?️ A ciência brasileira encara a covid-19

Quais os caminhos do árduo trabalho de pesquisa para encontrar um medicamento. Quem desenvolve testes, equipamentos, vacinas e remédios no país. Quanto tempo leva o processo. Por que a falta de investimentos é obstáculo

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Juliana Cortines em entrevista a Raquel Torres, no Tibungo

Ninguém sabe quanto tempo a pandemia de covid-19 ainda vai durar.

É verdade que medidas de isolamento freiam a transmissão do novo coronavírus e que testagens em massa permitem identificar pessoas infectadas e rastrear seus contatos, estancando novos surtos.

Isso garante alguma segurança — e hoje já há países ensaiando um retorno à normalidade. Isso porque depois que uma região controla sua curva de contágio e tem meios para fazer um acompanhamento cuidadoso dessa curva, é possível relaxar aos poucos as restrições.

Mas, mesmo nesses casos, viver exatamente como antes é algo que parece estar muito longe da realidade. É preciso analisar o comportamento do vírus a cada dia e enrijecer novamente o isolamento caso as transmissões voltem a crescer em uma determinada região. Isso é exatamente o que temos visto acontecer em países como China e Coreia do Sul.

A Organização Mundial da Saúde alerta que essa cautela ainda deve se estender por muito tempo, até que esteja disponível uma vacina ou um tratamento eficaz contra o novo coronavírus. E, mais ainda, até que o acesso a esse novo composto seja universalizado.

Cientistas do mundo inteiro estão trabalhando incansavelmente para responder a esse desafio. Para saber como andam essas pesquisas científicas e quais são as maiores dificuldades, conversamos com a virologista Juliana Cortines, que é professora do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A Juliana também apresenta um podcast chamado Microbiando, que inclusive já tem alguns episódios sobre o novo coronavírus.

Não existe nenhum medicamento comprovadamente eficaz pra prevenir nem curar a covid-19. Hoje, o que os profissionais de saúde fazem é usar remédios e equipamentos para tratar os sintomas dos doentes, inclusive a baixa oxigenação. Dessa forma, tentam dar tempo para o organismo dos pacientes se recuperar. Testes estão sendo feitos com vários medicamentos que já existiam antes da pandemia, mas até agora não há nenhum sucesso garantido.

Ao mesmo tempo, mais de cem potenciais vacinas estão sendo desenvolvidas ou testadas. Algumas já começam a mostrar resultados promissores, inclusive com testes em animais e humanos, mas o processo é incerto e ainda pode ser bem longo.

Essa corrida contra o tempo, numa pandemia que já matou mais de 300 mil pessoas no planeta, escancara a importância do investimento em ciência. No Brasil, pesquisadores também estão envolvidos no desenvolvimento de testes, equipamentos, insumos, vacinas e remédios, mas muitas vezes se deparam com condições de trabalho ruins, fruto do verdadeiro desfinanciamento a que foram submetidos nos últimos tempos.

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