PÍLULAS: Covid: o debate sobre a aplicação da 4ª dose no Brasil

• E a quarta dose? • Ômicron chega a 95% das infecções • A volta da dengue e chikungunya • A inovação dos farmacogenéticos • A esperança nas “superenzimas” • Vacinação na América Latina • Eco-ansiedade •

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Covid: o debate sobre a aplicação da 4ª dose no Brasil

O governo de SP anunciou no último sábado (5/2), durante evento de vacinação infantil, que planeja iniciar a 4ª dose de imunização para toda a população do estado. Permitida desde dezembro do ano passado, ela é destinada para pessoas imunossuprimidas, como transplantados e pacientes de câncer. A cidade de Botucatu, no interior do estado, que recebeu a vacinação em massa contra a covid-19 entre maio e agosto do ano passado, decidiu aplicar a quarta 4ª em idosos após alta de internações. O reforço extra já é administrado em países como Israel e Chile, focado em profissionais da saúde e idosos, e não se limita à população imunossuprimida. Não há consenso entre os cientistas sobre a necessidade de uma outra dose de reforço para a população em geral. Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que “não há dados” para recomendar a quarta dose contra a covid a toda a população, segundo noticiou a Folha.


Ômicron já é mais de 95% dos genomas de covid no país

Novos dados da Rede Genômica Fiocruz mostram que em 30 dias a ômicron dominou completamente o cenário pandêmico – passando de 39,4% do total de genomas virais sequenciados, em dezembro, para 95,9% em janeiro. Esses resultados põem em relevo as inovações tecnológicas desenvolvidas na Fiocruz para lidar com grandes crises sanitárias, das quais a covid é um exemplo. Houve avanços notáveis no conhecimento. Essa análise de agora envolveu 3.739 genomas (produzidos entre 14 a 27 de janeiro) e diversas unidades de sequenciamento, como no Amazonas, Ceará, Pernambuco, Paraná, Bahia e Minas Gerais. A amostragem refere-se a testes RT-PCR em tempo real realizados em cada UF. A Rede Genômica Fiocruz desenvolveu a plataforma ViralFlow, que automatiza vários processos e permite que pesquisadores possam estudar amostras do vírus da covid de forma centralizada e ágil.


Epidemia de dengue e chikungunya preocupam São Paulo

O Centro de Vigilância Epidemiológica em São Paulo não descarta a possibilidade de uma epidemia de dengue e chikungunya, cujo pico, conforme o padrão da doença, costuma ser em março e abril. De acordo com a Rádio Eldorado, os números devem aumentar em relação aos observados até 31/1: 2.028 casos de dengue (com uma morte), cinco de chikungunya e um de zika. E é possível que aumentem fora do padrão. Isso pode ocorrer dependendo de um regime forte de chuva ou de dificuldades criadas pela expansão explosiva da ômicron. Seria o caso, por exemplo, de duplas infecções, observa Dalton Fonseca, assessor técnico do centro de vigilância, entrevistado pela Eldorado: aconteceria se uma pessoa com covid acabar desenvolvendo a dengue simultaneamente.


Um procedimento para se medicar de forma segura

Os chamados testes farmacogenéticos são capazes de identificar, com base no DNA, quais remédios se adequam melhor ao perfil do paciente, e estimar se a dose precisa ser maior, igual ou menor do que a indicada na bula. Com a interação gene-droga, cria-se para cada paciente uma escala de risco de efeitos adversos e até mesmo sugestão de doses. Esses exames já são muito frequentes na oncologia e na psiquiatria, mas podem ser ampliados. O indivíduo recebe um kit de autoteste em casa, coleta células da bochecha utilizando um cotonete, coloca-o em um envelope e o devolve ao laboratório. Depois, a amostra é sequenciada a fim de identificar os genes associados aos medicamentos – e podem ajudar a prever o risco de doenças.


“Super-enzimas” que comem plásticos

Os dados mais recentes indicam que 367 milhões de toneladas de plástico foram produzidas globalmente, em 2020, e que dessa montanha mais de 10 milhões de toneladas estejam indo parar no mar, todos os anos. Achou-se agora, diz o jornal The Guardian, um aliado microscópico contra a acumulação dos plásticos, a bactéria Ideonella sakaiensis, descoberta pelo microbiologista Kohei Oda do Kyoto Institute of Technology, no Japão. As sakaiensis vivem no mar e podem decompor plásticos PET. Os cientistas a acharam após uma triagem de micro-organismos que poderiam crescer em plásticos. Verificaram que a sakaiensis pode se multiplicar em pedaços de PET e usá-los como nutriente, degradando o plástico no processo.


A rejeição às vacinas na América Latina

Embora a América do Sul seja, de longe, o continente mais vacinado do mundo, preocupa a rejeição das populações da região aos imunizantes. A iniciativa COVID19 DivulgAÇÃO Científica, ligada à Fiocruz, elaborou o infográfico abaixo com alguns dados sobre o assunto, tendo como foco a América Latina. Espantam os 60% de haitianos que não querem se vacinar – e o fato de que todos os países com população negacionista de mais de 30% estarem na América Central. Enquanto isso, seus vizinhos El Salvador e República Dominicana tem altas taxas de aceitação das vacinas. Não surpreende o primeiro lugar do Brasil, nesse quesito, visto o grande sucesso da campanha de vacinação por aqui. Mas ainda é preciso avançar mais: 20% da população ainda não tomou nenhuma dose.


Psicanálise para curar tensão climática

A ideia não é nova, diz o jornal The New York Times, e não foi levada a sério, a princípio. Mas as organizações profissionais acham agora que deviam ter dado mais atenção ao assunto, e procuram meios de tratar as ansiedades que, aparentemente, têm origem nos fatos relacionados às mudanças climáticas. O campo está se expandindo rapidamente, registra o jornal. Cita a Climate Psychology Alliance, que presta um serviço online de terapia no ramo, e a Good Grief Network, uma rede de apoio a pessoas que precisam de ajuda. Estão surgindo programas de certificação profissional em psicologia climática. A Eco-ansiedade, “um conceito introduzido por jovens ativistas, entrou no vocabulário dominante”. Aparentemente, não se trata mais, apenas, de temperaturas excessivas e costas submersas por degelo – o desequilíbrio climático chegou à mente.

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