PÍLULAS: O que é preciso saber sobre a ômicron BA.2

• Variante BA.2 • Covid longa em crinças • Posso não vacinar meu filho? • Vacina de spray nasal • Soro antiofídico de difícil acesso • Como funcionam as N95 • A poluição dos “voos fantasmas” • Manual de termos científicos em Libras •

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Ômicron: o que é preciso saber sobre a subvariante BA.2

Uma semana após terem sequenciado pela primeira vez a variante ômicron, os cientistas sul-africanos identificaram outra cepa parecida, que nomearam BA.2. Embora sua prima tenha se espalhado mais rapidamente, a partir de novembro, ela parece estar tomando a dianteira em alguns países da Europa e Ásia. Pela análise dos cientistas ouvidos pela revista Wired, não parece ser motivo de preocupação – até agora. A subvariante BA.2, ao que tudo indica, é um pouco mais transmissível que a ômicron “original”, mas não há registros de que seja mais perigosa ou que tenha mais poder de burlar a imunização das vacinas. No entanto, há um alerta a ser feito: se ela conseguir enganar os anticorpos criados pelo corpo contra a BA.1 – ou seja, se causar reinfecção naqueles que já pegaram a ômicron – poderá causar uma nova onda dentro da onda. Os hospitais no Brasil e em outras partes do mundo não estão prontos para isso. Mas ainda não há indícios de que isso acontecerá…


Covid longa aparece também em crianças

A covid é um risco grande para crianças com comorbidades, mostra uma pesquisa feita pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. A pesquisa mostrou que um número alto delas desenvolve a chamada covid longa, quando os efeitos da doença (dor de cabeça, cansaço, dificuldade de concentração e sono) se prolongam mesmo após a infecção – em alguns casos, persistem por até 12 meses. A maioria delas se recupera bem, mas 22% mostraram alteração cardíaca nos exames mesmo após curadas. O estudo é mais um reforço da importância de que o país acelere a vacinação infantil.


Consequências aos pais que não vacinarem seus filhos

Em entrevista da professora de direito e coordenadora da Cátedra Unesco para a Educação, Nina Ranieri, ao jornal da USP, ela diz que os municípios podem decidir sobre punições aos pais de crianças que não forem vacinadas, a partir de regras gerais estabelecidas pela União. Em São Paulo, por exemplo, há uma lei que não permite a matrícula em escolas de crianças até 18 anos sem a apresentação da carteira de vacinação. Propagadores de notícias antivacina argumentam que a vacina contra covid não está no Plano Nacional de Imunização, portanto não pode ser exigida. Mas a jurista defende: “é uma medida de saúde pública que visa ao bem-estar da coletividade e, portanto, sua obrigatoriedade independe da legislação”. A medida também está protegida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que classifica como “obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias”. E também dá o valor da multa: “quem descumprir a determinação de vacinação estará sujeito a uma multa de 23 salários de referência”, informa Nina.


Teremos, em breve, a primeira vacina de spray nasal?

Uma matéria do jornal New York Times lança luz a uma possível nova esperança para um melhor controle da pandemia de covid: as vacinas de spray nasal. A indiana Bharat Biotech, produtora da Covaxin, já autorizada em muitos países, está trabalhando em um imunizante que é pulverizado no nariz das pessoas, e pode ser uma alternativa mais viável para conter o vírus. É uma esperança especial para a contenção da ômicron, que justamente se localiza nas vias respiratórias superiores, como nariz e garganta – justamente onde a vacina atua. No Brasil, pesquisadores da USP e do Incor também estão trabalhando em um imunizante de spray nasal – mas a fase de testes teve de ser interrompida por falta de indústria capaz de produzir o fármaco…


Picadas de cobra: onde falta soro antiofídico no Brasil

Em nossa nota principal de ontem, Outra Saúde tratou do tema das doenças negligenciadas e seus desafios durante a pandemia, e hoje voltamos a um tema que foi abordado apenas de passagem: o problema das picadas de cobra. Ou melhor, a falta de acesso ao soro antiofídico nos estados brasileiros. Em um artigo publicado na revista Plos One, os pesquisadores Ricardo Dantas e Diego Ricardo Xavier, do Icict, e Maurício Gonçalves e Silva, do IBGE, apontam as dificuldades geográficas de acesso ao antídoto contra picadas de serpentes em tempo hábil para um tratamento eficaz. É um problema maior na região Norte, especialmente em estados amazônicos onde a população é muito espalhada pelo território e os deslocamentos são difíceis. Com os dados da pesquisa, os governos estaduais e municipais podem desenvolver melhores estratégias de distribuição do soro ou investir em transporte de emergências, e assim ajudar a mitigar uma doença que atinge milhares ao ano.


A ciência por trás das máscaras N95

Uma matéria publicada na revista Wired dedicou-se a explicar o maravilhoso funcionamento das máscaras N95, já tão comuns em nosso cotidiano. Seu segredo, em suma, é que elas têm um elemento a mais de proteção, para além do tecido que faz o bloqueio: elas são carregadas eletricamente. Deixemos as explicações físicas sobre prótons e elétrons para aqueles que se interessarem em ler o artigo, mas o que acontece é que em vez de terem carga neutra, as máscaras são feitas de um material cujas moléculas são polarizadas. Assim, as fibras das N95 não apenas bloqueiam pequenas partículas, mas também podem atraí-las com a interação elétrica, para que fiquem presas à máscara – impedindo os aerossóis de atravessarem o tecido.


Os “voos fantasmas” inúteis e poluentes

A Lufthansa, companhia aérea alemã, declarou que, em dezembro de 2021, mais de 27 mil aeronaves decolaram ou pousaram no aeroporto de Frankfurt, na Alemanha. Cerca de 890 todos os dias. Acontece que muitas delas não carregavam passageiros. A prática, alvo de crítica por ambientalistas e ativistas no mundo todo, é para as empresas protegerem seus slots – o equivalente a uma vaga que permite seu titular o direito de pousar ou decolar em aeroportos congestionados. Segundo o Greenpeace, se a prática da Lufthansa de operar voos sem passageiros fosse replicado em todo o setor na Europa, as emissões de dióxido de carbono seriam equivalentes a 1,4 milhões de carros poluentes. Com a pandemia da covid, a baixa demanda por voos tem forçado cada vez mais a prática. Hoje, um sistema feroz de concorrência sustenta enorme especulação por vagas de aeronaves nos maiores aeroportos, afetando tanto companhias de grande como pequeno porte.


Como se fala “medula espinhal” em Libras?Professores da Universidade Federal do Piauí se uniram para montar um manual inédito de Libras para as disciplinas de Ciência e Biologia nas escolas. O material traz termos específicos das disciplinas para auxiliar professores e alunos surdos. Vocabulário relacionados a células, tecidos, músculos, ossos, sistemas circulatório, urinário, digestivo, nervoso, respiratório e reprodutor estão ao alcance de mais pessoas a partir de fotos que explicam os gestos. Os pesquisadores pedem ajuda para a difusão do manual gratuito. Um grande passo para a comunidade surda brasileira.

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