Para vacinas, congelamento dificulta acesso – mas solução é possível

Vacina do ebola distribuída em países africanos também precisa ser mantida a baixíssimas temperaturas; logística com caixas especiais permitiu distribuição

Vacinas contra ebola mantida a –80 ° C em caixas especiais portáteis. Foto: OMS
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Depois do otimismo com a vacina da Pfizer – que, segundo a empresa, mostrou 90% de eficácia na avaliação preliminar dos testes de fase 3 –, pesquisadores e autoridades do mundo todo estão preocupados com a viabilidade de distribuir o produto. Como já mencionamos aqui, ela precisa ser refrigerada a -70ºC, o que é um problema. Provavelmente vai ser mais fácil para as nações ricas, mas mesmo nelas deve haver diferenças gritantes entre as regiões: a matéria do STAT diz que, enquanto grandes hospitais urbanos nos EUA já estão correndo para comprar congeladores superpotentes, a maioria dos hospitais rurais não vê a menor chance de conseguir pagar por eles. 

Ontem o vice-diretor da Opas, Jarbas Barbosa, disse que nenhum país do mundo está preparado para uma campanha de vacinação com tal especificidade. Ele foi algo otimista ao completar que, quando o imunizante estiver disponível, os países vão tomar medidas para se adaptar, mas disse que se trata de uma situação especial porque nenhuma vacina jamais teve essas características.

Só que um imunizante – não usado no mundo todo, mas importante nos locais onde foi necessário – já conseguiu ser distribuída com sucesso, a menos de -60ºC, em regiões pobres: as vacinas contra o ebola usadas em países como a República Democrática do Congo e Serra Leoa. A logística envolveu caixas com gelo seco para transportar o produto por estradas de terra, lembra Amy Maxmen, jornalista da Nature. Uma antiga reportagem da Wired conta como esse desafio foi superado e mostra que não é impossível.

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