O rápido declínio da Cultura do Automóvel
Despenca, no Brasil, emissão de carteiras de motorista. Parte da população quer aderir a transportes coletivos, bicicleta e caminhadas — mas enfrenta péssimos serviços e infra-estrutura
Por Marcos de Sousa, no Mobilize
Publicado 05/05/2016 às 19:24
Despenca, no Brasil, emissão de carteiras de motorista. Parte da população quer aderir a transportes coletivos, bicicleta e caminhadas — mas enfrenta péssimos serviços e infra-estrutura
Por Marcos de Sousa, no Mobilize
Na semana passada o jornal paranaense Gazeta do Povo publicou uma reportagem sobre certo desinteresse dos jovens brasileiros pelo uso do automóvel. O texto mostra a queda acentuada no número de novas carteiras de motoristas emitidas. Entre 2013 e 2015, a quantidade de novos habilitados no país caiu pela metade (53%). Houve redução em todas as faixas etárias, especialmente na de 22 a 30 anos, que chegou a 62%, e na de 31 a 40 anos, também na casa dos 60%
A matéria reitera a tendência já observada em artigo publicado pelo New York Times em 2012, que apontava a preocupação da indústria de automóveis com essa mudança mundial.
Se, de um lado, a indústria procura desenvolver campanhas para “rejuvenescer” o carro, em outras frentes todas as grandes marcas já lançaram projetos alternativos, especialmente com sistemas de carros compartilhados, tal como os já existentes em Paris, Londres, Tóquio e inúmeras outras cidades, especialmente na Europa, Ásia e Austrália. As previsões mais conservadoras indicam que em 2025 esse segmento movimentará cerca de 6,5 bilhões de dólares por ano.
A futura cidade de Masdar, nos Emirados Árabes, por exemplo, terá somente carros elétricos e “dobráveis” para uso de todos os moradores. Mas também terá transporte coletivo subterrâneo e sistemas de bicicletas compartilhadas. A meta é chegar a zero emissões de carbono.
Masdar ainda está sendo construída, mas as cidades de verdade também projetam um futuro próximo com menos carros, para que as pessoas voltem a desfrutar os espaços urbanos, o que pode parecer uma proposta romântica, utópica, mas tem bases econômicas bastante sólidas. Um estudo da International Council on Clean Transportation (ICCT) revela que o Brasil pode economizar mais de 30 bilhões de reais por ano se optar por transportes movidos a eletricidade, biocombustíveis e, sobretudo, os meios ativos, como a bicicleta e o simples caminhar.
Daí, vale registrar que na semana passada as organizações Brasília para Pessoas e Corrida Amiga inauguraram um trecho de calçada na Asa Norte de Brasília que eles mesmos reconstruíram. Foi um ato simbólico para estimular alguma reação positiva do poder público.
Lembramos, também, o levantamento “Como Anda” organizado pelo pessoal do Cidade Ativa, que pretende mapear as organizações brasileiras que trabalham pela mobilidade a pé.
Um detalhe revelador: Brasília para Pessoas, Corrida Amiga e Cidade Ativa são formadas por jovens, todos na faixa dos 30 anos, ciclistas e caminhantes convictos. CQD.
No brasil o transporte do futuro é o transporte próprio (carro ,moto ou bicicleta mesmo) pois a cada dia o transporte público está mais caro e de pior qualidade. Não conheço ninguém que usa automóvel que deseje deixar de usar (à alguns que trocam o carro pela moto).Acho que queda de emissão de carteira de motorista se deve mais a crise.