Começou a transição na Saúde

• Governo Lula monta equipe de transição da Saúde e começa a definir estratégias • Covid: subvariante avança e pode representar uma nova onda • PGR tenta livrar Bolsonaro de crimes da pandemia • Pequenos agricultores na COP-27 •

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Uma equipe de nomes com reconhecida trajetória na gestão da saúde pública será responsável pela transição no setor e já está em Brasília. Os ex-ministros Alexandre Padilha e José Gomes Temporão são dois dos principais destaques. Empolgado, Padilha já afirmou em suas redes sociais que “a melhora dos índices de cobertura vacinal de todas as doenças é prioridade do próximo governo. O Zé Gotinha vai voltar”, postou em seu twitter. Nesse sentido, Lula já adiantou que 2023 começará com uma ampla campanha de vacinação, o que se mostra urgente diante do desmonte do Plano Nacional de Imunizações e da impressionante queda na taxa de vacinação no Brasil, que despencou de uma cobertura 95% para cerca de 65% desde 2016. Contornar o recente negacionismo científico será uma das tarefas da futura equipe do Ministério da Saúde.

Definição de estratégias

Além dos citados ministros, Arthur Chioro e o senador Humberto Costa são outros destaques da equipe de transição, que teve o desfalque de David Uip, secretário de saúde de São Paulo no momento do lançamento da CoronaVac pelo Instituto Butantan. Recém-desligado do PSDB e decepcionado com o que chamou de “bolsonarização do partido”, conforme informado na coluna de Monica Bergamo, Uip alegou que irá se dedicar a questões pessoais e familiares. Em seu twitter, Alexandre Padilha também informou que a Organização Pan-Americana de Saúde oferecerá apoio técnico e financeiro para o grupo de trabalho de transição. Vale destacar que a peça orçamentária enviada por Bolsonaro prevê redução de R$ 22 bilhões do orçamento da pasta. Matéria do Globo destaca que a equipe fará um pente fino em todas as medidas administrativas da pasta no atual governo, analisará a redução de medicamentos para pacientes de HIV e revogará o protocolo que permite a prescrição de cloroquina para tratamento de covid.

Covid: Avança a nova subvariante da ômicron

Uma mulher de 72 anos que estava internada com a nova variante ômicron, a BQ.1, teve óbito confirmado na manhã desta terça, na capital paulista. A secretaria de Saúde informou que ela tinha comorbidades, mas não revelou quais. À Folha de S. Paulo, Alberto Chebabo, presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), afirma que “a nova subvariante consegue fugir dos anticorpos, tanto produzidos por quem se vacinou quanto pela infecção natural, o que aumenta a capacidade dela de causar infecção”, e reforça a necessidade de as pessoas se vacinarem, inclusive quem já tem o esquema de duas doses completo. A nova subvariante é combinação de outras variantes da ômicron já disseminadas e chega ao Brasil após uma grande alta de casos na Europa e nos EUA. A OMS ainda não a considera mais grave do que as outras mutações do coronavírus.

Nova onda?

Segundo pesquisador da Fiocruz Marcelo Gomes, devemos contar com a possibilidade de nova onda de covid baseada na variante ômicron, tal como no final de 2021. “A gente sabe que a imunidade natural é temporária, os dados indicam que a gente se infecta e não fica imune para sempre, com o passar do tempo voltamos a ficar suscetíveis. O vírus continua presente, temos essa dinâmica de perda de memória imunológica, é natural”, disse ao programa Central do Brasil, parceria do jornal Brasil de Fato com a TVT. Além disso, a campanha de vacinação infantil patina. Alguns estados já suspenderam a imunização de crianças de 6 meses a 4 anos com comorbidades e o ministério não informa quando chegarão novas doses. “Não conheço nenhuma iniciativa governamental para comprar vacinas atualizadas contra a covid”, afirmou à BBC Brasil o médico José Cássio de Moraes, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e referência em campanhas de imunização.

Limpando a sujeira: PGR tenta livrar Bolsonaro de crimes na pandemia

Em inusitado movimento, a Procuradoria Geral da República, comandada por um chefe que esbanjou leniência com o governo federal, entrou com pedido no STF para revogar 9 das 10 apurações preliminares das responsabilidades do presidente na condução da pandemia. As acusações se baseiam no relatório final da CPI da Covid, que indiciou 72 pessoas e juntou montanhas de evidências sobre a conduta criminosa de Bolsonaro e seu núcleo de governo. Agora, a mão amiga vem da procuradora Lindôra Araujo. Por sua vez, a Frente Pela Vida publicou carta exigindo rigor na condução dos indiciamentos, que não deixam margem para a mínima dúvida a respeito das ações do presidente que, entre outras frases lamentáveis, disse “não posso fazer nada, não sou coveiro”. Na verdade fez, e muito.

Pequenos agricultores vão à Cúpula do Clima

Setenta organizações que representam 350 milhões de pequenos agricultores pelo planeta publicaram carta nesta segunda, 7, na qual exigem que os líderes mundiais reunidos na COP-27, no Egito, reconheçam neles um papel mais preponderante nas políticas públicas de segurança alimentar. “O sistema alimentar global está mal equipado para lidar com os impactos das mudanças climáticas, mesmo se limitarmos o aquecimento global a 1,5 °C”, diz o texto. Matéria do Valor ainda publica declaração de Laura Lorenzo, diretora do Fórum Rural Mundial., na qual afirma que “a alimentação e a agricultura foram deixadas de lado nas negociações climáticas e as preocupações dos pequenos produtores foram ignoradas. Os agricultores familiares de pequena escala precisam de um lugar à mesa e uma palavra a dizer nas decisões que nos afetam”. Com 33 milhões de famintos e uma imensa bancada de proprietários rurais no Congresso, fica a expectativa sobre o papel a ser assumido pelo Brasil em plena transição de governo.

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