Coronavírus: estudo aponta maneiras de reduzir superespalhamento

Mobilidade de celulares mostrou que lugares fechados como restaurantes e academias causaram 80% das infecções nos primeiros meses da pandemia nos EUA. Redução brusca do teto de ocupação pode evitar espalhamento

Foto: Tânia Rego / Agência Brasil
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Mapeando dados de mobilidade celulares de 98 milhões de pessoas nas 10 maiores cidades dos EUA e utilizando esss dados em modelos matemáticos, pesquisadores conseguiram identificar os locais públicos fechados que mais disseminaram o novo coronavírus nos primeiros meses da pandemia: restaurantes, academias, cafés, hotéis e igrejas foram responsáveis por cerca de 80% das infecções. O estudo, publicado na Nature, confirma o potencial desses lugares como superespalhadores do vírus – surtos têm sido ligados a esse tipo de ambiente no mundo todo. 

O interessante é que o modelo calcula o impacto da redução da ocupação desses locais no número de contaminações: estabelecer um teto de ocupação de 20% da capacidade máxima poderia levar a uma queda de mais de 80% nas novas infecções, preservando ao mesmo tempo 60% dos clientes. Segundo os autores, os números indicariam um caminho para países que se deparam agora com aumentos nos casos e se veem diante da necessidade de decretar novas medidas de restrição de mobilidade. “Não tem que ser tudo ou nada”, diz ao New York Times o autor principal, Jure Leskovec, da Standford University. 

Os dados também sugerem por que pessoas dos bairros mais pobres se contaminaram mais. Um dos motivos, que já conhecíamos, é que elas têm menos possibilidade de trabalhar de casa, e portanto se movem mais. E outra razão estaria na menor segurança dos estabelecimentos nesses bairros: os supermercados em bairros pobres tinham 60% mais consumidores por metro quadrado do que os dos ricos. Em todas as cidades analisadas, lanchonetes e cafés foram visitados com mais frequência por pessoas de alta renda; ainda assim, o risco de transmissão nesse tipo de estabelecimento era muito maior nos bairros de baixa renda. 

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