O vazio assistencial na terra yanomami

• O vazio assistencial aos yanomami • As sequelas da desnutrição nos indígenas • Piso salarial da Enfermagem dá novo passo • Lançado programa para reduzir filas do SUS • Vacinas de mRNA contra o câncer? • Greve da saúde no Reino Unido •

.

Reportagem do Estadão oferece um bom retrato do abandono da saúde na Terra Indígena Yanomami. Cerca de 70% das vagas para médicos abertas pelo último edital do Mais Médicos estão vazias. No último ano, apenas uma das dezenove vagas foi preenchida. O cenário de destruição e violência levado pelo garimpo ilegal são a causa mais evidente, mas o assunto também evidencia os planos de liquidação da etnia de Bolsonaro e militares. Mesmo materiais básicos estão em falta nesta TI que conta com 86 postos de saúde espalhados, via de regra casebres moldados para atenção básica, mas hoje semiabandonados. “Na gestão Bolsonaro, houve uma sabotagem das políticas públicas indigenistas, o orçamento foi sendo corroído e isso foi levando à desassistência”. Agora, a campanha de arregimentação de médicos voluntários já recebeu 40 mil inscrições, enquanto o garimpo dá seus primeiros sinais de recuo após operações do governo.

Desnutrição crônica dos indígenas terá sequelas imprevisíveis 

Em entrevista ao Jornal da USP, a professora Primavera Borelli, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, explicou a gravidade clínica do quadro de desnutrição dos yanomamis. Ela afirma que o caso dos indígenas tem paralelo com outros processos históricos de fome imposta sobre determinadas populações, e em muitos casos nem a retomada de uma rotina alimentar normal pode contornar todos os danos. “A professora Lydia Sawaya, da Unifesp [Universidade Federal de São Paulo], trabalha muito com adolescência aqui em São Paulo e tem vários trabalhos mostrando que crianças desnutridas tornam-se adolescentes com obesidade, hipertensão e alterações no crescimento. Dependendo da faixa etária que acomete a população, às vezes é possível recuperar a curva de crescimento, mas algumas funções são comprometidas”. 

MP do Piso da Enfermagem está pronta

Após reuniões com governo e ameaça de greve das enfermeiras, o grupo de trabalho que visa garantir a legalidade e a vigência do Piso Nacional da Enfermagem, já sancionado no ano passado, terminou de redigir a Medida Provisória que deverá ser aprovada pelo Congresso num prazo máximo de 60 dias. “A gente tem a expectativa de que a MP seja concluída ao longo de fevereiro. A nossa convicção é que o piso será pago. A conquista da Enfermagem é histórica. Aprovamos uma lei e uma PEC, colocando o piso como garantia na constituição federal, e a terceira grande conquista é o fundo, que traz uma fonte permanente de recursos”, fala Daniel Menezes, coordenador do Conselho Federal de Enfermagem. Suspensa em liminar concedida pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso por alegada falta de fontes de financiamento, a MP reafirma que o superávit anual dos fundos públicos do governo custeará o piso, o que já estava definido pela PEC aprovada no senado em dezembro. 

Lançado programa nacional de redução de filas

O governo federal lançou o programa nacional para reduzir as filas do SUS para cirurgias eletivas, exames complementares e consultas especializadas. A iniciativa conta com um orçamento inicial de 600 milhões e, entre seus objetivos, está o de “assegurar apoio técnico e financeiro a estados e municípios para responder ao problema crônico das filas de cirurgias eletivas, exames e consultas na atenção especializada”, segundo relata a Agência Brasil. A espera por atendimento, segundo o ministério da Saúde, está relacionado ao envelhecimento da população – mas especialmente devido a pandemia de covid-19, que adiou tratamentos e resultou em sequelas para muitos infectados. 

Pesquisas sobre covid criam novas ferramentas para combater câncer

O desenvolvimento de vacinas que utilizam a proteína mRNA para imunizar a população contra a covid-19 levou cientistas a estudarem a aplicação da tecnologia para combater alguns tipos de câncer. Uma matéria do jornal inglês The Guardian apresentou um estudo em fase inicial da Moderna em parceria com a MSD, que já conseguiu demonstrar que vacinas de mRNA podem dar bons resultados em pacientes com melanoma avançado – além de terem reduzido mortes em 44%. O NHS, sistema de saúde pública inglês, iniciou parceria com o laboratório BioNtech e pretende criar novas vacinas de mRNA para o tratamento do câncer até 2030. Como parte da parceria, pacientes com câncer no Reino Unido terão acesso antecipado a ensaios clínicos a partir do outono de 2023. Se o sucesso do novo tratamento for comprovado, a esperança é que, até 2030, 10 mil pacientes diagnosticados possam ter acesso clínico à tecnologia. 

Maior greve de saúde da história do Reino Unido continua

O movimento iniciado no final do ano passado por trabalhadores da saúde continua no Reino Unido. Até agora, enfermeiros, médicos iniciantes, paramédicos e motoristas de ambulância têm organizado paralisações alternadas exigindo o aumento de salários. Nesta segunda-feira (6/2), as categorias pararam em conjunto para pressionar o governo britânico – o que representou a maior greve da história da saúde no Reino Unido. Os trabalhadores denunciam a situação precária do National Health System (NHS), que vem sofrendo nas últimas décadas com cortes de verba – enquanto as demandas de pacientes aumentam e os profissionais da saúde ficam sobrecarregados. Outras categorias também estão em greve no país, como professores e ferroviários. 

Leia Também: