Scheffer analisa parlamentares eleitos
• Mário Scheffer analisa a bancada da saúde eleita • Novo Congresso de direita e a necessidade de manifestações populares • Meningite na Bahia • Vacinas para varíola dos macacos no Brasil • Começa nova rotulagem de alimentos •
Publicado 10/10/2022 às 12:36 - Atualizado 10/10/2022 às 12:38
Mário Scheffer vê bancada da saúde em 2023
Em sua coluna no Estadão, o professor da Faculdade de Medicina da USP e pesquisador na área de Políticas e Sistemas de Saúde analisou os candidatos eleitos à Câmara e ao Senado, em especial aqueles com ligação com a Saúde. O contexto é importante, pois os parlamentares conseguiram grande poder com o orçamento secreto, que destina milhões a estados e municípios sem que haja o registro de quem empenhou a verba – o que abre espaço para mais corrupção. Um destaque importante de Scheffer é que a exposição durante a pandemia não foi fator decisivo para a eleição de políticos: Luiz Henrique Mandetta (União Brasil-MT), por exemplo, não foi reeleito – tampouco Nise Yamaguchi (Pros-SP), a médica negacionista que apoiou as decisões anticiência de Bolsonaro. Mas ajudou a dar destaque a outras figuras, como Ana Pimentel (PT-MG), Leo Prates (PDT-BA), Daniel Soranz (PSD-RJ) e Ismael Alexandrino (PSD-GO). Outras figuras importantes politicamente para a Saúde, como Carmen Zanotto (Cidadania-SC), que foi importante para a aprovação do piso salarial da enfermagem, também tiveram campanhas bem sucedidas.
Saúde virada à direita no Congresso
“Um traço geral que se projeta é a guinada da bancada da saúde para a direita”, escreve Scheffer. A bancada dos planos de saúde, garante ele, se fortaleceu. Rogerio Marinho (PL-RN) e Hiran Gonçalves (PP-RR), antes deputados que trabalharam em prol das empresas de saúde, chegaram ao Senado. “Na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR) e Arthur Lira (PP-AL) ganharão reforço de Eunício Oliveira (MDB-CE), todos com histórico de influência na indicação de cargos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)”, continua o professor. Mas, segundo Scheffer, há políticos “para todos os gostos”: a esquerda conta também com os médicos Arlindo Chinaglia (PT-SP), Jandira Feghali (PcdoB-RJ), Alexandre Padilha (PT-SP) e Jorge Solla (PT-BA).
Mas a política também se faz nas ruas, lembra Lúcia Souto
“Estamos diante de uma guerra. Uma guerra contra a extrema direita global, que conta com um financiamento bárbaro nesta campanha, uma coisa realmente gigantesca”, lembra Lúcia Souto, presidente do Cebes, em entrevista ao Outra Saúde. Mas o resultado das urnas não pode ser motivo para esmorecimento. “No primeiro momento temos esse impacto da vitória da direita, que se elegeu às custas do centro-direita, que desapareceu praticamente. A correlação não é uma novidade. Na constituinte de 1988 a grande maioria era o que hoje denominamos de centrão. E se aprovou uma constituição extremamente democrática e popular, conhecida como a Constituição Cidadã, com um parlamento que nem de longe poderia ser tido como progressista”. Ela atesta a combatividade atual do movimento da reforma sanitária, representado hoje pela Frente pela Vida: “Hoje ela agrega inúmeras entidades da sociedade civil, trabalhadores, enfim. Uma ampla articulação que veio pra ficar, um movimento social de trabalho por consensos”.
Dobram casos de morte por meningite na Bahia
Além do surto na capital paulista, o estado da Bahia também está com alerta para a meningite. Com 273 casos confirmados em 2022 até setembro, os diagnósticos positivos cresceram 160% em comparação com 2021 – que no mesmo período contava 105 casos da doença. Foram 43 mortes contra 21 do ano passado. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde da Bahia, o problema está relacionado à baixa vacinação de crianças contra a enfermidade – até julho, apenas 62,9% haviam sido imunizadas.
Chegam as primeiras vacinas contra varíola dos macacos, para estudos
A remessa – com 9,8 mil unidades – desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, na terça-feira (4/10). Seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), em um primeiro momento os imunizantes serão para fins de estudo. O ministério da Saúde informou que a pesquisa deverá gerar “evidências sobre efetividade, imunogenicidade e segurança” da vacina contra a varíola dos macacos para, posteriormente, orientar gestores. Os voluntários escolhidos para o estudo são pessoas que tiveram contato prolongado com pacientes infectados e com as pessoas que fazem uso de profilaxia pré-exposição (PrEP) ou em tratamento com antirretroviral para HIV.
Começa a mudança na rotulagem de alimentos
A partir do dia 9 de outubro, produtos alimentícios deverão obedecer a nova rotulagem de alimentos. A tabela de informação nutricional deverá ser ampliada, e conter a quantidade de açúcares totais e adicionados, o valor energético e de nutrientes. Mas a grande novidade será o uso da rotulagem nutricional frontal, que deverá alertar sobre o excesso de açúcar, gordura saturada e sódio dos produtos. A nova norma foi bem recebida por nutricionistas e especialistas da área, que vem alertando para os perigos do aumento do consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil. Mas é bom lembrar que foi a opção menos pior para a indústria. Na proposta anterior, o design do rótulo era mais explícito ao informar os malefícios dos alimentos contidos no pacote. É bom lembrar: há cada vez mais evidências de que alimentos ultraprocessados, esses que são alvo da rotulagem, são responsáveis diretos para o aumento de doenças crônicas não transmissíveis na população.