Ovacionado na COP-27, Lula fala desmatamento zero

• Lula fala de desmatamento zero na COP-27 • Quais os compromissos do futuro presidente com o clima • Egito impede ativistas de protestarem no evento • Nova subvariante da ômicron no Brasil • Pessoas sem reforço vacinal continuam sendo hospitalizadas por covid • Rol taxativo •

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Meia hora de discurso, aplausos e uma série de simbolismos. Assim pode ser resumido o discurso de Lula na COP-27. Primeiramente, porque o ex e futuro presidente e sua comitiva, que inclui a mundialmente respeitada figura de Marina Silva, foram tratados como representantes reais e efetivos do Estado Brasileiro, ainda que Bolsonaro e seu vice Mourão, também secretário especial da Amazônia Legal, ainda tenham 45 dias de mandato a cumprirem. “O Brasil voltou” foi o cântico que ecoou – e seguirá a ecoar – pelo ambiente da cúpula e na mídia de todos os países cujos representantes desejaram sua vitória eleitoral essencialmente pelas questões ambientais.

Os compromissos de Lula: tão ousados quanto urgentes

No discurso, Lula elencou pautas que emperraram na COP-26, de Copenhague, encontro terminado num verdadeiro vexame coletivo. Falou que não há segurança ambiental sem justiça social, cobrou que países líderes na emissão de carbono cumpram um papel mais assertivo nas políticas compensatórias e afirmou compromisso com o desmatamento zero. Em resumo, fez um discurso que recolocou um compromisso do Brasil em cumprir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – Agenda 2030, da ONU. “Este é um desafio que se impõe a nós brasileiros e aos demais países produtores de alimentos. Por isso estamos propondo uma aliança mundial pela segurança alimentar, pelo fim da fome e pela redução das desigualdades, com total responsabilidade climática”, talvez seja a declaração que melhor condense todas as pautas abordadas em sua fala.

COP-27: ativistas são impedidos de protestar

O maior evento sobre o clima vem sendo altamente criticado por especialistas, ativistas, ambientalistas e líderes de países em desenvolvimento devido à falta de ações concretas para responder à urgente crise climática. A ONU e ambientalistas falam no “greenwashing”, termo utilizado para identificar quando um governo, instituição ou empresa se apropria de valores pró-ambiente mesmo que, na prática, não os exerça em ações concretas. Mas a Cúpula de Sharm el Sheikh, Egito, tem um ambiente que parece ser a antítese da liberdade de pensamento crítico do qual a humanidade precisa para dar conta dos desafios da sustentabilidade. O país do norte africano – na prática uma ditadura militar – definiu que manifestações devem ocorrer apenas em zonas específicas, caso contrário, os manifestantes podem ser presos. “Não protestem aqui”, disse Hossam Bahgat, diretor da Iniciativa Egípcia para os Direitos Pessoais, com o objetivo de alertar os egípcios durante um evento da Human Rights Watch realizado na COP na semana passada. Além disso, para ativistas estrangeiros, ir até a COP pode ser difícil e caro demais, como publicou matéria da Wired.

BE.9 é nova variante de covid no Brasil

A Fiocruz Amazonas identificou uma nova cepa de coronavírus e sua variante ômicron. Trata-se da BE.9, subvariante da BE 5.3.1., nascida na própria região de Manaus e identificada em maio. O estado voltou a registrar altos índices de contaminação no último mês e o fim de ano deixa incógnita a respeito do potencial de novas ondas de infecção, uma vez que as subvariantes também aumentam a vulnerabilidade de pessoas com esquema vacinal completo. “Ainda não sabemos qual vai ser a magnitude da nova onda, se ela será um ‘paredão’, como foi com a ômicron no início do ano, ou se vai ser uma subida menor. Mas certamente vamos ter nas próximas semanas um efeito, e por isso estamos acompanhando de perto com a vigilância [em saúde, ligada à secretaria de Saúde do estado] o cenário”, disse o pesquisador Felipe Naveca à Folha.

Enquanto isso, “atrasados” são maioria dos hospitalizados por covid

Ludhmila Hajjar, médica intensivista do Hospital Vila Nova Star em São Paulo (que declinou do cargo de ministra da Saúde após conversa em particular com Bolsonaro e agora aceitou convite de Alckmin para integrar equipe de transição de Lula), alerta que a nova subvariante da ômicron se transmite mais rapidamente. Dessa maneira, cabe reforçar os apelos para que pessoas dos grupos de risco ou que deixaram de atualizar seu esquema vacinal voltem aos postos de saúde para se imunizar. Matéria do Estadão informa que tal público ainda é o de maior destaque nas internações hospitalares decorrentes do coronavírus. E, com a nova onda de infecções que ameaça se potencializar com a subvariante BE.9, os cuidados preventivos precisam voltar à ordem do dia, tanto farmacológicos como não farmacológicos.

Segue a batalha do rol taxativo

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) entrou há duas semanas no STF com pedido de suspensão da lei 14.454, com a finalidade de tornar o rol dos atendimentos dos planos privados taxativo, isto é, restritos a uma lista previamente elaborada pela Agência. No entanto, lei aprovada em setembro torna o rol exemplificativo, de modo que empresas devem ofertar tratamentos não previstos na lista. Como publicou o site Rota Jurídica, na sexta, 11/11, o STF decidiu pela validade da lei sancionada em setembro, após dura batalha política que opôs famílias usuárias a planos privados, e reforçou que o rol é exemplificativo. No entanto, o cenário que se desenha é de aumento da conflituosidade jurídica no tema, como já mostrou o Outra Saúde.

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