COP-27 é marcada por desentendimentos entre Norte e Sul global

• Os conflitos da COP-27 • Renegociação da dívida de países vulneráveis a mudanças climáticas • Multinacionais não diminuem uso de plástico • Vacina contra câncer de mama • Racismo no tratamento contra dependência química

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A 27ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que ocorre no Egito até o dia 18 de novembro, está evidenciando os conflitos entre países desenvolvidos e o chamado G77, no qual estão inseridos Brasil, China, Índia e outras nações do Sul Global. Os países em desenvolvimento apontam a falta de cumprimento de promessas anteriores para o clima por parte dos países desenvolvidos, além da ausência de novos compromissos significativos para o financiamento de iniciativas pró-clima e, por fim, defendem a criação de um órgão para lidar com a reparação de perdas e danos. Os Estados Unidos vêm declarando publicamente que não há verba para reparar perdas e danos climáticos. O país insistiu no uso de créditos de carbono para financiar a transição energética nos países em desenvolvimento, proposta criticada por observatórios e especialistas sobre o clima. As propostas paralelas dos países desenvolvidos – que incluem workshops, encontros, mesas redondas ministeriais e documentos técnicos – são vistas pelo G77 como alheias à urgência da crise climática.

Países mais afetados querem renegociar dívida 

Diplomatas dos países mais vulneráveis às mudanças climáticas – o chamado V20 – temem que as negociações terminem sem avanços. Como resposta, o grupo propôs a reestruturação das suas dívidas externas como saída para viabilizar o financiamento climático. O V20 inclui 58 países, entre eles a Argentina; 27 estão na África e outros 11 na América Latina. A ação visa responder ao argumento dos países desenvolvidos – de que não há dinheiro para financiar respostas à crise climática – e oferecer uma saída para garantir verba de combate às mudanças climáticas. Em junho, o V20 lançou um relatório que afirma que os danos com eventos climáticos extremos já custaram 20% das economias das nações do bloco, somando 525 bilhões de dólares nos últimos 20 anos. Historicamente, os países desenvolvidos são os maiores responsáveis pelo aquecimento global, devido ao acúmulo de emissões de gases na atmosfera desde a Revolução Industrial. Desde a Convenção do Clima de 1992, que ocorreu no Rio de Janeiro, esses países são cobrados pelo financiamento das ações climáticas mundiais.

Empresas não cumprem acordo para diminuir plásticos

Há 4 anos, grandes empresas como Colgate-Palmolive, Nestlé, Coca-Cola e L’Oréal assinaram o Compromisso Global para uma Nova Economia dos Plásticos, instituído pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela Fundação Ellen MacArthur, que tem como meta a utilização por essas empresas, até 2025, de embalagens plásticas 100% reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis. Mas o relatório anual da iniciativa mostra que 42% das empresas signatárias ainda não introduziram nenhum modelo de reutilização em suas embalagens. Entre 2018 e 2021, a parcela de embalagens plásticas reutilizáveis diminuiu e está na média de 1,2%. 

Testes com resultados positivos de vacina contra câncer de mama 

A Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, testou uma vacina para o tratamento de diferentes tipos de câncer de mama. Os resultados foram extremamente positivos, com respostas imunológicas por parte das voluntárias após a aplicação. A vacina terapêutica tem como alvo a proteína HER2, conhecida como receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano, normalmente encontrada na superfície de várias células mas super produzida em até 30% dos cânceres de mama – o que pode tornar esses tumores mais agressivos. Foram 66 mulheres com câncer metastático incluídas no estudo; todas alcançaram a remissão completa ou permaneceram apenas com um tumor no osso, de crescimento lento.

EUA: tratamento contra o vício dura menos para pacientes negros e hispanicos 

O fato de que pessoas não-brancas são menos propensas a receber opções de tratamento contra a dependência química já era do conhecimento de pesquisadores da área. Contudo, uma nova pesquisa publicada na revista médica JAMA Psychiatry revela que quando pacientes negros e hispânicos iniciam a terapia com buprenorfina nos Estados Unidos – medicamento mais popular para a recuperação e combate ao impeto de usar a droga –  a duração típica de seu tratamento é menor do que a de pacientes brancos. A análise, que recolheu dados de 15 anos relacionados a prescrição de acordo com raça e etnia, também revelou que a porcentagem de pacientes pertencentes a alguma minoria que permaneceram utilizando buprenorfina por mais de 180 dias – a duração mínima recomendada – foi significativamente inferior à de pacientes brancos. O estudo aponta que essa realidade se intensificou nos últimos anos e os pesquisadores relacionam os resultados com o desemprego ou postos informais somados à falta de assistência médica.

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