Missão da OMS vai à China esta semana

Um ano após primeiros registros em Wuhan, equipe de dez pessoas vai começar a investigar localmente a origem do SARS-CoV-2

Equipe médica em Wuhan, no início da pandemia. Foto: Gao Xiang/Xinhua
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Depois de meses de atraso, uma equipe de 10 pesquisadores da OMS finalmente deve aterrissar na China nesta quinta-feira para começar a investigar as origens do SARS-CoV-2. Nas últimas semanas houve bloqueios em diversas estradas e, no último dia 5, dois membros da missão tentaram entrar no país mas foram barrados. 

A OMS tem tratado da questão de forma delicada. Ontem, o diretor do programa de emergências em saúde da organização, Michael Ryan, frisou que não se trata de apontar culpados: “Trata-se de encontrar as respostas científicas sobre a interface muito importante entre o reino animal e o reino humano”, disse, em coletiva de imprensa, acrescentando: “As investigações na China podem levar a hipóteses, e podem levar à necessidade de fazer mais investigações ou investigações em outros países. Iremos a qualquer lugar para reunir mais informações sobre as origens e o impacto da doença”. 

A missão está programada para ir primeiro a Wuhan, por ser o local onde o vírus foi relatado inicialmente. Não está descartada a possibilidade de que ele tenha surgido em outro país – ontem mesmo um estudo publicado no British Journal of Dermatology apontou que, na Itália, foi identificada a sequência genética do RNA do vírus numa paciente que apresentou dermatite atópica em meados de novembro de 2019. Mas a hipótese principal, por ora, é que o coronavírus tenha mesmo aparecido primeiro na China. Isso porque vírus da família do SARS-CoV-2 nunca foram encontrados em animais europeus antes da pandemia, mas na China, sim. Então, provavelmente, ele foi levado à Itália por portadores humanos a partir do país asiático. 

Não devemos esperar que alguma conclusão seja formada num curto período de tempo. “Vamos ver quanto tempo leva. Há uma pequena possibilidade de apenas apresentarmos cenários, de não sermos capazes de apresentar uma prova científica”, pondera no Guardian Fabian Leendertz, professor de epidemiologia do Instituto Robert Koch, na Alemanha, que faz parte da equipe.

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