Os destaques do primeiro turno

Abstenção recorde, campanha de difamação e naufrágio dos candidatos bolsonaristas marcaram domingo

Urna eletrônica Foto:Nelson Jr./Ascom/TSE
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Candidatos e parlamentares aliados de Jair Bolsonaro começaram ontem uma campanha para espalhar o boato de que uma fraude eleitoral estava em andamento no país.

O conspiracionismo se valeu de uma falha em um supercomputador do Tribunal Superior Eleitoral que atrasou a totalização dos votos de diversas cidades e também de um ataque hacker malsucedido que tentou derrubar o sistema interno do TSE durante a manhã.

Os deputados federais Eduardo Bolsonaro, Bia Kicis e Carla Zambelli foram às redes colocar em dúvida a lisura do pleito e defender o voto impresso, bandeira do presidente – ele próprio um disseminador contumaz de dúvidas sobre as eleições até quando o resultado o beneficia, como em 2018.

As investigações sobre a tentativa de ataque hacker mostram que a operação foi planejada com o fim de “desacreditar a Justiça Eleitoral e eventualmente alegar fraude no resultado desfavorável a certos candidatos”, segundo Thiago Tavares, presidente da SaferNet, que trabalha em parceria com o Ministério Público Federal no monitoramento de fraudes eleitorais.

O nível de abstenção do pleito foi o maior em 20 anos, chegando a uma média de 23% no país. No primeiro turno das eleições municipais de 2016, a abstenção foi de 17,6%.

“As abstenções são as protagonistas destas eleições e vêm acontecendo como a gente vê no resto do mundo, principalmente nas faixas etárias acima dos 55 anos. A tendência das abstenções pode ter mexido no peso de cada grupo de eleitores. Isso deu mais peso para os votos dos jovens de até 30 anos” analisa Mauricio Moura, do Ideia Big Data, no site da Piauí.

Haverá segundo turno em 57 cidades; sendo 18 delas capitais. Em São Paulo, o PSOL conseguiu um resultado inédito levando seu candidato Guilherme Boulos para a disputa contra o atual prefeito, Bruno Covas (PSDB). No Rio, a esquerda não conseguiu emplacar candidato e a disputa ficará entre Eduardo Paes (DEM) e Marcello Crivella. Em Recife, os eleitores vão decidir entre os primos João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT). O G1 tem a lista completa das cidades e disputas do segundo turno.  

Chama atenção que o filho do presidente, Carlos Bolsonaro (Republicanos), candidato à reeleição para vereador no Rio, tenha encolhido cerca de 35 mil votos em relação a 2016. Com cerca 71 mil votos, ficou em segundo lugar como o mais votado, atrás de perdendo Tarcisio Motta (PSOL), que teve cerca de 86 mil votos.

Rogéria Bolsonaro (Republicanos), que também se candidatou à Câmara de Vereadores do Rio, ficou em 226º lugar, com  pouco mais de dois mil votos.

Outros candidatos apoiados pelo presidente naufragaram, caso de Celso Russomano em SP e delegada Patrícia, em Recife. Ambos ficaram na quarta posição.

Segundo levantamento da Folha, o presidente apoiou 59 candidatos: 44 a vereador, 14 a prefeito e um ao senado (na eleição suplementar de Mato Grosso). Além de usar o Palácio da Alvorada para fazer campanha nas últimas semanas, Bolsonaro chegou a postar ontem nas redes sociais um texto de apoio a candidatos, que acabou apagando. 

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