PÍLULAS: Uma notícia preocupante na luta contra o câncer

• Covid atrasa luta contra o câncer • SRAG em alta • Vacina contra chikungunya • Soterramentos e falta de política habitacional • Maconha medicinal no Brasil • Cobaias pegaram covid de propósito • Por que caminhar é saudável • América Latina e apartheid vacinal •

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Uma notícia preocupante na luta contra o câncer

Na véspera do Dia Mundial do Câncer, o Dr. Hans Henri P. Kluge, Diretor Regional da OMS para a Europa, fez um alerta sobre os impactos catastróficos da pandemia na luta contra a doença. Nos últimos dois anos, a triagem, o diagnóstico e o tratamento do câncer retrocederam de uma maneira sem precedentes, à medida que os serviços de saúde lutavam para responder aos impactos do coronavírus. A última pesquisa Global Pulse, feita pela OMS, mostra uma interrupção de 50% do cuidado ao câncer no continente europeu. Durante os estágios iniciais da pandemia, o diagnóstico de tumores invasivos caiu 44% na Bélgica; na Itália, os exames colorretais diminuíram 46% entre 2019 e 2020; na Espanha, o número de cânceres diagnosticados em 2020 foi 34% menor do que o esperado. Em 44% dos países ao redor do mundo, relatou-se aumento nas pendências de serviços para rastreamento de câncer no segundo semestre de 2021. E a tendência é preocupante, dado que a força de trabalho e os sistemas de saúde seguem sobrecarregados.


As doenças respiratórias continuam causando muita preocupação

Os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) crescem com força há seis semanas, conforme o Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe – e causam preocupação em termos de possível sobrecarga do atendimento no país. O nível, no Brasil inteiro, é considerado muito ou extremamente alto. Em 2022, foram notificados 35.279 casos de SRAG, sendo 16.593 (47,0%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório: 10,6% de influenza A, 0,1% influenza B, 2,3% vírus sincicial respiratório (VSR), e 79,5% Sars-CoV-2. Os números indicam recuo da epidemia de influenza. O aumento atual dos casos de SRAG está fundamentalmente associado à covid-19, diz Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.


Vacina contra a chikungunya está na reta final, diz o Butantan

O imunizante está nas últimas etapas de testagem, diz o Instituto, que está desenvolvendo a vacina em parceria com a farmacêutica francesa Valneva. Os resultados finais deverão estar prontos em seis meses, quando os dados clínicos serão consolidados. Sua comercialização no mercado global pode alcançar uma receita acima de 500 milhões de dólares anuais por volta de 2032. A vacina VLA1553 é administrada em dose única. É capaz de “deletar” parte do genoma do vírus causador da doença. O vírus possui alta transmissibilidade por ser transportado por um mosquito, o Aedes aegypti, e se espalha de maneira especialmente grave no Nordeste.


Condenados ao risco de morrerem soterrados

Não é um fenômeno novo – tampouco imprevisível – a ocorrência de tragédias causadas por deslizamentos de terra, gerando dezenas de mortes e a expulsão de centenas de moradores de suas casas. Os episódios se repetem todos os anos. Não há uma política pública preventiva e as ações de governos são apenas reativas – depois que o caos já foi instaurado. Desde o fim de 2021, o volume alto de chuvas na Bahia e Minas Gerais causou 51 mortes nos dois estados. Em 2022,chegou a vez de São Paulo: segundo a Defesa Civil estadual, 24 pessoas morreram e 1.564 famílias estão desabrigadas ou desalojadas. As cidades paulistas onde as mortes ocorreram já tinham 902 áreas de risco mapeadas previamente. 23,08% das comunidades com moradias precárias no Brasil estão próximas de rios, canais e córregos e 18% em barrancos. A arquiteta e urbanista Raquel Rolnik falou ao Nexo sobre a importância da auto-organização e do trabalho fundamental de sistemas de alerta da Defesa Civil. Mas que continuarão ocorrendo tragédias enquanto uma política habitacional justa não for prioridade. Todo planejamento de uso e ocupação do solo no país segue sendo movido apenas visando a especulação imobiliária, avalia a pesquisadora.


Dois anos depois, os entraves da maconha medicinal no Brasil

Em 2019, a Anvisa autorizou a venda de produtos à base da cannabis. Doze produtos já foram aprovados no país e os números de pedidos de importação de medicamentos explodiram: de 850 autorizações para a compra de remédios em 2015 para mais de 33 mil pedidos em 2021. À época de sua liberação, duas propostas corriam na Anvisa: uma buscava autorizar o plantio para fins medicinais e científicos, e a outra, o registro de medicamentos à base da planta. Venceu a segunda, e a primeira foi engavetada. Não legalizar o plantio no país ainda é uma das principais críticas de advogados e ativistas, que consideram que a legislação não democratiza o acesso por meio do cultivo doméstico. Um dos produtos mais baratos à base do canabidiol custa entre R$ 300 e R$ 400 o frasco. Diante da negativa da Agência Sanitária para o cultivo, mais de 150 habeas corpus já foram expedidos pela Justiça para permitir o plantio e a produção de remédios caseiros, sem o risco de criminalização. O projeto de lei 399/2015 quer alterar a legislação em vigor para regulamentar o plantio de maconha para fins medicinais e tornar viável a venda de medicamentos.


Você pegaria coronavírus de propósito?

Em uma oportunidade única de estudar infecções virais em detalhes, jovens saudáveis foram voluntariamente expostos à covid. Esse estudo inédito ocorreu no Reino Unido, com 34 indivíduos, entre 18 e 30 anos, e provou que esses tipos de ensaio podem ser feitos em segurança. Os resultados foram publicados em 1º de fevereiro no servidor de pré-publicações da Research Square – e ainda não foram revisados ​​pelos pares. Quase metade dos participantes que receberam uma dose baixa de vírus não foram infectados, e alguns dos que contraíram a doença não apresentaram sintomas. Os participantes que desenvolveram a covid relataram sintomas leves a moderados, incluindo dor de garganta, coriza e perda de olfato e paladar. “Ele apresenta um avanço potencialmente importante em como avaliar a eficácia futura de vacinas e medicamentos”, diz Miles Davenport, imunologista da Universidade de New South Wales, na Austrália. Estudos de “desafio humano” têm sido usados ​​há décadas para estudar influenza, malária e inúmeras outras doenças infecciosas. Alguns cientistas ainda questionam se os resultados obtidos são importantes o suficiente para justificar os possíveis riscos aos participantes.


A evolução explica porque andar é saudável

Exercícios não são apenas uma atitude saudável dos idosos. Antes isso, foi uma necessidade codificada pela seleção natural nos genes humanos. É o que sugere uma teoria, a “hipótese dos avós ativos”, diz o New York Times. Os sapiens ancestrais que envelheciam em boa forma contribuiriam mais para sobrevivência dos seus netos, diz a teoria. Nossos primos primatas caminham menos de três quilômetros por dia, argumenta o biólogo Daniel Lieberman, da Uuniversidade Harvard, inspirador e defensor dessa ideia. Os povos caçadores-coletores modernos geralmente percorrem nove quilômetros ou mais. O resumo desse raciocínio é que a atividade física teria sido estimulada pela evolução. Hoje em dia, como também parece desencadear processos fisiológicos que promovem a saúde, foi redescoberta pelos sapiens contemporâneos como uma forma de preservar a boa saúde.


Latino-americanos estão no topo do apartheid vacinal

A América Latina e o Caribe continuam sendo a região mais desigual do mundo na luta contra a covid, afirmou dia 2/2 a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne. Mesmo que 63% das pessoas na região já tenham sido vacinadas, apenas 14 países e territórios vacinaram 70% de sua população. Os outros 14 não conseguiram atingir nem 40% de cobertura. Mas Etienne anunciou que a oferta de vacinas deverá aumentar em 2022. Doações de alguns países ricos já totalizam 26 milhões de doses. Além disso, o Fundo Rotatório da OPAS já adquiriu quase 100 milhões de doses e está a caminho de adquirir outras 200 milhões de doses este ano.

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