publicado 17/03/2016 às 11:42
Fã de Bolsonaro decretou, antes de comandar agressão no Metrô: “Se não gritar fora Lula é petista”; no Masp, dois jovens foram agredidos por “parecerem petistas”
Por Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)
O vídeo acima mostra um casal de amigos sendo ameaçado e agredido por uma turba. A acusação: “Parecem petistas”. A prova: ele estava com uma bicicleta vermelha. Não foi o único caso, ontem, durante a manifestação na Avenida Paulista pela derrubada de Dilma Rousseff e contra a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro. No Metrô, um estudante teve de sair correndo porque não gritou “fora Lula”. “Se não gritar fora Lula é petista”, decretaram.
O vídeo fala por si só. Vejamos o relato de Klismann Matos, estudante de Geografia na USP:
Respondi que não era petista, mas não ia participar do que estava acontecendo. Foi aí que ele bateu com o cabo da bandeira na minha orelha. Tomei um susto, quando vi parecia um movimento de cardume de peixes, todos vinham na minha direção levantando bandeira, vuvuzelas e cartazes. Comecei a correr para sair da estação, saí de lá aos gritos de petista, vagabundo, militonto. A última coisa que me lembro foi de ver a cara de um menino que jogou um saco de pipoca na minha direção. O fã do Bolsonaro correu pra me intimidar e desci a Augusta correndo”.
CAMISETA FLORIDA
Em Porto Velho, um caso similar. O ator e poeta Elizeu Braga caminhava hoje pela rua com uma camisa estampada florida, feita de tecido chita. De repente ouviu um grito vindo de um carro, com uma mulher dirigindo e o homem no banco do passageiro:
– Com uma camisa escrota dessa só pode ser petralha comunista. Bando de filho da puta! Vai visitar teu papai analfabeto na prisão, babaca.
Braga pensou que fosse um conhecido brincando. Percebeu que não. Pegou outro caminho para casa, sem fazer o que se propusera: caminhar até uma castanheira na rua de cima para refletir e pedir paz. Ainda tenta entender o que aconteceu: “O cara ficou incomodado com as flores na minha camisa”.
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Reflexões sobre fascismo (I) – Umberto Eco
Reflexões sobre fascismo (II) – Thomas Mann
Reflexões sobre fascismo (III) – Camus, Graciliano, Adorno, Fellini…
Reflexões sobre fascismo (IV) – Sartre, Brecht, Sabato, Monsalve
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Ontem também fui agredido na Paulista.
Um maluco passou gritando “bora Brasillllll” do meu lado, quando eu não gritei junto ele puxou minha mochila vermelha, eu reagi e me defendi, ele ficou assustado com minha reação (que foi explosiva e bem agressiva) e não veio mais pra cima.
Ontem também fui agredido na Paulista.
Um maluco passou gritando “bora Brasillllll” do meu lado, quando eu não gritei junto ele puxou minha mochila vermelha, eu reagi e me defendi, ele ficou assustado com minha reação (que foi explosiva e bem agressiva) e não veio mais pra cima.