Morre Marco Aurélio Da Ros, referência na luta pelo SUS

• Despedida de Marco Aurélio da Ros, inovador na Saúde Pública • Indígenas têm papel de liderança na COP-27 ao lado de Lula • Possível cúpula do clima na Amazônia • 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena • PF e Anvisa fazem operação contra remédios falsos •

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Faleceu nesta quarta, 16/11, o sanitarista e referência na Medicina de Família e Comunidade Marco Aurélio Da Ros, aos 72 anos. Ros foi membro da primeira turma de residência em Medicina Geral Comunitária do Grupo Hospitalar Murialdo, em 1976. Visto como subversivo pela ditadura, chegou a ser preso e teve seus avanços na carreira dificultados, mas sempre foi militante ativo do direito à saúde. “Marcão, como era conhecido por estudantes, colegas e demais militantes do movimento sanitário, foi um aguerrido militante pelo direito à saúde, bandeira política e científica que ganhou materialidade nos debates e na construção do Sistema Único de Saúde (SUS), o qual tanto se orgulhava de ser um dos construtores. A Abrasco se solidariza com a família, amigos e alunos, e lembrará da trajetória de Marcão em prol da Saúde Coletiva brasileira e latino-americana”, lamentou a Associação Brasileira de Saúde Coletiva em seu site.

Um inovador na saúde pública

Professor por 34 anos no Departamento de Saúde Pública da UFSC, também com atuação sindical destacada, Marco Aurélio Da Ros fica na história como uma figura chave em políticas que inovaram seu campo de atuação. Orientado por Sérgio Arouca em seu mestrado, fez parte da célebre 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em Brasília em 1986 e responsável pelo estabelecimento das bases que fundaram o SUS no Brasil, processo do qual o próprio Arouca foi liderança fundamental. Diversas entidades e profissionais da área manifestaram pesar por sua partida, como aSociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, especialidade que ajudou a introduzir em nosso sistema de saúde. “Hoje a história do SUS, que traz a história dos que lutam por um mundo solidário e justo, perdeu um grande líder; e eu perdi um amigo, um professor, uma das minhas principais referências. Que dia triste. Fica a memória, a saudade”, publicou Nésio Fernandes, secretário de saúde do ES e presidente do Conass, em seutwitter.

Lula coloca indígenas em papel de liderança na COP-27…

Enquanto Bolsonaro se esconde e Mourão esquece de seus próprios encargos administrativos no twitter, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, continua sendo o representante de fato do Brasil na COP-27 do Egito. Após ser amplamente saudado pela opinião pública internacional, inclusive por relembrar dos pactos não cumpridos desde a COP-15, de 2009, Lula se reuniu com com representantes do Fórum Internacional dos Povos Indígenas/Fórum dos Povos sobre Mudança Climática. “As pessoas que governam, olham para o mundo com uma lógica completamente diferente da que os povos indígenas olham. Tenho uma consciência moral e ética de que preciso ajudar na reparação pelo que fizeram com os povos indígenas no Brasil”, disse ele, ladeado por importantes lideranças indígenas brasileiras, como Sônia Guajajara.

e convoca Cúpula da Amazônia para 2023

Além de reafirmar a criação do ministério dos Povos Originários, Lula já se articula com presidentes de outros países sul-americanos que têm partes de seu território dentro do bioma amazônico. E, como deixa claro seu discurso, visa deslocar o eixo propositivo dos países centrais do capitalismo para os ditos emergentes. “Em 2023, faremos uma Cúpula da Amazônia, com todos os países que têm parte da Amazônia. Nós nunca nos reunimos para apresentar uma proposta ao mundo. Não é só preservar, mas queremos saber como que o mundo irá nos ajudar a cuidar do que é bom para o planeta Terra todo”, explicou em seu twitter. Sucessor de um presidente que fez discursos notoriamente racistas, Lula reconheceu o direito de os povos indígenas organizarem seu próprio modo de vida. “É necessário dar aos indígenas o direito de trabalhar, plantar, conservar nossa natureza. Estou voltando à presidência com um apoio extraordinário de companheiros indígenas, para tentar fazer uma governança que seja exemplo para o mundo”.

Realizada a 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena

Termina nesta sexta-feira a Conferência Nacional Indígena, que congregou mais de 1,7 mil representantes de povos indígenas brasileiros no Distrito Federal. O evento é desdobramento de etapas distritais e locais e recebeu mais de 2,3 mil propostas de políticas públicas. Como informa a Agência Brasil, as sugestões, que servirão para o ministério da Saúde atualizar a Política Nacional de Saúde Indígena (Pnaspi), se dividiram em sete eixos temáticos: articulação dos Sistemas Tradicionais Indígenas de Saúde; criação do Modelo de Atenção e Organização dos Serviços de Saúde; Recursos Humanos e Gestão de Pessoal em Contexto Intercultural; Infraestrutura e Saneamento; Financiamento; Determinantes da Saúde; Controle Social e Gestão Participativa. “As vozes dos parentes têm força e precisam ser ouvidas. A conferência é o momento do indígena se fazer presente e garantir uma saúde de qualidade para nosso povo”, disse William Uwira Xacriabá, Secretário-Geral da 6ª CNSI.

PF e Anvisa fazem operação contra remédios falsos

A partir de 32 mandados expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal da SJMT (Seção Judiciária de Mato Grosso), a Polícia Federal e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária realizaram uma busca e apreensão em seis estados diferentes a fim de bloquear o comércio de medicamentos falsificados. Também foram cumpridos mandados de prisão em Cuiabá e Campo Verde (MT), segundo oG1. Espalhada por Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, a Operação Autoimune teve início com uma apreensão no aeroporto de Campo Grande de caixas com o princípio ativo neostigmina e o remédio imunoglobulina, este comprovadamente falso, oriundas da Argentina e sem documentação. Segundo a PF, o esquema de venda de remédios inautênticos para doenças autoimunes vinha operando em 65 cidades de 16 estados e movimentou pelo menos R$ 4 milhões.

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