Reparação do crime socioambiental que matou 270 teve valor reduzido em quase RS 20 bilhões. Acordão privilegia governador de MG e destina parte do montante para obras sem relação com a tragédia. Atingidos foram ignorados no processo

Sob Bolsonaro, número de represas de detritos sem estabilidade dobrou. Orçamento da agência reguladora teve corte inicial de 40%, e deve cair mais. Mesmo quando há fiscalização, é desrespeitada. Legislativo também ignora problema iminente

Fundação de pesquisas de Minas calcula: é preciso R$ 54 bilhões para minorar danos sociais e ambientais. Mineradora quer pagar menos da metade, e oferece, como “contrapartida”, obras cosméticas em Belo Horizonte

O caso Belo Horizonte: após duas décadas, direita esvaziou mecanismos de participação na cidade — que havia dado mais voz à periferia. Debate retorna, mas reinventá-los requer imaginação política na construção de uma democracia radical

Em novo livro, o modus operandi das corporações: enlameiam rios, arrasam biomas, evadem bilhões em tributos e manipulam valor das compensações a estados e municípios. Faz população reféns de empregos, mas, findo o ciclo, vem a decadência

Um ano após crime da Vale, que matou 270 pessoas, água do rio Paraopeba continua imprópria para consumo. População sofre com doenças respiratórias, dengue e aumento de taxa de suicídios. Consumo de remédios psiquiátricos aumentou 80%

Em MG, palco dos grandes crimes ambientais deste século, antropóloga desafia ideia de que o destino do estado está ligado à extração de minérios. Ela dispara: “Estamos reproduzindo o discurso usado para nos colonizar”

No coração do mundo, de Gabriel Martins e Maurílio Martins, becos, botecos e lajes da periferia de Contagem (MG). Histórias de cotidiano e um grande golpe. Uso inteligente de recursos cinematográficos incita imaginação “fora da tela”

Governo quer reduzir em 90% as normas de segurança laboral, alegando altos custos pela sua aplicação. Dados de 2017 apontaram 2.096 mortes decorrentes do descumprimento das regras – um crime como o da Vale a cada seis semanas

O partido “liberal” e o de Bolsonaro votaram em peso para livrar a Vale de sua responsabilidade sobre Brumadinho. Ação desmascara: não há nada de moderno em “novos” políticos antiambientalistas e distantes da pressão popular