?️ A importância ignorada da Atenção Básica na epidemia

UBSs e equipes da Saúde da Família, presentes em todo país, tinham potencial imenso de refrear contágios e mortes, mas faltaram investimento e treinamento adequados. Agora, doença se interioriza — e atenção primária segue esquecida

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Luiz Augusto Facchini em entrevista a Raquel Torres, no Tibungo
A importância ignorada da Atenção Básica na epidemia

Nessa semana, o número de mortes pelo novo coronavírus no Brasil passou de 75 mil. Os casos conhecidos beiram os dois milhões.

Há dois meses sem ministro da Saúde, o país está às voltas com um interino e outros mais de 20 militares que passaram a ocupar postos estratégicos na pasta, a maioria sem experiência alguma em saúde. Agora, tudo indica que o general Eduardo Pazuello pode deixar o Ministério em breve. É que estão pesando as críticas crescentes que relacionam as Forças Armadas à desastrosa resposta brasileira à pandemia – coroadas com a afirmação de Gilmar Mendes de que o Exército estaria se associando a um genocídio.

Em meio a essa crise política, o país parece ter se acostumado à média de pelo menos mil óbitos diários, que se arrasta há mais de um mês. Considerando o território nacional, não há nenhuma perspectiva de melhora: mesmo que pontualmente sejam identificados declínios em contágios e internações, a verdade é que a cada semana o coronavírus se infiltra mais e mais em cidades do interior, onde o acesso a serviços hospitalares é restrito.

Nos locais onde o vírus começa a chegar, há meios de evitar que ele se alastre. Conhecemos a fórmula: identificar infectados, rastrear seus contatos, isolá-los. E o Sistema Único de Saúde, altamente capilarizado, tem o desenho perfeito para isso. Mas a atenção básica, que se organiza prioritariamente em torno da Estratégia Saúde da Família, não tem funcionado nessa crise como poderia e deveria.

Neste episódio, conversamos com Luiz Augusto Facchini, professor do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal de Pelotas, coordenador da Rede de Pesquisas em Atenção Primária à Saúde e ex-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva.

Ele explica como o governo federal deveria ter preparado equipes e profissionais para que houvesse uma resposta adequada, e conta como isso ainda pode ser feito localmente. Mas alerta: uma coordenação nacional, que não está no horizonte, seria urgente e indispensável.

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