OutrasPalavras

Jornalismo de Profundidade e Pós-capitalismo

Os números trágicos da privatização da empresa de distribuição elétrica. Após investimentos públicos no setor, é vendida por valor seis vezes menor que seu patrimônio estimado – e entrega controle das águas estratégico ao capital estrangeiro

Para encher reservatórios, hidrelétricas reduzem drasticamente a vazão do São Francisco, já no limite de seu potencial energético. Ecossistema é afetado e, em plena seca, ribeirinhos denunciam rio sem força e vida, dominado por algas e lodo

Documentário O Reflexo do lago mostra que a represa de Tucuruí não projeta apenas um Narciso de concreto. Lá estão os fantasmas do Antropoceno, as queimadas e os dilemas políticos que os “ventos do progressos” tentam apagar

Tem muita água: 70 mil represas e 37 milhões de m³ – mais que em qualquer outra região semelhante no mundo. Mas agronegócio comanda políticas de abastecimento, enquanto dois terços da população permanecem em insegurança hídrica

Mesmo desmembrada aos poucos, desde FHC, é a maior empresa de energia da América Latina. Gera lucros, todos os anos. Em suas 47 usinas está 52% da água armazenada no país. Se vendida, será desnacionalizada. É o que planeja Guedes

Em RO, Ana Flávia do Nascimento denunciou violações de hidrelétrica e escusos interesses em milionária compensação ambiental. Sua vida está em risco: foi emboscada em rodovia e teve casa invadida – mas Estado recusa-se a protegê-la

Privatização da estatal, que gera bilhões aos cofres públicos, não gerará só elevação nas contas de luz: também colocará na lógica do mercado o controle de estratégicos reservatórios, cruciais à navegação e abastecimento em tempos de estiagem

Em nome da “soberania nacional”, governo trama o oposto: favorecer capitais apátridas, por meio do agronegócio, hidrelétricas e mineração. Sob lema “Integrar para Entregar”, Brasil perderia enormes vantagens da maior biodiversidade do planeta

Frente Ambientalista da Câmara tem alternativa ao PL do Licenciamento Ambiental, de Kim Kataguiri. Seu texto ignora debate, afrouxa avaliação dos impactos de obras farônicas e pode levar a novos desastres socioambientais

Liquidar empresa pública é apenas parte de uma estratégia bilionária do setor privado: se bem-sucedida, ela obrigará população e empresas a pagarem cinco vezes mais pela energia