PEC pode abrir espaço para mercantilização do sangue

• Brasileiros poderão vender sangue? • Centro de emergência contra a dengue • A proteção de povos da Amazônia contra doença de Chagas • Dispositivos para minimizar danos da doença • Desigualdade de serviços médicos em mapa • Seca mata mais de 40 mil somalis em 2022 •

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Uma Proposta de Emenda Constitucional que tramita no Senado pretende tornar legal a coleta de plasma humano pela iniciativa privada, o que pode levar a sua posterior comercialização. Hoje, a comercialização de sangue visando o lucro é proibida no país. A PEC 10/2022 alteraria o artigo 199 da Constituição brasileira, que proíbe a comercialização de órgãos, sangue e seus derivados; em 2001, ainda, a Lei 10.205 regulamentou a coleta, processamento, estocagem, distribuição e aplicação de plasma. Se aprovada, a nova PEC fará com que o sistema retorne ao que era antes da Constituição de 1988, quando existiam bancos de sangue que compravam doações feitas no país.

Governo Lula anuncia centro de emergência contra dengue 

O ministério da Saúde instaurou o Centro de Operações de Emergências de Arboviroses (COE Arboviroses) com o objetivo de criar estratégias de controle de casos graves e óbitos pela dengue – que vem aumentando no país desde o segundo semestre de 2022. Além da dengue, os casos de zika e chikungunya, transmitidas pelo mesmo mosquito aedes aegypti, também estão em alta. A dengue cresceu 43,8% até março deste ano, quando comparado ao mesmo período em 2022, enquanto as notificações de chikungunya escalaram 97%. Até agora, o Brasil conta 73 mortes por dengue só em 2023 – 64 seguem sob investigação. Como mostrou matéria do Outra Saúde, há um agravante no avanço da dengue no país: há cada vez mais surtos em cidades pequenas, em regiões onde ainda não havia notificações de transmissão interna – em especial na região Sul.

O gene que protege povos amazônicos da doença de Chagas 

Cientistas descobriram, recentemente, o motivo pelo qual povos que vivem na Amazônia são menos propensos a contrair a doença de Chagas – causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, transmitido através da picada do inseto barbeiro e que, quando não tratada, leva a insuficiência cardíaca. A explicação encontrada é que o DNA das populações que habitam a região há milênios passou por adaptações que “barram” a entrada do patógeno nas células humanas. No início da pesquisa, o objetivo era apenas entender se existiam sinais de seleção natural entre as populações amazônicas, visto que a floresta é um ambiente de difícil sobrevivência. Para chegar nos resultados, os pesquisadores analisaram o genoma de 118 pessoas que fazem parte de 19 populações nativas que vivem em diferentes partes da Amazônia. 

Dispositivo pode minimizar danos de Chagas 

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, 70% das pessoas infectadas pelo protozoário causador da doença de Chagas não sabem que estão contaminadas. Isso porque a doença, que se não tratada é capaz de causar insuficiência cardíaca, pode apresentar poucos sintomas até afetar a pessoa de forma crônica. Agora, cientistas estudam o uso do modulador da contratilidade cardíaca para reduzir os danos da doença em sua forma avançada, visto que o aparelho consegue  regular os batimentos cardíacos quando estes estão lentos. O modulador, hoje, é produzido por uma empresa norte-americana especializada em ferramentas minimamente invasivas. 

Em mapa, a desigualdade dos serviços médicos no Brasil

A 6ª edição do estudo Demografia médica no Brasil 2023, elaborado em cooperação com a Associação Médica Brasileira (AMB), detalhou em números os contrastes na disponibilidade médica entre os diferentes estados brasileiros. Em  Vitória, capital do Espírito Santo, estão disponíveis 15 médicos para cada mil habitantes, enquanto em Macapá, capital do Amapá, apenas 2 para a mesma quantidade de pacientes, por exemplo. A revista Pesquisa Fapesp elaborou um infográfico (que você vê abaixo) para deixar os dados ainda mais claros e tangíveis. Além da desigualdade entre os estados, foi constatado que as faculdades particulares de medicina são hoje responsáveis por oferecer 90% das vagas a estudantes que desejam ingressar na profissão. “É um movimento de privatização do ensino médico”, observou Mário Scheffer, um dos líderes da pesquisa. Novo Mais Médicos conseguirá transformar cenário?

Fonte imagem: Fapesp

Seca causa mais de 43 mil mortes na Somália em um ano, alerta relatório da ONU

Relatório da ONU apoiado pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, divulgado nesta segunda-feira (20/3), aponta que a seca que atinge a Somália há anos causou a morte de cerca de 43 mil pessoas em 2022, sendo que metade dessas mortes são de crianças menores de 5 anos de idade. O estudo afirma que a situação, somada à instabilidade política, às tensões étnicas e à insegurança, tem levado a um aumento da má nutrição no país do Chifre da África. Além disso, metade da população necessita de assistência humanitária, algo que apenas piorou após os impactos da pandemia de covid e a alta no preço dos alimentos a nível global. As maiores taxas de mortalidade estão nas partes centrais e a sul do país, como as regiões de Bakool, Bay e Banadir. A expectativa da ONU é que, com a divulgação do estudo, mais ajuda humanitária seja enviada pela comunidade internacional.

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