Governo prepara mais um corte na ciência

• Nota contra o desvio dos recursos da Ciência • Desoneração da folha e remanejamento de verba para garatir Piso da Enfermagem? • Testes de internet para descobrir transtorno mental • O uso do zolpidem entre jovens • Crise global da diabetes 1 •

.

Entidades denunciam desvio de recursos destinados à ciência

Em nota, oito entidades que compõem a Iniciativa para a Ciência e Tecnologia no Parlamento (ICTP), entre elas a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), denunciaram o desvio de R$ 1,2 bilhão do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) pelo Governo Federal para pagar despesas de outras pastas, por meio da Portaria Nº 8.893. As entidades alertam que, com a decisão, diversos programas subsidiados pelo ministério da Ciência, Tecnologia e Informação terão seu financiamento colocado em cheque e serão drasticamente prejudicados. “Restaram, por enquanto, apenas R$ 600 milhões, valor absolutamente insuficiente para honrar todos os compromissos assumidos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, CNPq e Finep, inclusive com vários editais públicos lançados, alguns até com resultados já publicados e divulgados”, alertam as entidades.

Bolsonaro faz aceno ao Piso da Enfermagem, em campanha

Durante um discurso em Recife (PE), Jair Bolsonaro afirmou que já acertou com seu ministro da Economia, Paulo Guedes, a desoneração da folha de pagamento da saúde, medida voltada para custear o novo piso salarial da enfermagem.  O presidente não deu detalhes sobre como o governo arcará com a decisão e quando isso será feito. A desoneração da folha de pagamentos permite às empresas de determinados setores pagarem alíquotas de 1% a 4% sobre a sua receita bruta, em vez de 20% sobre a folha de salários – valor que passa a ser custeado, em maior parte, pelo Estado. 

Câmara aprova remanejamento de verba para garantir o direito dos enfermeiros

Por 383 votos a 3, a Câmara dos deputados aprovou o Projeto de Lei Complementar (PLP) 7/22, que remaneja R$ 2 bilhões dos fundos de Saúde e de assistência social de estados, Distrito Federal e municípios para entidades privadas sem fins lucrativos conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS). O valor deverá ser usado por essas entidades para pagar o novo piso salarial da enfermagem a partir de 2023. O texto será encaminhado ao Senado e é mais uma medida temporária para tentar garantir o pagamento do novo piso salarial de enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras, que varia de R$ 2.375 a R$ 4.750. 

Sobre os testes irresponsáveis para descobrir TDAH na internet

Em reportagem, o Estado de S. Paulo mostra como influenciadores digitais – sem formação no campo da saúde mental – e perfis em redes sociais como o TikTok se aproveitam da preocupação com o transtorno para se promover, através de testes e cursos para supostamente descobrir o TDAH. A Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA) teme que, com essa viralização, a doença seja tratada inadequadamente ou banalizada. Segundo o Conselho Federal de Psicologia (CFP), a detecção e tratamento exigem o atendimento com um profissional para evitar um cenário de “superdiagnóstico” e “hipermedicalização”. 

O uso indiscriminado de Zolpidem entre jovens

Lançado no início dos anos 1990, o zolpidem é um fármaco da classe dos hipnóticos (para indução do sono) que deve ser usado por, no máximo, 4 semanas por pessoas que têm dificuldade para dormir. Mas, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a venda do medicamento cresceu 560% no Brasil entre 2011 e 2018. Médicos ouvidos pela BBC Brasil apontam que o uso do zolpidem pode causar dependência e alertam para a sua indicação inadequada e por longos períodos de tempo – o que vem acontecendo com jovens que possuem distúrbio de ritmo, ou seja, dormem tarde e tem dificuldades em acordar cedo para estudar ou trabalhar. 

Diabetes 1, uma crise global pouco citada 

Apesar do diabetes tipo 2 corresponder a 95% dos casos de diabetes em todo o mundo, o diabetes de tipo 1 tende a surgir mais cedo na vida e pode matar rapidamente um indivíduo sem o acesso ao diagnóstico e tratamento – que envolve o uso diário de insulina. E, segundo um levantamento realizado pela JDRF, organização sem fins lucrativos de pesquisa da diabetes de tipo 1, muitos países ainda não têm acesso aos tratamentos básicos para a doença – considerados de alto custo para pacientes e suas famílias. Segundo o índice, 6,85 milhões de vidas serão perdidas até 2040 caso o acesso gratuito e universal a diagnósticos e tratamentos para a doença não se torne uma realidade.

Leia Também: