Uma ou duas

Falta de vacinas levanta discussão sobre aumentar espaçamento entre doses. Quais são os riscos?

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Os ensaios com a vacina de Oxford/AstraZeneca não foram desenhados para avaliar a eficácia dela com uma dose única, e sim com um intervalo estabelecido entre duas doses. Mas os dados mostraram uma eficácia relativamente alta (de cerca de 70%) antes de os voluntários receberem a dose de reforço e, com isso, representantes do Ministério da Saúde e da Fiocruz começam a pensar em, ao menos nos próximos meses, vacinar as pessoas com uma dose só. Seria uma forma de alcançar um público maior com menos vacina. Quando mais doses estivessem disponíveis, as pessoas tomariam o reforço. Aliás, a ideia também já foi aventada pelo governo de São Paulo em relação à CoronaVac, mesmo que até o momento não exista nenhum dado sobre essa possível eficácia.

Essa é uma discussão que está em curso em vários países, devido à falta de vacinas suficientes. Não há nenhum consenso. Alguns especialistas consideram que a estratégia poderia valer a pena, sobretudo depois da descoberta da nova variante do coronavírus no Reino Unido, mais transmissível. Nesse caso, a incerteza sobre o grau de proteção dessas pessoas seria compensado pelo fato de que haveria o dobro delas com ao menos alguma proteção. Mas há riscos. “O resultado será ter um número muito grande de pessoas com imunidade parcial, e imunidade parcial é uma ótima maneira de o vírus aprender como escapar de qualquer defesa que estamos tentando criar quando ele encontra alguém que foi vacinado”, exemplifica William Haseltine, ex-professor de Harvard e atual presidente do centro de estudos sobre saúde global Access. Os testes não avaliaram esse tipo de resultado, portanto não se sabe, para cada vacina, os efeitos de períodos muito longos entre uma dose e outra.

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