PÍLULAS | Metas climáticas para o Brasil e desmatamento de Terras Indígenas
• Covid e maus cuidados às gestantes • Covid longa • HIV sem antirretrovirais? • Livro conta a história do SUS de maneira surpreendente •
Publicado 07/04/2022 às 06:00 - Atualizado 07/04/2022 às 00:28
Territórios da Amazônia têm registrado uma aceleração das taxas de desmatamento nos últimos anos. Algumas delas, como a Terra Indígena Apyterewa, no Pará, são especialmente afetadas, ameaçando as metas internacionais assumidas pelo Brasil de combate à derrubada da floresta e mitigação dos impactos das mudanças climáticas. O alerta está na carta Proteja as Terras Indígenas da Amazônia, publicada na revista Science. Segundo noticiou a Agência FAPESP, o texto é assinado pelos pesquisadores Guilherme Augusto Verola Mataveli, da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e Gabriel de Oliveira, da University of South Alabama (Estados Unidos). Mataveli explica que o Brasil conta com boas leis ambientais para reagir à devastação. Mas que “é o primeiro passo, que deve ser associado a outros de longo prazo, como a promoção da educação ambiental, a valorização da floresta em pé que promova a geração de renda às comunidades na Amazônia e a retomada e fortalecimento de ações previstas no Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal. No passado, elas já se mostraram efetivas”, afirma à agência.
Covid e o aumento de mortes de grávidas
Um estudo brasileiro que foi publicado no The Lancet Americas entrevistou parentes de 25 mulheres que morreram em decorrência do vírus, durante a gravidez, para melhor atender a experiência da busca por atendimento no sistema de saúde. A pesquisa concluiu que ele estava despreparado para receber grávidas ou puérperas com sintomas de covid-19 — algumas, em melhor estado, chegaram a percorrer até cinco centros de saúde antes de receberem o tratamento. O Brasil teve uma das maiores mortalidades maternas em decorrência da doença. Foram, no total, 1.948 óbitos, a maior parte em 2021. A maioria (59%) de mulheres grávidas mortas por covid-19 no Brasil não tinha comorbidades.
Mais pistas para entender a covid longa
A dica pode estar nas células imunes. Os estudos mais recentes implicam dois tipos de glóbulos brancos – macrófagos nos pulmões e monócitos no sangue – que, uma vez infectados com o vírus, desencadeiam a inflamação. Os estudos também fornecem evidências conclusivas de que o vírus pode infectar e se replicar em células imunes àquelas que apresentam antígenos, como os linfócitos T. Segundo conta a Nature, estudos mostram que, infectadas com Sars-CoV-2, elas podem desencadear uma resposta inflamatória massiva que contribui para a sequela. Os estudos mais recentes implicam dois tipos de glóbulos brancos – macrófagos nos pulmões e monócitos no sangue – que, uma vez infectados com o vírus, desencadeiam a inflamação. Os estudos também fornecem evidências conclusivas de que o vírus pode infectar e se replicar em células imunes. Ainda assim, as células imunes infectadas podem ser a chave potencial para o desenvolvimento de medicamentos, diz Jian Zheng, imunologista da Universidade de Iowa, EUA.
Tratamento experimental controla o HIV sem antirretrovirais
Dois homens portadores do HIV conseguiram mantê-lo sob controle após interrupção do uso dos medicamentos. O tratamento, experimental, é conduzido pelo virologista Ricardo Sobhie Diaz, da Unifesp, que publicou resultados preliminares, animadores, em janeiro. Ainda há trabalho adiante. A ideia é, inicialmente, reduzir ao máximo a quantidade do HIV no organismo e então aplicar uma vacina capaz de eliminar os vírus remanescentes. Empregam-se no início cinco ou seis antirretrovirais, em vez dos três ou quatro usuais. Na segunda etapa, experimentou-se uma vacina elaborada a partir de células de defesa saudáveis do próprio paciente. Como se esperava, ela ativa ao menos algum nível de resposta imune nos pacientes testados, avaliam os pesquisadores.
Livro: SUS, uma reforma revolucionária
“Um livro para quem quer saber mais sobre o SUS”, de acordo com uma modesta avaliação do autor, esse texto também alça voos inesperados, perscrutando, por exemplo, a guerra biológica lançada pelos conquistadores espanhóis Cortés e Pizarro contra os astecas e os incas, ou as supostas divergências entre Fidel Castro e Barack Obama sobre o SUS. Mas acima de tudo, se trata de um livro esclarecedor, tendo em conta a complexidade do admirável sistema de saúde pública brasileiro, que deve ser aproveitado por leigos e também profissionais de saúde, de gestores de políticas públicas a especialistas já familiarizados com a saúde pública e a ousadia de criar e manter o SUS num país como o Brasil. Professor de Saúde Pública da USP, Paulo Capel Narvai prestou excelente serviço à ideia de que a saúde é um direito que deve ser assegurado pelo Estado.