RS: Morte por leptospirose liga sinal de alerta

• Novo hospital de campanha no estado • Assembleia Mundial da Saúde se aproxima, sem Acordo das Pandemias • ISTs em alta indica falha nos esforços globais • TCU não libera os vapes • Vírus Mayaro em Roraima •

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
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Nesta segunda-feira (20/5), o Rio Grande do Sul notificou publicamente sua primeira morte por leptospirose após o início das enchentes. As autoridades locais de saúde já haviam antecipado, como noticiou este boletim, que poderia haver uma alta nos casos de doenças transmitidas pela água contaminada – como é o caso da leptospirose. A vítima foi um idoso de 67 anos de idade, morador da cidade de Travesseiros. O município, no Vale do Taquari, está entre os mais afetados pela cheia dos rios. O homem havia apresentado os primeiros sintomas da doença há pouco mais de uma semana, no dia 9/5, teve seu diagnóstico confirmado pelo Laboratório Central do Estado (LCE) e, pouco depois, morreu na última sexta, 17/5. Além do caso deste idoso, 19 outras infecções pela bactéria da leptospirose foram confirmadas no Estado desde que a catástrofe climática começou.

Ministério da Saúde amplia ações no território gaúcho

Frente à amplitude da crise no Rio Grande do Sul, um quarto hospital de campanha do Ministério da Saúde será organizado no estado, informa uma nota da pasta. Ele ficará sediado no município de Novo Hamburgo, na região metropolitana da capital gaúcha. A decisão foi tomada no fim de semana pelo Centro de Operações de Emergência estruturado para orientar as ações do Governo Federal nas regiões afetadas. A ideia é que médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem estejam disponíveis 24 horas por dia para prestar atendimento neste hospital, com uma previsão de 150 a 200 atendimentos diários. Unidades similares já foram criadas em Porto Alegre, Canoas e São Leopoldo pelo MS, com recursos financeiros e humanos da Força Nacional do SUS e do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), empresa pública que gere hospitais federais no Rio Grande do Sul.

Acordo das Pandemias naufragará?

A apuração do Health Policy Watch, um dos principais veículos a acompanhar as movimentações dos Estados na pauta da Saúde Global, indica que o Acordo das Pandemias não ficará pronto até a próxima Assembleia Mundial da Saúde. A expectativa da direção da Organização Mundial da Saúde (OMS) era aprovar o documento no evento, que terá início na próxima quarta-feira, 29/5. Contudo, não parece haver consenso entre os países – que já estavam usando os “acréscimos” nas negociações, que deveriam ter se encerrado no dia 10/5, segundo seu calendário original – em inúmeros pontos do tratado. A cobertura de Outra Saúde sobre o Acordo revela que o principal entrave tem sido a resistência do Norte Global em aceitar cláusulas de equidade e solidariedade global com os países em desenvolvimento no combate às futuras pandemias. Por outro lado, o Health Policy Watch crava que o mundo encontrou mais concordâncias na revisão dos termos do Regulamento Sanitário Internacional (RSI), que deve ser aprovada.

ISTs em alta em várias partes do mundo

Um novo relatório da OMS expõe, em números, o fracasso dos esforços para conter as ISTs (infecções sexualmente transmitidas) no mundo. O vírus do HIV, as hepatites virais e outras doenças infecciosas ainda causam 2,5 milhões de mortes por ano, diz o documento. O objetivo de reduzir em dez vezes os casos de sífilis até 2030 foi um dos que ficaram mais distantes do êxito. Na verdade, no último período, eles acabaram subindo de 7 milhões para 8 milhões por ano. A resistência da bactéria da gonorreia aos medicamentos aumentou – e os óbitos associados às hepatites também subiram, fato que foi tema de reportagem de Outra Saúde neste mês. Houve uma redução dos registros de novas infecções pelo HIV, mas bem abaixo da meta com que os países haviam se comprometido. Um dos poucos pontos positivos do relatório foi o aumento do acesso a formas de diagnóstico das ISTs, em especial nos países da África. Porém, o cenário geral sugere que serão necessários mais esforços para enfrentar essas doenças.

TCU não atenderá à patronal do tabaco

Na quarta-feira passada (15/5), foi arquivado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) um pedido de suspensão da proibição dos cigarros eletrônicos no Brasil, informa o Jota. A solicitação havia sido feita pela Associação Brasileira da Indústria do Fumo (Abifumo), sob alegação de “vícios no processo regulatório” e “violação do devido processo legal”. A patronal do tabaco afirma ter sido ignorada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ao alertar que a atual norma, que proíbe a produção, venda e distribuição dos dispositivos eletrônicos para fumar causaria perdas de arrecadação tributária. O TCU, diz a indústria tabagista, deveria suspender a diretiva até que a Anvisa se explicasse. O tribunal não apenas arquivou o pedido como rejeitou uma sugestão de sua área técnica que indicava o envio de uma diligência à Anvisa para que a autarquia respondesse à acusação. Atender à Abifumo “caracterizaria uma ingerência na atividade finalística da Anvisa”, diz a decisão.

Mais um vírus?

Um novo estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) descobriu a circulação do vírus Mayaro em Roraima. Ele foi identificado pelos pesquisadores em amostras de diversos moradores de cidades – o que indica que já está acontecendo uma transmissão urbana do patógeno. Causador da febre do Mayaro, ele gera sintomas similares ao da chicungunha. Antes, não havia registros de sua presença nos meios urbanos. A estudiosa que o identificou revela que o “desequilíbrio ambiental” pode ser uma das causas de sua introdução nesse novo espaço. Roraima, há anos, tem sido um foco de desmatamento, garimpo e queimadas ilegais.

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