Novos dados da Fiocruz sobre o sério subfinanciamento do SUS

Divulgada com destaque pela imprensa, queda de 23% no atendimento a saúde expõe a fragilidade do país decorrente do aporte insuficiente de recursos públicos, muito agravado nos últimos anos e levado ao extremo durante a pandemia

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Dados novos produzidos pela Fiocruz confirmam estudos divulgados nas últimas semanas sobre o pesado impacto que o esforço para confrontar a covid teve sobre o sistema de saúde nacional. Com repercussão limitada, exceto pela imprensa acadêmica e alternativa, as análises anteriores ganharam ênfase com a avaliação de que, durante a pandemia, o SUS deixou de fazer cerca de 900 milhões de procedimentos dos mais de quatro milhões que caracterizavam sua rotina anterior.

O grupo dos procedimentos cirúrgicos, como publicou há uma semana Outra Saúde, aparece também como o mais afetado nos novos dados produzidos pela Fiocruz e publicados com destaque pela Folha de São Paulo. A Fiocruz datou o período pré-pandêmico com bastante antecedência, entre janeiro de 2018 a junho de 2019, quando o número total de procedimentos, era de 4,058 bilhões. No período da pandemia, entre janeiro de 2020 e junho de 2021, o total caiu para 3,114 bilhões de procedimentos.

Os novos dados repetem o alerta claro sobre as fragilidades nacionais, em que pesem as virtudes do SUS. O número de ações no setor crucial da promoção e prevenção em saúde caiu mais de 35% – de 450 milhões para 291 milhões. O número de diagnósticos, também um setor crítico, diminuiu quase 13% – da casa de 1,4 bilhão para cerca de 1,2 bilhão. Preocupa também a queda muito grande, de 27,3% nos procedimentos clínicos, que incluem os exames laboratoriais indispensáveis para o diagnóstico: de mais de dois bilhões para menos de 1,5 bilhão de ações.

Não podia ser outro o comentário da nota do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) reproduzido na excelente reportagem da Folha: “progredir nas políticas públicas (…) não será possível com menos recursos para a área e sem esforços coletivos”. Há tempos que o Conass e especialistas próximos a ele alertam para o atual subfinanciamento do sistema de saúde brasileiro. O alerta reaparece na sua nota no tom arguto do verso do músico mineiro Beto Guedes: “a lição sabemos de cor, só nos resta aprender”.

Imagem: Rede Brasil Atual

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