SUS: pandemia faz dispararem internações fora do domicílio

Com a sobrecarga do atendimento, pacientes tiveram que ser atendidos longe da sua região de Saúde. No caso do câncer, 80% das internações tiveram que ser feitas em outros municípios. As informações devem ajudar a robustecer o Sistema Único de Saúde

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A dificuldade de atender os usuários do SUS próximo a seus domicílios foi investigada por pesquisadores da Fiocruz e deve propiciar mais uma valiosa informação sobre as grandes perturbações que a pandemia provocou no sistema de saúde brasileiro. Veja outros estudos aqui e aqui. Até 60% das internações hospitalares ocorrem, de hábito, nos equipamentos mais próximos do local de residência do paciente. Mas, com a sobrecarga do atendimento durante a pandemia, houve necessidade de procurar unidades mais distantes, especialmente no caso dos procedimentos de mais complexidade.

Muitas vezes foi necessário recorrer a outros municípios, por exemplo para o atendimento hospitalar para câncer: quase 80% dos pacientes tiveram que se internar fora de seu local de residência. O percentual de internações cirúrgicas fora do município de domicílio chegou a mais de 60% na região Centro-Oeste, mostrou o estudo. Apenas 30% das internações ocorreram na própria região de Saúde.

Realizado pelo Projeto de Avaliação do Desempenho do Sistema de Saúde (Proadess) da Fiocruz, o estudo examinou municípios com população acima de 80 mil habitantes, com situação de alta vulnerabilidade socioeconômica. Esse conjunto, batizado de g100, reúne 112 municípios que, para efeito da pesquisa, foram classificados pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP). A maioria está localizada na Região Nordeste (47,3%), seguida por Sudeste (19,6%), Norte (17,9%), Centro-Oeste (8,9%) e Sul (6,3%). Os resultados foram apresentados de forma ainda parcial. A apresentação final deve determinar alterações de padrões e consequências da pandemia nas mudanças da rotina de internações da população atendida.

Paralelamente, os pesquisadores analisam um universo maior: o dos 1.314 municípios com 20% ou mais da população em situação de extrema pobreza. O Proadess produz informações regulares destinadas sobretudo aos gestores de saúde, com o objetivo de apoiar as decisões e o planejamento da Saúde pública. No momento, uma demanda importante é de indicadores de boa oferta de recursos e do processo de regionalização do sistema de Saúde. O projeto também disponibiliza séries históricas de indicadores para a avaliação do desempenho do sistema de saúde brasileiro.

Imagem: prefeitura de Búzios

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