Por que só 13% dos adultos tomaram o reforço da bivalente

• Desigualdade na cobertura vacinal • ANS questionada por aumento de planos de saúde • Convênios suspensos • Dengue faz ministra da Saúde do Peru renunciar • Acordo de saúde de migrantes e refugiados •

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O governo federal liberou a vacina bivalente contra a covid para todos os brasileiros maiores de idade no dia 24 de abril, há quase dois meses. Mas por enquanto, apenas 13% dos adultos já tomaram a dose de reforço, com números ainda mais baixos entre os jovens, conta a Folha de São Paulo. O ministério da Saúde age: promove a conscientização, combate as fake news e mobiliza campanhas de imunização por meio do Movimento Nacional pela Vacinação. Porém, especialistas consultados pela reportagem apontam que outros fatores têm sido mais fortes até aqui, como a sensação de que a covid-19 já não é oferece um risco tão grande – e as variações de disponibilidade da vacina de cidade para cidade, já que o ministério autorizou os municípios a definirem como distribuíram o imunizante. Para Margareth Dalcolmo, da Fiocruz, “a proteção adicional que se obtém contra as novas variantes que circula é muito alta”, e a dose da bivalente deve ser tomada.

Municípios mais pobres tiveram pior cobertura vacinal contra covid

Pesquisa liderada por epidemiologistas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) identificou que, na campanha de imunização contra a covid-19 no Brasil, os “municípios com pior cobertura foram aqueles mais pobres, com menor escolaridade média, e maior população negra”, como explica matéria d’O Globo. Publicado na revista Vaccine, o artigo que apresenta os resultados da pesquisa conclui que a desigualdade do país incide fortemente sobre as taxas de vacinação – ainda que as campanhas públicas ofereçam a imunização gratuitamente. Os números ajudam a ilustrar: os municípios de escolaridade média mais alta tiveram 43% mais cobertura de doses de reforço do que os do outro extremo da comparação; os de população mais branca alcançaram 24% a mais que os de população mais negra; e os mais ricos, 21% a mais que os mais pobres. 

ANS é questionada sobre reajuste nos planos de saúde

A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) pediu à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) esclarecimentos sobre o aumento nos planos de saúde individuais e familiares autorizado pelo órgão no mês passado, informa o G1. Vinculada ao ministério da Justiça, a Senacon é encabeçada hoje pelo ex-deputado federal do PT e ex-presidente da OAB-RJ, Wadih Damous. O reajuste, que tem um teto de 9,63%, é alvo de um cabo de guerra: para os usuários da saúde suplementar e as entidades que os representam e defendem, é considerado excessivo. Para as operadoras dos planos, não cobre nem o crescimento de suas despesas – como vêm defendendo em uma visível campanha na grande imprensa. Para Artur Monte Cardoso (UFRJ), tudo indica que esse “é um conflito insolúvel”. Com esses elementos, é possível prever que a crise do setor privado da saúde – com a piora e o encarecimento dos serviços já se desenhando para os usuários –  será prolongada.

Agência suspende venda de 31 convênios de 9 operadoras

A ANS determinou a suspensão de 31 planos de saúde oferecidos por 9 operadoras devido a reclamações recebidas durante o primeiro trimestre deste ano, noticiou o Estadão. Ao ler a lista, salta aos olhos que 15 dos 31 planos suspensos fazem parte da rede Unimed – uma das maiores redes de saúde suplementar do Brasil. A proibição valerá a partir da sexta, dia 23/6. “Esses planos só poderão voltar a ser comercializados para novos clientes se as operadoras apresentarem melhora no resultado no monitoramento”, afirmou o diretor de Normas e Habilitação de Produtos da ANS. Só no primeiro trimestre, a agência recebeu mais de 43 mil reclamações. É um sinal da crescente insatisfação da população com os planos de saúde, cada vez mais caros, mesmo realizando cortes e endurecendo suas exigências.

Ministra da Saúde do Peru renuncia após surto de dengue

“A presidente da República, Dina Ercilia Boluarte Zegarra, aceitou a renúncia da ministra da Saúde, Rosa Gutiérrez Palomino, a quem agradece por seu trabalho esforçado e honesto”, diz um comunicado do governo do Peru divulgado nas redes sociais na quinta passada (15/6). Como explica matéria do Uol, a ministra Gutiérrez vinha sofrendo fortes críticas por sua condução desastrosa de um surto de dengue no país, que já causou 248 mortes e ultrapassa os 25 mil contágios. Dados da OPAS apontam que os números “são 365% superiores à média dos últimos cinco anos”. Ontem (19/6), o governo de Dina Boluarte, surgido da derrubada de Pedro Castillo, anunciou o ex-parlamentar de direita César Vásquez Sánchez – que enfrenta acusações de tráfico de influência, segundo o jornal limenho La Republica – como seu novo ministro da Saúde. Também no Brasil, a doença assusta: com 1.016 óbitos, 2022 foi o ano com mais mortes pela dengue desde os anos 80.

OMS promove novo acordo internacional de saúde de migrantes e refugiados

Em evento promovido pela Organização Mundial da Saúde no Marrocos, 48 países lançaram a Declaração de Rabat, que busca “fortalecer o compromisso global com a saúde de refugiados e migrantes”, segundo nota da organização. Integrantes do Ministério da Saúde representaram o Brasil na cúpula, onde assinaram a Declaração e apresentaram a outros Estados as políticas públicas brasileiras voltadas para essas populações. “Temos a contratação de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) migrantes, planos municipais de saúde que incluem metas sobre migração, mediadores interculturais, cartilhas para migrantes e direitos à saúde ou sobre o funcionamento do SUS, entre outras experiências”, enumerou Ana Luiza Caldas, do Departamento de Saúde da Família e Comunidade (Desco). O secretário-adjunto da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps), Felipe Proenço, apresentou a “ampliação das equipes da Estratégia Saúde da Família em Boa Vista, visando apoiar o atendimento dos migrantes” na fronteira com a Venezuela.

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