O impasse das novas redes sociais

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Está se multiplicando rapidamente o número de plataformas que ambicionam ser “o próximo grande sucesso”. Não haverá usuários intensivos para todas

No Moxphere

O surgimento do Pinterest, a enésima rede social apontada como “the next big thing” pelos entendidos, levou a maioria esmagadora dos usuários intensivos (heavy users) de atividade social a fazer mais um cadastro, username e senha para anotar em seus registros. Com o hype em torno da nova coqueluche (que teve os principais formadores de opinião da web como o Mashable trabalhando em seu favor), o Pinterest passou a ser uma obrigação a quem quer se manter relevante no cenário social. Discussão sobre a relevância ou interesse do Pinterest à parte (tem a grande vantagem de ser visual e universal na cognição, mas é indiscutivelmente ainda mais fútil que outras formas de interação social), esse enésimo cadastro só aumentou a noção de que as redes sociais precisam mais dos usuários contumazes que eles delas. Eles é que determinarão quem sobrevive ou não.

Todos os estudos mostram que a produção dos ambientes sociais vem de uma minoria ínfima de usuários. Cerca de 7% dos participantes do universo são os que fazem a maior parte do conteúdo online. Numa medição entre os usuários holandeses, menos de 1/3 tinha enviado um tweet ou mais num período de 90 dias. Metade dos itens consumidos no Twitter partiu de 0,05% dos usuários. Trata-se de uma elite online que passa cerca de 30% do seu tempo online interagindo. Mas ela é finita e, mais que isso, muito pequena em relação ao universo.

Exatamente por isso, a criação de next big things coloca uma pressão cada vez maior no funcionamento do universo. Há um número fixo de usuários dispostos a doar (ou investir) seu tempo para estofar o meio-ambiente social. Com mais redes, eles começam a se diluir e essa dissolução passa a ser uma ameaça à própria existência dessas redes – inclusive aquelas “fantásticas” que “não tinham como dar errado”. É muito cacique para pouco índio.

Esse é um forte indício pelo qual as redes de nicho aparentemente têm melhores vantagens competitivas de sobrevivência do que as candidatas a major networks como o Pinterest. Não me entendam mal: não acho que o Pinterest seja necessariamente fadado ao fracasso (apesar de, sim, achar que tem a mesma profundidade de uma revista de comportamento com as últimas novidades da maquiagem ou os carros mais potentes). O ponto é que, enquanto as redes “nichadas” apelam para um interesse genuíno de cada usuário, as majors têm um apelo para o trend que está bombando naquele momento. Essas últimas disputam o universo dos heavy users e precisam deles desesperadamente para se consolidar e dependem de continuar sendo trendy  para manter esses usuários; as anteriores exploram um espaço que lembra o da cauda longa, com menos consumidores em potencial, mas com necessidades menores para sobreviver.

O usuário (no caso, o heavy user) que, até aqui era um cliente da rede social, sob esse prisma, passa a ganhar um espaço de parceiro e em alguns casos até de fornecedor de uma commodity rara – conteúdo. Se o mercado continuar lançando redes sociais num ritmo grande, a concorrência entre as redes aumenta e a pressão também. Esse cenário ficará, então, cada vez mais favorável para a valorização desse heavy user, especialmente os com grande influência (não confundir com o Klout, que é uma medição arbitrária e que confunde em muitos momentos a influência com hiperatividade social). Você, heavy user, vai começar a ser disputado a tapa conforme o mercado se saturar.

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Um comentario para "O impasse das novas redes sociais"

  1. Larissa disse:

    Achei interessante o texto. Mas o Pinterest não é completamente inútil (o autor fica falando o tempo todo, entre parenteses). Tem forte potencial de ser fútil. Porém, para alguém que trabalhe com arquitetura por exemplo, é comum vc colecionar imagens para servir de referência aos seus desenhos, para se comunicar com o cliente. Quem gosta de desenhar também, costuma montar um álbum para colecionar imagens que te inspirem. Aliás tem gente que classifica o pinterest como rede social de nicho.
    De fato os produtores de conteúdo são pouquíssimos, a maioria da galera apenas reproduz (tr, share, repin) ou posta conteúdo que não é relevante para comunidade. As redes sociais poderiam ser melhor usadas. São instrumentos, quem os torna úteis ou fúteis são os usuários.

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