Mais descobertas sobre fármacos que Bolsonaro mandou para a fogueira

• Governo Bolsonaro destruiu mais de R$ 13 bi em remédios • Saúde não tem insumos para fazer “fumacê” contra dengue • Mudanças climáticas em terras indígenas • Plantas medicinais e tuberculose • EUA tentam combater aumento abusivo de medicamentos • Medicamento cura leucemia •

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Os esqueletos não param de cair do armário do governo neofascista de Jair Bolsonaro. Através da Lei de Acesso à Informação, a Folha de S. Paulo descobriu que a administração do ex-presidente incinerou um estoque de medicamentos avaliado em R$ 13,5 milhões, entre os quais constavam duas doses de Spinraza, um remédio que trata Atrofia Muscular Espinhal, doença rara cujos tratamentos são caríssimos. Outros remédios propositalmente desperdiçados dizem respeito a tratamento de HIV/aids, enfermidade viral que foi usada como um dos cavalos de batalha ideológica, uma vez que Bolsonaro desmontou programas de tratamento à doença já assentados no SUS. “Os dados apresentados pelo ministério da Saúde não permitem afirmar que a totalidade dos produtos foi descartada por causa do fim da validade. Em alguns casos, medicamentos podem ter sido reprovados em testes de controle de qualidade ou inutilizados por causa do armazenamento incorreto”, explica a matéria. O escândalo se soma a outro recém-descoberto na Saúde, em que o ministério do general Pazuello deixou vencer 39 milhões de doses de vacina, em prejuízo estimado em R$ 2 bilhões.

Falta “fumacê” para combater a dengue

Mais uma faceta trágica do desmonte neoliberal do Estado brasileiro vem à tona. Diante da alta de infecções de doenças causadas pelo mosquito aedes aegypti, o ministério da Saúde precisa munir as prefeituras de inseticidas nebulizadores dos focos de contágio, em especial de dengue. No entanto, falta o insumo no Brasil e a concorrência global pela sua importação significa que o país deverá esperar ao menos mais 60 dias para consegui-lo. Trata-se de um retrato fiel do desmonte que reduz o Brasil a uma empresa neocolonial. De um lado, foram precarizadas as estratégias de combate territorial aos focos do vírus, feito por trabalhadores menos valorizados e quase invisíveis no SUS. De outro, ampliou-se o retraimento do parque industrial farmacêutico brasileiro, que poderia dar conta de produzir o chamado fumacê. Ao Estadão, a secretária de Vigilância Sanitária e Ambiente, Ethel Maciel, afirmou que os estoques do inseticida no ministério da Saúde estavam zerados.

Pesquisa avalia mudanças climáticas em terras indígenas

As pesquisadoras Sandra Hacon e Ana Schramm, da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fiocruz, viajaram às terras indígenas Pimentel Barbosa (povo Xavante) e Xingu, na aldeia Ulupuene (povo Wauja) para registrar as condições locais e os impactos ambientais nessas duas áreas do estado do Mato Grosso. Com auxílio dos próprios indígenas, o estudo de campo coletou materiais e depoimentos que darão subsídio à pesquisa. A viagem ainda rendeu um trabalho fotográfico que se transformará em exposição na ENSP (Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz). “Chamou atenção do grupo de pesquisa algumas ênfases ressaltadas pelos indígenas referentes às alterações climáticas, como por exemplo, o aumento contínuo da temperatura e da radiação solar no Xingu, a contaminação das águas do Rio Tamitatoala, e a ameaça de contaminação por agrotóxicos dos alimentos, incluindo os peixes. O povo Wauja tem o peixe como a principal fonte proteica de sua alimentação”, contou Sandra Hacon.

Ervas medicinais para a tuberculose?

Mais uma parceria entre as universidades e os povos indígenas brasileiros está em andamento no centro-oeste do país. Sob coordenação de Islândia Carvalho, da Fiocruz Pernambuco, e Paulo Basta, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz), pesquisadores de ambas as instituições irão às terras guarani-kaiowá analisar plantas medicinais e tratamentos fitoterápicos usados pela etnia no tratamento de doenças. A ideia dos pesquisadores é testar as plantas extraídas da aldeia no combate à tuberculose, doença que ainda tem alta incidência na população. Como explica matéria da Agência Brasil, “o estudo tem como ideia central o conceito de intermedicalidade, em que intervenções em saúde consideram também as crenças culturais e práticas terapêuticas dos povos originários. A proposta é obter, com a troca de saberes, um uso seguro desses fitoterápicos em associação com os medicamentos alopáticos indicados para a tuberculose”.

Governo dos EUA tenta combater aumento abusivo de preços de remédios

Diante do incômodo social com o sempre crescente aumento de gastos com medicamentos e dos aumentos excessivos vistos no último trimestre, o governo estadunidense tenta lançar mão de uma ferramenta que mantenha preços mais estáveis. Dessa forma, Biden assinou a “Lei de Redução Inflacionária”, que abarca uma lista de 27 medicamentos que a indústria farmacêutica não poderá reajustar acima da inflação. A medida visa aliviar o financiamento do Medicare, política de Estado voltada a maiores de 65 anos, faixa etária a partir da qual se pode receber subsídios públicos em saúde e cujo gasto per capita atinge níveis preocupantes no país. Caso vendam os remédios da lista definida pelo Estado ao Medicare por valores acima do preço previsto na lei, a multa pode chegar a 125% do valor observado na diferença. 

Comprimido experimental cura 18 pessoas de leucemia

Um medicamento experimental utilizado em pacientes com leucemia conseguiu gerar a remissão completa da leucemia mielogênica aguda, o tipo mais comum e severo da doença. A novidade foi publicada na Revista Nature, mas, por ora, o avanço é parcial, pois os grupos-alvo dos testes eram focalizados em dois subtipos genéticos de pacientes. “Na maioria dos casos, essas terapias direcionadas, por si só, podem reverter a leucemia, mas raramente a curam. A estratégia é combinar esses novos produtos farmacêuticos com a quimioterapia clássica ou outras abordagens”,explicou o hematologista Pau Montesinos, coordenador do Grupo Espanhol de Leucemia Mielogênica Aguda.

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