Vacinação infantil nas escolas é aprovada no Senado

• Vacinação irá às escolas públicas • Mais de 2,5 milhões afetados no RS • Financiamento da indústria da Saúde • Agrotóxicos em ultraprocessados • Sobrepeso em crianças pobres no Brasil • Como o clima interfere nas doenças negligenciadas •

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O Senado aprovou o projeto de lei que cria o Programa Nacional de Vacinação em Escolas Públicas, para intensificar a imunização entre alunos da educação infantil e fundamental. A vacinação ocorrerá anualmente após o início da campanha contra a gripe. As unidades de saúde locais irão às escolas vacinar as crianças e, se houver disponibilidade, outros membros da comunidade. As escolas devem coordenar a organização das campanhas, informando os responsáveis com antecedência. A medida não é obrigatória para as instituições particulares, mas poderão aderir ao programa se desejarem. O projeto foi aprovado sem emendas para evitar a volta à Câmara, e segue para sanção presidencial. Mas o governo teve de se comprometer a vetar um artigo que registraria os nomes e endereços dos alunos não vacinados, após pressão da oposição. Alguns senadores da ultradireita raivosa, como já era de se esperar, votaram contra a medida. A aprovação do programa é uma vitória e pode garantir que o país continue revertendo as quedas na cobertura vacinal dos últimos ano

Fiocruz: os números da tragédia no RS

Na terça-feira (21/5), o Observatório do Clima e Saúde, ligado ao Icict/Fiocruz, divulgou um relatório que quantifica as dimensões dos desastres causados pelas enchentes no Rio Grande do Sul, ao longo das últimas semanas. A tragédia destruiu casas, postos de saúde, plantações, centros religiosos e já contabiliza 161 mortos. Como explica o relatório, depois de passada a fase crítica, de resgate e socorro, ainda haverá muito trabalho para restabelecer a saúde pública no estado, pelos próximos meses e anos. Alguns dos números coletados: as enchentes afetaram mais de 2,5 milhões de pessoas – dentre elas, 538.241 foram desalojadas. O número se refere aos cidadãos que foram forçados a deixar suas residências, mas que não necessariamente sofreram perdas permanentes. Os que não têm mais onde morar são 87 mil. Comunidades vulneráveis foram diretamente impactadas, entre elas 240 favelas, 40 quilombos e cinco aldeias indígenas. Segundo o documento, as enchentes também afetaram um total de 1.961 unidades de saúde, incluindo 1.170 consultórios isolados, 548 clínicas e centros de saúde especializados, 224 farmácias e 19 unidades móveis de nível pré-hospitalar. 

BNDES anuncia programa para impulsionar indústria da saúde

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou um programa de financiamento de R$ 500 milhões, chamado “BNDES Fornecedores SUS”, destinado a apoiar a produção nacional de materiais e equipamentos de saúde para o Sistema Único de Saúde. Com vigência até 2028, o programa visa contribuir com o objetivo do governo Lula de aumentar a produção de produtos locais para 70%, alinhado à nova política industrial lançada em 2023, que tem a Saúde como um de seus focos principais. A iniciativa deve facilitar o acesso ao crédito para pequenas e médias empresas do setor, desburocratizando o processo e reduzindo o valor mínimo dos projetos para R$ 10 milhões. Além disso, busca resolver desafios das empresas, como a formação de estoques e a diversidade de compradores, melhorando a estrutura financeira dos fornecedores e promovendo a inovação no parque industrial dos hospitais ligados ao SUS. 

Ultraprocessados com agrotóxicos, amarga mistura

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) divulgou o terceiro volume do relatório “Tem veneno nesse pacote”, que analisa resíduos de agrotóxicos em produtos ultraprocessados. Foram examinadas 24 amostras de oito categorias, escolhendo os três produtos mais vendidos de cada. A pesquisa encontrou agrotóxicos em metade dos produtos, sendo o glifosato o mais comum, presente em sete das 24 amostras. Produtos como biscoito maisena, macarrão instantâneo e presunto mostraram altos níveis de contaminação. O relatório também destaca a presença de agrotóxicos em alimentos direcionados ao público infantil: “A indústria de ultraprocessados quer vender produtos como bolinhos prontos, ‘danoninhos’ e achocolatados como boas opções de lanches para as crianças, mesmo que o Guia Alimentar para a População Brasileira seja categórico: crianças não devem consumir ultraprocessados, especialmente antes dos dois anos de idade”, alerta o Idec. O relatório enfatiza a necessidade de regulamentações mais rígidas pela Anvisa, que ainda não estabeleceu limites máximos de resíduos de agrotóxicos específicos para ultraprocessados. 

Crianças pobres estão maiores, mas sobrepeso também aumenta

Um estudo conduzido por pesquisadores do Brasil e do Reino Unido, publicado na revista The Lancet Regional Health – Americas, analisou dados de 5,75 milhões de crianças brasileiras de baixa renda. Segundo matéria da revista Pesquisa Fapesp, os resultados mostraram que, embora as crianças estejam nascendo ligeiramente mais pesadas e se tornando mais altas na infância, há um aumento preocupante nos índices de sobrepeso e obesidade. Entre os nascidos de 2008 a 2014, 30% dos meninos e 26,6% das meninas de 5 a 9 anos já estavam com excesso de peso. “O crescimento na altura das crianças brasileiras reflete o desenvolvimento econômico e as melhorias das condições sociais e de saúde de anos anteriores”, explica Carolina Santiago Vieira, uma das autoras do estudo. Mas ela explica que é preciso olhar com atenção para as consequências da má alimentação e do sedentarismo nessa mesma população. 

Clima e doenças negligenciadas: o que não sabemos

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o programa Reaching the Last Mile (RLM) publicaram uma revisão que destaca a urgência de mais pesquisas sobre o impacto das mudanças climáticas em doenças tropicais negligenciadas e na malária. A revisão de 42.693 artigos revela a falta de compreensão sobre como a crise climática afeta essas doenças, ampliando a disseminação de vetores como mosquitos. O estudo ressalta que os fenômenos climáticos podem reverter décadas de progresso na saúde global, especialmente em comunidades vulneráveis. Apenas 34% dos estudos abordam estratégias de mitigação e 5% métodos de adaptação, evidenciando uma lacuna crítica na proteção dos avanços alcançados. A OMS destaca que já é possível perceber alterações na distribuição da malária, por exemplo, com o potencial de deslocar a transmissão para regiões mais ao norte e maiores altitudes. Isso pode introduzir a doença em regiões novas e despreparadas. 

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