Retrocesso sem fim na saúde mental

Luiz Fernando Pezão assina o decreto que entrega a segurança pública do Rio ao Exército (Crédito: Beto Barata/PR)

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O Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas deu vários passos atrás e aprovou uma resolução que enfatiza abstinência e internação…

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INTERNAR E PUNIR

Como a gente contou aqui na semana passada, o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas deu vários passos atrás e aprovou uma resolução que enfatiza abstinência e internação. O Outra Saúde traz hoje uma longa análise desse processo e mostra como ele se relaciona às mudanças na Política Nacional de Saúde Mental e mesmo à intervenção federal do exército no Rio de Janeiro.

E NOS ESTADOS UNIDOS…

Depois do último tiroteio em uma escola na Flórida, o presidente Trump defendeu que se construíssem ou reabrissem instituições para internação de doentes mentais. Pegando esse gancho, ontem o New York Times apresentou o debate e contou a interessante e triste trajetória da saúde mental no país: como os hospitais psiquiátricos se transformaram (rapidamente) em meros repositórios de gente e com toda a sorte de abusos, como a legislação tentou substituí-los por um sistema de cuidados baseado na comunidade… E como isso também falhou – vários governos estaduais não se comprometeram, e o que se viu foi o retorno, nas últimas décadas, do encarceramento em massa dessas pessoas. Mas, agora, nas prisões.

CARNE FRACA, SÓ NO MERCADO INTERNO

Começou ontem a terceira fase da operação Carne Fraca, agora voltada só para aves e para uma única empresa, a BRF (formada pela fusão da Sadia e Perdigão).

A BRF e o ministro da agricultura, Blairo Maggi, dizem que o consumo de frago brasileiro não oferece risco à saúde, apesar das fraudes para esconder a  salmonella e apesar de alguns países não permitirem essa presença. O Ministério suspendeu a exportação de três frigoríficos para a União Europeia e mais 11 destinos.

AGROTÓXICOS

Esta semana, um juiz federal em São Francisco, EUA, vai ouvir o que cientistas têm a dizer sobre o glifosato – é o princípio ativo do agrotóxico RoundUp, o mais usado no mundo. Com base no que ouvir, ele vai decidir se fazendeiros e famílias de pessoas com câncer vão poder continuar com as mais de 300 ações legais que existem contra a empresa por lá.

E uma série de fotos no El País conta como o lindano, um pesticida hoje sabidamente carcinogênico, afetou o povoado galego de O Porriño.

ENGENHARIA GENÉTICA

A Rede Brasil Atual discute essa semana a entrada no país de técnicas de engenharia genética sem estudos suficientes quanto ao risco à saúde. Em janeiro, uma resolução da CNTBio estabeleceu que pode decidir sozinha sobre isso.

NÃO ESTÁ FÁCIL PRA NINGUÉM

Ainda como consequência do vazamento da Hydro Alunorte em Barcarena (PA), os deputados estaduais vão denunciar, em organismos internacionais, as empresas mineradoras da região e os estados brasileiro e norueguês. Enquanto isso, trabalhadores da Hydro fizeram um ato ontem em frente à sede do Ibama pedindo o fim do embargo às atividades da empresa. É que, com a diminuição das atividades, eles estão com o emprego em risco.

VACINAS POLÊMICAS

A vacina contra a dengue é tema de discussão no Le Monde. Nas Filipinas, mais de 800 mil crianças foram imunizadas desde março de 2016, mas no fim do ano passado a farmacêutica Sanofi, que produz a vacina, revelou que ela é arriscada para quem nunca pegou a doença.

E o HPV mobilizou ontem a BBC. Controversa, a vacina contra esse vírus começou a ser oferecida pelo SUS em 2014. Como a resposta imunológica cai com a idade, a imunização em massa é recomendada para pessoas entre 9 e 14 anos. Porém, no ano passado o Ministério da Saúde estendeu a oferta para até os 26 anos. A vacina é produzida pela gigante Merck e, nos laboratórios privados, custa R$ 300 a dose.

FEBRE AMARELA

A doença veio para ficar, é o que diz o coordenador de doenças da secretaria de estado de saúde de São Paulo sobre a febre amarela.

Mas… conta o G1: para o secretário de saúde David Uip (do mesmo estado), apesar dos desafios a situação está “sob controle”; e o secretário de Vigilância em Saúde (do Ministério) diz que “nós não podemos estar discutindo surto de febre amarela em 2019”

Boicote às vacinas e corte de verbas são enormes problemas no controle da doença, afirma à Carta Maior a bióloga Maria de Fátima Siliansky, da USP.

Rapidinho: O SUS vai começar a oferecer um teste que detecta a febre amarela em 20 minutos.

MAIS INTELIGENTE

Já que estamos na seara dos diagnósticos, vale ler esta entrevista de Lorelei Mucci, professora de Harvard, ao Estadão. Ela defende que, como as formas avançadas do câncer de próstata podem estar associadas ao estilo de vida, o rastreamento deveria ser personalizado de acordo com o perfil e risco de cada paciente.

À BRASILEIRA

Veio da Fiocruz Paraná uma descoberta que pode melhorar o tratamento da leucemia infantil. Pesquisadoras desenvolveram uma molécula que tem potencial terapêutico mas com menos efeitos colaterais. E ainda vai ser mais barato – hoje, a medicação disponível, usada por quatro mil pessoas, é importada pelo governo.

A FOME À ESPREITA

A Radis deste mês traz, na matéria de capa, o risco de o Brasil voltar ao mapa da fome. Em destaque, as histórias do semiárido, o impacto da austeridade na vida de pequenos agricultores e o porquê de termos chegado até aqui. Tem também uma entrevista com o agrônomo José Graziano da Silva, que foi responsável pela implementação do Fome Zero e hoje é diretor da FAO.

SAÚDE PRA QUÊ?

Se é preciso um argumento econômico, este estudo português pode servir. Ele diz que os cuidados prestados pelo Serviço Nacional de Saúde evitam que os trabalhadores percam mais dias de trabalho do que se o SNS não existisse, diminuindo os prejuízos econômicos e de produtividade.

No mesmo país, o Bloco de Esquerda apresentou um projeto de resolução para acabar com as parcerias público-privadas na saúde. “As parcerias público-privadas na saúde representam uma factura que está sempre a crescer e que está a prejudicar o SNS. Primeiro porque transfere para privados centenas de milhões de euros que devem ser investidos, de forma directa, no Serviço Nacional de Saúde; segundo, porque se está a dar recursos aos grupos privados para crescer, engordar e debilitar a prestação pública de cuidados de saúde”, diz o documento. É um discussão que a gente aqui conhece bem.

DORIA FECHA AMAs

A CBN afirma que, em São Paulo, a reestruturação da rede municipal de saúde inclui o fechamento de 88 unidades de Assistência Médica Ambulatorial integradas às UBS. Falta ouvir a secretaria municipal.

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