Anita e Xolo: Encantos, florestas e cimentos

“Para esta criança e o cachorro, o tempo tinha como medida o desejo. Era uma revanche ante o ritmo do relógio. Típico de uma sociedade sem tempo, ele expressa um sentido específico de humanidade: a do tempo do ‘progresso'”

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Por Roberta Traspadini, na coluna Diálogos Pedagógicos| Imagens: Cecilia Angileli | Criação em video: Tulio Fernandes

Diálogos pedagógicos busca ser um ponto de encontro entre educadores/as em geral e educadores/as populares em particular. Objetiva tensionar uma sociedade que aposta no desencontro, no individualismo e, por consequência, nas depressões. É uma coluna de celebração e de convite a pensar junto, construir o processo reflexivo tijolo a tijolo. Busca colocar os textos em diálogos com a arte, a poesia, filmagens e outras linguagens que ajudem a despertar e estabelecer laços entre os e as impertinentes. Também transita entre os estilos, sem a formalização fronteiriça repleta de muros entre um ou outro processo literário. Trata-se de apostar, a partir da estética, no processo coletivo de práxis engajada. Tomem como suas minhas incursões.

1.Anita e Xolo

Aos 12 anos Anita repetia, na companhia dengosa e arteira de Xolo, seu fiel escudeiro canino, um ritual matinal sagrado: acordar, encher o regador herdado de sua avó xamã, Sabina, conhecida como “a bruxa”, e ir cuidar das plantinhas do lado de fora da casa. Pois do lado de dentro, o ambiente era confortavelmente rural, um paraíso de plantas (cores, cheiros, gostos), em meio a uma cidade de pedras (cinza, fria, apressada).

– Bom dia Begônia, como passou a noite Rosa, por que estás tão triste Girassol, oi dona chorona, suas saias acordaram tão lindas!

Também se entristecia quando via que, por força do vento, ou do abuso desumano de determinados seres, algumas de suas amiguinhas haviam sido pisadas. Anita não entendia a maldade de matarem as plantas, tão cheias de vida e de cores.

Xolo a acompanhava no sorriso e na tristeza e sentia, ao seu lado, os mesmos sentimentos. Era como se suas almas estivessem fundidas, quando de tratar das plantas, se tratava.

Dizem que Xolo veio de herança do Norte da América, e que era fruto de tempos maias.

Esses povos o chamavam de xoloitzcuintle (cachorro maia). Seu latido era muito diferente do som dos demais cachorros da aldeia. Parecia um canto sagrado mesoamericano. Um tipo de linguagem que Anita havia aprendido a reconhecer. O cão e a menina das flores formavam um par perfeito de “loucos”, segundo o tempo em que viviam. Sua cumplicidade foi forjada pelo amor ao silêncio, à natureza e às cores. Somente saíam desse ambiente quando escutavam o chamado manso e amoroso de D. Aurora, a matriarca da família, quem ao perder a filha no parto, ficou responsável pelo cuidado da neta e do cão. O pai, nunca souberam de seu paradeiro, ao não retornar do último caminhão bóia-fria que tomou rumo ao corte da cana.

D. Aurora intui que esta dor acompanhou a filha no parto. E de tão sofrido, seu corpo desfaleceu.

Todos os dias, na mesma hora, o ritual sagrado de Anita e Xolo, era realizado. Entre o sorriso de D. Aurora e o desdém dos transeuntes apressados, conectados à sociedade do roubo do tempo, Anita e Xolo, davam outro sentido ao ritmo da vida e, com calma, reparavam que o ambiente ao redor da casa mudava.

Era uma sexta-feira 13, na semana em que Anita completaria mais um ano de vida. Na madrugada a menina teve que despertar várias vezes para silenciar o alto som do bravo latido nauátl (língua originária dos maias) de Xolo. Nada o aquietava. Xolo insistia em seu latido ora como lamento, ora como ira.

Anita resolveu abraçá-lo e o colocou ao seu lado na cama. Mas essa noite estava muito diferente, a menina sentia que algo não ia bem. Havia uma música que D. Aurora cantava toda vez que sentia Anita triste, como se reivindicasse ir para perto de sua mãe, no céu. Ouviu que Anita tentava acalmar Xolo com o canto. Enquanto isso, acompanhava atenta no quarto ao lado, com suspiros profundos de pêsame pela tristeza profunda que trazia a criança na véspera de sua “mañanita” (aniversário).

Anita cantou: “duerme, duerme, negrito, que tu mamá esta en el campo negrito, y va traer muchas codornices para ti; y va traer ricas frutas para ti, y va traer carne de cerdo para ti…. si el negrito no se duerme viene el diablo blanco y zaz le come la patita chacapumba…….”

Surtiu efeito o carinho da menina com seu parceiro de cuidados da natureza. Xolo foi vencido pelo cansaço e apagou por exaustão. Tal como ocorre com parte expressiva dos trabalhadores de sua aldeia que viviam retirantes da saga do corte da cana.

No dia seguinte, Anita estava pronta para o ritual, mas Xolo não quis sair da cama. Em tom de bronca, a menina reforçou: – viu, não quis dormir, agora está aí, preguiçoso! Anda, Xolo, estamos atrasados! Levanta!

Sem fazer festa alguma, Xolo a seguiu, certo de que viveriam um desastre.

Anita pegou o regador, colocou a água, pensou em cada uma das suas amigas coloridas e perfumadas e lá se foi para o ritual da beleza que revestia prazerosamente sua vida, até aquele momento. Ao abrir o portão, e levantar a vista, a menina das flores, nem percebeu que escorria de suas mãos a água do regador, deixando-o cair, embalada pelo choro de Xolo.

Toda a vizinhança ouviu o lamento profundo do cão da menina dos flores, no mesmo momento em que o corpo da menina paralisou.

Havia uma menina na janela da casa da frente que assistia tudo em silêncio, pela greta da cortina.

D. Aurora, assustada pelo grito de Xolo, sentiu sua alma sair pela boca enquanto corria imaginando ter ocorrido um grave acidente com Anita. Ao chegar na calçada, viu sua netinha com um olhar congelado no tempo.

Para esta criança e o cachorro, o tempo tinha como medida o desejo. Era uma revanche ante o ritmo do relógio. Este objeto típico de uma sociedade sem tempo, foi criado por um tipo de humano com um sentido específico de humanidade: do tempo do PROGRESSO.

A avó de Anita não entendia o que estava acontecendo, mas viu Xolo deitado aos pés de menina também sem nenhum movimento reativo. Foi quando olhou para onde os olhos de Anita se fixaram, e compreendeu: as plantas haviam sido degoladas, destruídas, tombadas. Na terra, haviam marcas de crueldade deixadas pelos largos pneus.

O jardim de Anita, na calçada fora da casa, havia sido transformado em um cemitério das plantas. No lugar de suas amigas, fincaram uma placa em que D. Aurora pôde ler:

AQUI JAZ O DESENVOLVIMENTO.

Pela primeira vez as pessoas paravam para ver a cena da menina das flores e seu cachorro em transe. Entre sorrisos, sátiras, deboches, surpresas e estranhamentos, cada um/uma, dava sua versão sobre o ocorrido. Era uma sociedade muito estranha. Ninguém se conhecia mas, todos pareciam saber tudo acerca da vida daquela menina e seu cão.

Havia um fio condutor comum nas diversas histórias contadas naquele ano, sobre o ocorrido: de que a menina das flores não era mesmo “normal”, e que sua loucura aflorou. Também diziam que sua avó, D. Aurora, benzedeira da aldeia, tinha rituais muito estranhos.

Pairava na comunidade, ora como lenda, ora como fofoca, um certo tom de repressão nas palavras, sobre o modo de vida ancestral daquelas mulheres de raízes indígenas que chegaram na região, após séculos de expulsões, como retirantes de algum outro lugar.

2.Entre a cidade e a floresta

Xolo sentia-se obrigado a trazer a felicidade de volta para Anita. Sua parceira não se levantava, não se arrumava, deixou o regador de lado, e o dava de comer, sem prazer algum. Também não se alimentava bem.

Os 13 aninhos completados na sexta-feira treze pareciam confirmar a triste lenda popular. Mas a destruição das plantas era real. D. Aurora, com o passar dos dias, sentia que Anita parecia pedir para que sua mãe a levasse para perto dela, tão fora que estava da vida e de si mesma.

Passaram-se meses. Entre os barulhos das escavações, o ranger dos tratores, e o correcorre apressado das pessoas responsáveis pelo levantamento da cidade dos cimentos, Xolo empurrou Anita para longe de sua casa.

Anita, saiu, um momento do transe e da apatia, recobrando um pouco de vida atrás de seu companheiro canino. Correram e andaram muito. A tal ponto que a menina, cujo tempo sempre foi o do prazer das plantas, não se atentou para a distância entre o lugar que estava e sua casa.

Já sem ar, ao parar, Anita após segurar nos joelhos para recuperar o fôlego, olhou para frente e, tchum, paralisou. Outra vez seus olhos ficaram fixos: habitava naquela região uma reserva florestal, ainda intocada pelos donos da placa do desenvolvimento. O rabinho abanando com as orelhas em pé (do Xolo) anunciavam que a menina das flores havia voltado a habitar aquele serzinho lindo, que alguns perversos seres humanos tinham a coragem de denominar “louca”.

Desse dia em diante, nem D. Aurora, nem a menina da casa da frente encontraram, ainda que esperassem e procurassem em todo o entorno da aldeia, Xolo e Anita.

A comunidade teve diversas teorias sobre o paradeiro da menina e seu cão. A polícia sequer investigou, como é de costume em se tratar de determinadas regiões, pois partiu da tese de que “a menina louca havia dado um fim a sua vida, ao se jogar no rio que corria na aldeia.

D. Aurora, no entanto, sabia, envolvida que era na sensibilidade e racionalidade indígenas, que Anita e Xolo estavam vivos. Jurava ouvir o latido de Xolo todas as noites, antes de tomar seus chás medicinais para dormir, colhidos do jardim de sua casa que a blindava da placa do desenvolvimento. Amava mascar a folha de coca, além de reforçar a importância milenar da cannabis. Dizia terem propriedades curativas para uma vida repleta de enfermidades presentes em sua aldeia. Preservava a história longínqua, ainda quando vivia na era dos tempos sombrios.

3. Floresta, encantos e encontros

A reserva florestal era muito frequentada nos fins de semana. Rezava a lenda da aldeia que ali habitavam seres de outros lugares, animais diferentes da fauna e da flora locais. E que haviam sons, vindos da mata fechada, que prediziam perigos a quem se aventurasse entrar.

Juana tinha 5 aninhos e amava flores. No piquenique familiar daquele fim de semana, a menina de olhos de jabuticaba, saiu correndo para o meio do mato. Somente parou quando avistou um jardim repleto de flores coloridas. As cheirava, as beijava, estava encantada. Uma verdadeira menina das flores.

Era a primeira vez que Juana tinha acesso à natureza, porque era filha da placa do desenvolvimento. Mas em momento algum teve medo dos povos que habitavam aquela floresta.

Bem ao fundo, Juana avistou uma senhora olhando-a carinhosamente de longe, apoiada em um largo tronco de uma grande e imponente árvore. Tinha cabelos longos, brancos, era bem magra. Parecia com uma moça de um livro que havia na casa de sua avó, a que todos chamavam de “bruxa”, mas a menina a via, encantada, como “fada”. Ao lado dessa mulher, estava um animal bem velhinho.

Como era doce aquela menina dos olhos de jabuticaba. Pegou uma begônia e levou até a linda “bruxa”. Tocou suas tranças, deixou aquele animal bonito lamber suas pernas e ficou com eles poucos segundos em silêncio. Tempo suficiente para que suas pequenas mãos tocassem as da fada da floresta, enquanto o velhinho ser que as acompanhava seguia o reconhecimento do cheiro da menina e da placa do desenvolvimento trazida no corpo.

A “fada-bruxa” presenteou a menina com um lindo colar de sementes e folhas e pediu, a seu fiel escudeiro que a levasse de volta para perto de seus familiares, pois os gritos preocupados com um suposto desaparecimento, já se ouviam no coração da floresta.

Ao voltar, cantante, risonha, feliz, Juana contou tudo aos adultos, da forma como só uma criança poderia fazer, mexendo os dedinhos. Mas não lhe deram ouvidos, afinal, era só uma criança. Felizmente, diziam seu pai e sua mãe, não lhe havia “passado nada”. Mal sabiam eles, que naquela floresta, naquele momento, havia ocorrido o ponto de virada sobre que mulher aquela criança se tornaria para frente. Juana, naquele dia, tocara a essência originária do humano em sua relação com a natureza. Dos Saberes em Movimento, entre Brotos, Andurás e Baobás, a criança se transformaria numa ambientalista engajada, em tempos de desmatamentos e queimadas contínuos.

Sua avó, D. Frida, foi a única a reparar que havia no pescoço da menina, dos olhos de jabuticaba, um colar diferente. A pegou no colo e pediu para contar de novo, em detalhes, no idioma infantil, a história da flor que trazia nas mãos.

Ao dar atenção à criança, D. Frida viajou no tempo e se reencontrou com a memória de sua aldeia. D. Frida era uma das crianças tocada pela placa do desenvolvimento. E conhecia dois desaparecidos daquele então, Anita e Xolo, porque os via, todos os dias em seu ritual, a partir da janela da casa da frente.

A avó resolveu, de mãos dadas com Juana, dar uma volta mata adentro. A “bruxa” e seu “bichinho”, narrados pela neta, não apareceram para ela, mas os sentia presentes, como se as olhassem com cuidado.

D. Frida sentia, há tempos, um vazio de sentidos em sua vida moderna. Resolveu, então, dedicar todos os fins de semana, a partir daquele dia, aos “seres” daquela floresta, ao lado de Juana. Este seria o segredo para fora, e a conexão para dentro, entre elas.

Saíam bem cedinho e levavam uma cesta linda repleta de ervas colhidas do jardim de D. Aurora. Arrumavam sempre quatro lugares, com três copos e uma bacia de alumínio reconhecida pelo “animal”. Ao chegarem no cantinho/coração da floresta, esperavam por elas flores diversas, amorosamente separadas pela guardiã e seu acompanhante. Era assim que, em todas as manhãs dos fins de semana, o tempo parecia parar, como tempo da memória, em plena era de aceleração da sociedade sem tempo.

Passados muitos anos neste processo, em uma das idas, estavam tomando café quando, ouviram um canto murmurado de uma música imediatamente reconhecida por ambas: Duerme, duerme, negrito, que tu mama está en el campo negrito… Sorriram cúmplices entre olhares. A “bruxa” e o “perro”, materializaram suas presenças.

4. Despedidas e ancestralidades, a vida que corre e segue

Mais uma sexta-feira chegara, no tempo de vida percorrido por estas mulheres. Tempo cujas marcas traçavam o percurso dos sabores e dissabores em seus rostos e suas mãos.

Naquela madrugada Frida sentiu um aperto no peito e uma vontade danada de correr para a floresta. Saía de mansinho quando foi pega pela jovem Juana, que teve a mesma sensação. Não precisaram dizer uma só palavra para entenderem o chamado. Correram!

Ao chegarem no local em que sempre cantarolavam juntas a canção que aprenderam –

duerme, duerme negrito -”, encontraram dois corpos grudadinhos um no outro. Uma mulher, com uma longa trança em seu cabelo ondulado e branco, com traços anunciadores de suas raízes indígenas. Havia adornos em todo o corpo feitos de sementes e folhas, idêntico ao colar da jovem Juana. Ao lado dela, um animal bem velhinho, cuja dignidade de sua postura, o apresentava como um ser vivo de outra região. No pescoço do “perro maia” haviam sementes de maíz (milho).

Frida e a jovem Juana fizeram um ritual à altura dos amados amigos da floresta. Enquanto preparavam o enterro, cantavam completa a música que as conectava. Xolo e Anita estavam presentes no canto. Passaram 15 anos juntas naquele lugar. Sobre seus corpos levantaram uma placa: AQUI JAZ ENVOLVIMENTO!

Entre a avó e a neta existia uma comovente história tecida no silêncio. Nunca contaram a ninguém o que faziam, tampouco o que acabara de ocorrer. Exceto a D. Aurora que esperava, na cadeira de balanço da casa da frente, a chegada inesperada de Anita e de Xolo, muito tempo depois daquele soterramento das plantas e desaparecimento de suas amadas vidas.

D. Aurora havia, segundo contam na aldeia, passado geneticamente para a filha e a neta, sua loucura. Pairava sobre aquela casa, além da tristeza do desaparecimento de seres amados, as violentas lendas populares sobre as vidas de suas residentes.

D. Frida e Juana, não falaram nada. Apenas conduziram D. Aurora, quase sem mobilidade e presença física, até o local em que estavam enterrados Anita e Xolo. Dizem que foi a primeira vez, após todo o ocorrido, que ela sorriu. Fez questão de preparar um altar bonito com tudo o que os dois gostavam. Era colorida a homenagem da avó aos seus entes. Pouco tempo depois, D. Aurora descansou. Mas não sem antes deixar seu jardim e o regador aos cuidados de D. Frida.

Entre a cidade e a floresta passava um rio. Os povos indígenas insistem em chamá-lo de Rio Doce, mesmo em meio aos contínuos crimes ambientais oriundos da placa do desenvolvimento. As nascentes resistem às opressões do cimento e seguem vivas na reserva florestal. Mas estão frágeis, machucadas. Isto tira a ambientalista Juana do sério.

Mais uma sexta-feira, 13, transcorria no giro do tempo daquela aldeia. Pela primeira vez a cidade viveu um tremo de terras. As pessoas saíram correndo de suas casas. Algumas desabaram, outras entortaram, poucas foram preservadas intactas, entre elas as de D. Aurora e D. Frida.

Do desastre apareceu uma greta no chão, com um formato de vulcão no cimento do desenvolvimento. A prefeitura nunca arrumou aquele sobressalto fruto de um abrupto processo narrativo de um momento extraordinário vivido na aldeia.

A filha de Juana e bisneta de D. Frida, Anita, seguia o ritual aprendido com as duas mulheres de sua vida. Saía todos os dias, de sua casa para olhar a greta. Estava sempre acompanhada de Xolito, cachorro diferente dos demais, presenteado por sua avó. Usava um regador, que, como lhe contam as mulheres de sua vida, pertenceu à D Aurora, a dona do jardim mais bonito de toda a região.

Anita gritou forte junto com Xolito. Juana veio correndo, trazendo junto D. Frida sobre sua cadeira de roda, dada sua condição vital, aos 90 anos.

Ao chegarem próximas à greta, viram o florescer de uma Begônia, um Girassol, uma Rosa Amarela. Paralisaram! As raízes daquela floresta em disputa comercial, haviam chegado ao cimento quebrado.

Juana correu para ver o calendário cronológico do tempo. Era o mês de julho, no mesmo horário e dia em que Anita a “bruxa” paralisou em frente a placa do desenvolvimento. Juana sorriu e como cientista agradeceu a saga da história oral, preservada, em detalhes, por diversas gerações de mulheres latinas.

Mapa senti-mental:

Personagens: Sabina, a Maria; Aurora, a Reyes; Anita, a Garibaldi; Frida, a Khalo; Juana, a Inês de la Cruz; Xolo el xoloitzcuintle. As mulheres negras escravizadas da região caribenha -venezuelana, colombiana-, que compuseram em suas histórias orais, na revanche da história escravista-colonial, a música de domínio público: Duerme negrito!

Tempo histórico: o da ancestralidade, da história oral e o da educação popular de Abya Yala. Tempo vivido de forma bem concreta. Giros no tempo presente de diversos tempos mesclados. Outro sentido que não o do relógio e da cronologia correntes.

Cenário: as regiões mesoamericanas que chegaram aos trópicos do Sul trazidas pelas mulheres retirantes.

Objetivo principal: a memória, a história e a beleza em meio à dureza.

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Um comentario para "Anita e Xolo: Encantos, florestas e cimentos"

  1. Roselaine Gomes Sabadi de Souza disse:

    O texto da meninas das flores e seu cachorro diferente trouxe muita ternura pelas ações da meninas, e pela parceria de seu cão. Também nos faz pensar sobre a questão da destruição da natureza. Foi um pequeno Jardim, mas multiplique essa ação para nossas matas, florestas, parques, rios e mares.

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