PÍLULAS | Altas temperaturas causam mortes na Índia
• Aquecimento global e pandemias • Raiva em Minas Gerais • Nova terapia contra sequelas da covid • Depressão e bactérias no intestino • Documentário sobre mulheres pré-históricas •
Publicado 04/05/2022 às 12:07
O estado de Maharashtra, no oeste da Índia, registrou 25 mortes desde o final de março devido às temperaturas superiores a 40 graus que assolam o país; a maioria das vítimas na zona rural. Cientistas associam o início precoce de um verão intenso às mudanças climáticas e alertam que mais de 1 bilhão de pessoas na Índia e no Paquistão são vulneráveis ao calor extremo. As altas temperaturas começam também a impactar a economia do país, já que a falta de chuvas irá comprometer a colheita de trigo deste ano – recurso utilizado para o abastecimento interno e também para exportação, do qual a Índia é a segunda maior produtora mundial.
Como o aquecimento global favorece novas pandemias
O que as mudanças climáticas têm a ver com novas pandemias? Estudo recente publicado na revista Nature busca explicar. Com o aumento das temperaturas, prevê-se que diversas espécies abandonem a região do Equador em busca de habitats mais confortáveis. Essa movimentação causará novos encontros entre espécies e, consequentemente, a infecção de novos animais, por vírus antes restritos a regiões específicas. E essa migração de patógenos, que vão saltando entre espécies, é perigosa também para o aparecimento de novas epidemias em humanos, afirmam os pesquisadores ouvidos pela revista. E o maior perigo está nos mamíferos, que além de compartilharem semelhanças genéticas conosco, estão mais propensos a migrar para para áreas urbanas.
Terceira morte por raiva humana começa a alarmar Minas Gerais
A Secretaria de Saúde do estado confirmou, ontem, a morte de uma menina indígena de 12 anos em decorrência da moléstia. Ela estava internada em Belo Horizonte, em uma UTI, desde o início de abril. Este é o terceiro caso da doença confirmado no estado – nenhum deles sobreviveu. Ainda que aparente ter pouca expressão, os casos que vêm surgindo em MG suscitam dúvidas, pois o último óbito ocorreu em 2012; o último caso registrado, em 2021. A doença é transmitida a partir do contato de seres humanos com animais infectados pelo vírus Lyssavirus, da família Rabhdoviridae. Nas áreas rurais, morcegos, cavalos e raposas podem transmiti-lo. Existe uma vacina, ela pode ser aplicada pré ou pós-exposição ao vírus. Em comum, é que todas as vítimas viviam em aldeias indígenas – o que levanta questionamentos acerca da cobertura vacinal e da abrangência da cobertura de saúde em locais remotos. Há um quarto caso sendo investigado.
Terapias “iluminam” um bom caminho contra sequelas da covid
Pesquisas inovadoras podem aliviar pacientes que foram acamados por longos períodos, precisaram ser entubados e tiveram complicações respiratórias – fatores que elevam o risco de mortalidade. Segundo informou a Agência FAPESP, o estudo de terapias à base de luz, conhecidas como fotobiomodulação e fotodinâmica, aliadas a técnicas como laser, estão apresentando resultados promissores. No primeiro caso, a luz é aplicada para estimular o metabolismo, contribuindo para a proliferação de células e cicatrização de feridas. Outro benefício é que alivia a dor. O estudo foi conduzido por grupos do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Óptica Básica e Aplicada às Ciências da Vida e publicado na revista Laser Physics Letters.
A depressão pode estar também em seu intestino
Estudo publicado pela revista Nature aponta que a composição da flora bacteriana intestinal fica alterada em pacientes com depressão. A descoberta revela que a conexão entre cérebro e intestino vai além da função gastrointestinal e pode estar relacionada a transtornos mentais. Altos níveis de estresse podem estar relacionados ao desregulamento da microbiota intestinal e é no intestino se encontra mais de 90% da serotonina presente em todo o corpo humano – neurotransmissor que, se encontrado em baixas quantidades no cérebro, pode resultar em doenças psiquiátricas como a depressão.
Documentário desafia visão patriarcal sobre mulher pré-histórica
Uma antiga representação das sociedades pré-históricas – segundo a qual as mulheres eram apenas mães e objetos de desejo masculino, enquanto os homens caçavam e proviam alimentos – está em xeque. Baseado em pesquisas recentes, o livro e documentário francês Lady Sapiens: the Woman in Prehistory argumenta que se trata de uma visão simplista e com nítido viés patriarcal. Apoiado em avanços recentes no estudo dos ossos, túmulos e etnografia pré-históricos, Lady Sapiens destaca a importância das mulheres desta época também como caçadoras e artistas. E vai além. explica a visão predominante até hoje. Ela seria fruto dos preconceitos androcêntricos de pesquisadores do século XIX, e de filmes hollywoodianos de “popularização”, como Mil Séculos Antes de Cristo, de 1966. Ouvidos pelo jornal The Guardian, autores das novas obras sustentam: seu propósito não foi retratar as personagens femininas pré-históricas como “supermulheres” – mas “enxergar o espectro mais amplo de seu papel”.