PÍLULAS | Patentes: economistas pedem que Índia rejeite acordo da OMC
• Diabetes cresce no Brasil • Ultraprocessados na alimentação • Saúde indígena • Como combater racismo nas publicações de saúde • Combate ao HIV dá mais um passo no Brasil • Compartilhamento de dados sobre florestas • Havia vida há 4,28 bilhões de anos •
Publicado 18/04/2022 às 06:00 - Atualizado 14/04/2022 às 19:37
Grupos da sociedade civil, pesquisadores e economistas, entre eles, o Prêmio Nobel de economia, Joseph Stiglitz, escrevem ao primeiro-ministro indiano, Nahendra Modi, instando-o a rejeitar uma “proposta enganosa e ineficaz” na OMC. Porque, dizem, “não consegue renunciar às regras de propriedade intelectual e ergueria novas barreiras ao fornecimento global de vacinas, tratamentos e testes”. A carta é uma crítica a última versão do acordo relacionado ao comércio de propriedade intelectual, que, além de restrito às vacinas, cria novas barreiras contra a transferência de tecnologia para combater a covid. Eles disseram que o “texto vazado reflete os interesses das empresas farmacêuticas […]” e está “em contraste com a liderança inspiradora da Índia e da África do Sul para uma renúncia significativa às barreiras de propriedade intelectual”.
O custo anual da diabetes no Brasil
Na semana passada, um estudo da Vigitel, do ministério da Saúde, mostrou como o número de brasileiros acometidos pela doença cresceu, atingindo 9,14% da população. Nessa esteira, um estudo USP e Unicamp estima que os custos anuais para tratar a doença superam R$ 10 bilhões entre gastos diretos e indiretos – e essa soma pode alcançar R$ 27 bi até 2030. A pesquisa, que tem como base dados do IBGE de 2013, calcula os custos que incluem gastos médicos com internações, atendimento ambulatorial e remédio popular fornecidos pelo SUS. Ainda segundo o estudo, os homens representam a maior parte dos gastos por hospitalização; pessoas com 55 anos ou mais representam 80,7% do montante. Entre os custos indiretos, o levantamento levou em conta fatores como a perda de produtividade, morte prematura e aposentadoria precoce em decorrência da diabetes.
Ultraprocessados confrontados em índice de qualidade de dieta
Pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da USP desenvolveram um novo índice para avaliar a qualidade da dieta da população brasileira com base nas recomendações de alimentação saudável propostas pela American Heart Association (AHA), e que foi publicado na revista científica Frontiers in Nutrition. É o primeiro documento que inclui os alimentos ultraprocessados em sua métrica, explica Leandro Cacau, do departamento de nutrição da universidade, à Agência FAPESP. O índice foi desenvolvido a partir da avaliação aplicada em 14 mil brasileiros, e serve como referência para saber se a população está atingindo as recomendações de uma dieta saudável para a saúde cardiovascular.
Para que indígenas cuidem de indígenas no SUS
Presidente do Conselho Regional de Enfermagem do estado (Coren-AM) se reuniu na última terça, 12/4, com lideranças da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) para debater planos de inserção dos profissionais de enfermagem indígenas no mercado de trabalho. Segundo a nota publicada no site Conselho Federal de Enfermagem, 14 mil trabalhadores atuam hoje no sistema de Atenção à Saúde Indígena no Brasil; destes apenas 56% são indígenas. Entre as equipes de enfermagem, cerca de 30% dos técnicos ou auxiliares são indígenas, o equivalente a 1,1 mil trabalhadores. Já entre os profissionais de nível superior, a participação indígena é bem menos significativa. Até 2018, apenas 150 enfermeiros faziam parte das equipes em um universo de 1,8 mil trabalhadores da saúde indígena.
Saúde da população negra, tópico contra o negacionismo
O blog “Saúde em público”, da Folha, destacou diversas publicações e artigos científicos que sustentam que há implicações racistas nas publicações de saúde. Os autores citam um editorial da revista científica Cadernos de Saúde Pública, da Fiocruz, que defendeu enfaticamente os recortes raciais nas pesquisas para enfrentar as desigualdades. Investigações internacionais mostram que elas prevalecem mesmo quando há ajustes socioeconômicos de renda ou escolaridade, mostra o texto, que expõe também dados importantes sobre a realidade brasileira: mulheres negras têm mais risco de sofrer violência obstétrica e os óbitos maternos atingiram 65% delas; na cidade de São Paulo, apesar de mais jovem, a população negra foi proporcionalmente mais afetada pelo coronavírus, apontou um estudo do Instituto Pólis.
HIV: Brasil vai pedir certificação do fim da transmissão de mãe para filho
O governo quer conquistar o certificado de eliminação da transmissão vertical (de mãe para filho), do vírus da aids como problema de saúde pública, e que é emitido pela OMS. O documento representa não erradicação completa, mas que o país atingiu níveis mínimos desse tipo de contágio. E isso seria um marco dos primeiros 40 anos desde que o primeiro caso de HIV foi identificado no país. São dois parâmetros levados em conta pela organização, que é o número de crianças infectadas, segundo o ano de nascimento, pelo número de gestantes HIV positivas do mesmo ano; o outro é o que relaciona o número de crianças infectadas, segundo o ano de nascimento, e o número de nascidos vivos naquele mesmo ano.
Por um novo modelo de compartilhamento de dados sobre florestas
Cientistas de 27 instituições defendem um “acordo radicalmente novo” para mais abertura e transparência sobre as informações florestais, fundamentais para o monitoramento e até para a construção de políticas de preservação da biodiversidade. Segundo informou a Agência FAPESP, esse é um dos principais pontos colocados em debate em artigo de opinião publicado na revista Nature Ecology and Evolution e assinado por 25 pesquisadores de 27 instituições e universidades de vários países, entre elas quatro brasileiras. A necessidade, segundo os pesquisadores que lideram a proposta, é chamar a atenção para as condições de trabalho desiguais de quem trabalha em campo de pesquisa e que gera esses dados, pois eles não dispõem de acesso aos mesmos treinamentos, infraestrutura e recursos.
Evidências da possível forma de vida mais antiga da Terra
Cientistas acreditam ter encontrado pistas de micróbios, em microfósseis, localizados perto de fontes hidrotermais no Quebec, Canadá, e que poderiam estar prosperando apenas 300 milhões de anos após a formação do planeta – e pode ser a evidência mais forte de que a vida começou muito antes do que se supõe. Se confirmado, sugeriria que as condições necessárias para o surgimento da vida são relativamente básicas. “Se a vida é relativamente rápida para surgir, dadas as condições certas, isso aumenta a chance de que exista vida em outros planetas”, disse Dominic Papineau, da University College London, que liderou a pesquisa. A datação científica nas rochas sugere que esses microfósseis teriam, possivelmente, 4,28 bilhões de anos. Antes disso, os mais antigos relatados datavam de 3,46 bilhões a 3,7 bilhões anos atrás.