PÍLULAS | ConecteSUS: falhas prevalecem meses após ciberataque

• OMS critica Europa • Ultraprocessados nas escolas • Cidades e crise climática • Vacinas e ômicron • Puberdade precoce • Como se forma uma memória • Estudos sobre o sono •

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Reportagem da Folha mostra diversos depoimentos de pessoas que estão enfrentando uma saga para terem seus dados vacinais registrados ou corrigidos, após o ataque hacker em dezembro passado e que retirou do ar os dados sobre imunização, notificação de casos, internações e mortes da plataforma do ministério da Saúde. Muitos com o passaporte vacinal deficitário são impedidos de realizar viagens internacionais, ou mesmo de ingressar no semestre vigente do curso universitário. Muitas vezes, são meses de espera até que as vacinas sejam registradas. Segundo alguns relatos, quando recorrem ao SUS, são orientados a retornarem ao local onde foram vacinados e constatam que o cadastro foi preenchido corretamente; em alguns casos, há o desencontro de informações presentes na plataforma do governo e o registro – de que a pessoa tomou apenas a segunda dose, sem passar pela primeira, por exemplo. Em nota, a pasta joga a culpa para os estados e municípios.


Covid: Europa é repreendida pela OMS

Vários países europeu impuseram o fim das restrições criadas para combater o coronavírus. Agora, estão testemunhando aumentos acentuados nas infecções, provavelmente ligadas à nova subvariante BA.2, mais transmissível. A Organização Mundial de Saúde se manifestou, dizendo que países como Alemanha, França, Itália e Grã-Bretanha suspenderam suas restrições à covid “brutalmente”, e muito cedo. As infecções estão aumentando em 18 dos 53 países da região, segundo Hans Kluge, diretor da região da Europa da OMS. Na última terça-feira, a organização afirmou que foram registrados 5,1 milhões de novos casos e 12.496 novas mortes na região nos últimos sete dias.


Proteção nas escolas contra a invasão dos ultraprocessados

Falta de acesso às merendas durante a pandemia e o enfraquecimento da agricultura familiar ameaçam milhões de crianças devido à insegurança alimentar. Durante o fechamento das escolas, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) sofreu com falta de repasses para a continuação da distribuição de alimentos em várias escolas. Com isso, grupos alimentícios têm aproveitado o momento para ampliar a disponibilidade de alimentos com alta adição de açúcares, gordura e conservantes. Observando esse risco, a organização ACT Promoção da Saúde desenvolveu uma cartilha contra a interferência das indústrias. Também expôs as estratégias das empresas, que utilizam desde gincanas escolares, oferta de materiais à formação de professores e distribuição de brindes para fazer marketing agressivo. A cartilha também alerta que, além de prejudicar a autonomia político-pedagógica, a entrada de empresas no ambiente escolar confunde especialmente as crianças menores, que não são capazes de diferenciar conteúdos de aprendizagem daqueles da comunicação mercadológica.


Como as cidades tentam se adaptar à catástrofe climática

Chuvas mais fortes e frequentes como as que atingiram a cidade de Petrópolis (RJ), que deixou 233 mortos em fevereiro e, mais recentemente, outras cinco no último final semana, já são esperadas no contexto das mudanças climáticas. Apesar disso, políticas de adaptação para esse cenário ainda são raras nas cidades brasileiras. Essas medidas são aquelas necessárias para uma determinada população se adaptar às novas realidades, seja para diminuir sua vulnerabilidade diante grandes secas, inundações ou ondas de calor. Segundo o jornal Nexo, elas podem ocorrer tanto na forma do planejamento urbano e arquitetônico, quanto no plano econômico. O debate caminha lado a lado à criação de formas de mitigação dos efeitos da mudança do clima, como a redução de emissões de gás de efeito estufa. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC), os impactos humanitários já estão em curso, e 3,6 bilhões de pessoas vivem em contextos que são altamente vulneráveis à mudança climática. No Brasil, o principal documento que aborda a questão é o Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima, com estratégias para a agricultura, recursos hídricos, segurança alimentar, riscos de desastres, entre outras áreas.


Células matadoras: como as vacinas ampliam o escudo contra a ômicron

Produzidos antes do surgimento de novas variantes de preocupação, a capacidade dos imunizantes em conter infecções foi driblada pelas cepas que foram surgindo. Entre elas, a ômicron, responsável pelo maior registro de casos de coronavírus do mundo. Ao mesmo tempo, os recordes de contágio não se traduziram em aumentos proporcionais de hospitalizações e óbitos pelo vírus. Isso se deve por uma proteção celular ampliada pelas vacinas. Um estudo com pacientes imunizados pela Pfizer, Moderna e CoronaVac, publicado no periódico científicoScience Translational Medicine, mostrou que os imunizantes criam uma escudo relacionado às “células matadoras naturais”, que identificam e atacam as células infectadas pelo Sars-CoV-2. O mesmo mecanismo também foi identificado contra as variantes beta e delta. O achado é importante, afirmam os estudiosos, principalmente para impulsionar campanhas em países em que ainda persiste baixa cobertura vacinal.


Puberdade precoce em meninas e os riscos que ela implica

A idade média em que as meninas passam pela transição hormonal vem caindo ao longo dos anos. Os pesquisadores ainda não conseguem dizer com certeza o motivo, mas há uma série de hipóteses, entre elas mudanças na alimentação e nos estímulos ambientais. Quando algumas mudanças, como o aparecimento de pelos e crescimento de mamas começam a ocorrer a partir dos oito, especialistas consideram como puberdade precoce – o esperado é que as características apareçam entre 10 e 12 anos de idade. Quando ela ocorre precocemente, todos esses hormônios estão sendo produzidos antes do tempo, gerando uma série de consequências para sua vida e sua saúde. Uma das consequências é o impacto na estatura, além de maior chance de causar obesidade infantil, traumas emocionais, a sexualização precoce e risco de gravidez indesejada, em caso de abuso sexual. Especialistas afirmam que há formas de tratá-la.


Estudo sobre a complexa formação de uma memória

Pesquisadores observam o que acontece diretamente no cérebro quando memórias são formadas, e por que causam traumas mesmo após décadas do ocorrido. Em estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences, a partir da análise do cérebro de peixes de laboratório, uma equipe da Universidade do Sul da Califórnia expõe descobertas sobre como alguns tipos de memória são registradas de maneira mais volátil e facilmente apagável, enquanto outras, que envolvem o medo, podem ser armazenadas de forma mais robusta. A partir de marcadores de proteína fluorescentes, conseguiram identificar exatamente a localização das sinapses que iam se formando e mudando enquanto induziam a criação da memória nos animais. Eles esperam que essa busca possa ajudá-los a examinar os mecanismos envolvidos nas memórias que desencadeiam o transtorno de estresse pós-traumático e levar a estratégias potenciais para moderar essa condição.


O observador do sono

O médico Sergio Tufik começou a estudar os efeitos do sono há quase 50 anos e formou um dos grupos de pesquisa mais produtivos nessa área no mundo. Em 2009, ele conduziu um estudo que descobriu que 32,9% da população da cidade de São Paulo tem apneia do sono – quando ocorre o fechamento total ou parcial das vias respiratórias várias vezes durante o sono. Observou que durante a pandemia, mais da metade dos entrevistados em uma pesquisa alegou piora do sono. Ainda no começo de sua carreira acadêmica, estudou os impactos no cérebro causados pela privação de sono. Após participar de um congresso internacional, se tornou um dos maiores nomes no país na área, reuniu grandes especialistas e fundou a Sociedade Brasileira do Sono. Hoje, continua à frente do Instituto do Sono, onde um dos trabalhos é preparar atletas e melhorar seu desempenho a partir de técnicas para uma melhor noite dormida. À revista Pesquisa FAPESP,  ele conta mais sobre os estudos que fundamentam as descobertas sobre o sono e recomendações sobre como dormir melhor.

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