Suspeitas de rubéola em GO preocupam por queda na vacinação

• Médicos e desigualdade no Brasil • Direito ao aborto é garantido na Espanha • A indústria engana mães e pais para vender fórmula para bebês • OMS quer taxação de bebidas açucaradas •

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Suspeitas de rubéola em GO preocupam por queda na vacinação

Um caso que aconteceu em uma escola em Goiânia (GO) chamou a atenção da Secretaria Municipal de Saúde, na semana passada. Quatro crianças de uma mesma escola apresentaram sintomas de rubéola. Elas foram testadas e o exame clínico descartou o diagnóstico, no entanto, a suspeita reacendeu a discussão sobre a queda na cobertura vacinal e o risco de doenças infecciosas retornarem no Brasil – em especial aquelas cobertas pela vacina tríplice viral: caxumba, sarampo e rubéola. Um estudo do Observatório de Saúde na Infância mostrou que houve 26 mortes por sarampo de crianças menores de 5 anos entre 2018 e 2021. Em 2008, foi registrado o último caso de rubéola no Brasil, mas desde 2014, a cobertura vacinal tem estado abaixo de 90%, com apenas 56,5% do público-alvo vacinado em 2022, como mostra a tabela abaixo. Em 2015, o Brasil sediou a maior campanha de imunização do mundo em número de doses aplicadas, com cobertura acima de 95%. Mas desde então, sua aplicação está em queda preocupante. A vacina tríplice viral é oferecida a partir dos 12 meses de vida.

O número de médicos no Brasil e a desigualdade no acesso à Saúde

A pesquisa Demografia Médica, lançada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em parceria com a Associação Médica Brasileira, mostra que apesar do crescimento no número de médicos nos últimos anos, o acesso à medicina no Brasil ainda é desigual. O índice de 2,6 médicos por grupo de 1 mil habitantes ainda está abaixo da média de países avaliados pela OCDE, embora seja semelhante ao de países como Estados Unidos e Canadá. Mas há um problema de desigualdade dentro do próprio Brasil. A primeira é regional: o Sudeste tem a proporção mais alta, de 3,39 médicos para 1 mil habitantes, enquanto que no Nordeste é de 1,93. Mas a disparidade principal é entre a saúde pública e privada. Ligia Bahia, pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que participou do estudo, destacou que, apesar do aumento no número de médicos no país, o fato de haver mais profissionais na saúde privada é problemático. Ela apontou que o número de consultas médicas realizadas na população brasileira é inferior ao de outros países com números semelhantes de médicos, o que resulta em uma eficiência menor. Por isso, a pesquisadora afirma que é necessário fortalecer o SUS para que a desigualdade seja combatida e o acesso à saúde seja ampliado. “A gente precisa ter um sistema de saúde muito menos privatizado”, enfatiza.

Conservadores tentam mudar lei do aborto na Espanha, mas são derrotados

A Espanha derrotou uma ameaça ao direito à livre interrupção da gravidez em qualquer circunstância. O magistrado conservador Enrique Arnaldo propôs ao Tribunal Constitucional que reavaliasse o sistema de prazos da lei do aborto, vigente desde 2010, além de alegar ser necessário dar mais informações àquelas que buscam o procedimento. A lei espanhola já exige que as mulheres sejam informadas sobre as opções disponíveis, incluindo o aborto e a assistência para ter um bebê, e que tenham acesso a atendimento médico adequado e seguro. Arnaldo queria que fosse dado um “prazo de reflexão” à grávida para que reavaliasse sua decisão. A maioria progressista do órgão de garantia agiu com rapidez para que a proposta fosse logo rechaçada. A nova sentença, que será redigida pela vice-presidente do tribunal e aprovada em um próximo plenário, considera a lei de aborto totalmente constitucional. Ela enfatiza a importância da livre determinação da mulher para interromper sua gravidez e garante que nada ou ninguém possa interferir na sua decisão. 

Amamentação: as mentiras da indústria para vender fórmula

Uma série de publicações sobre amamentação foi lançada pela revista científica The Lancet e mostra como a indústria de fórmulas infantis utiliza o desconhecimento de pais para aumentar suas vendas, minando a amamentação. A série revela que comportamentos como choro persistente são explorados pela indústria como patológicos, justificativa para a introdução de fórmulas – mentira: esse comportamento é natural nos bebês. Aproximadamente metade das mães ao redor do mundo diz ter “insuficiência de leite” como principal motivo para usar fórmulas infantis. A série também mostra como as empresas do setor gastam cerca de US$ 3 bilhões em marketing para propagar que seus produtos aumentam o QI das crianças, sem evidências científicas. O Brasil é signatário do Código Internacional de Marketing de Substitutos do Leite Materno e não sofre com alguns dos problemas reportados no documento. Algumas conquistas do país, no entanto, estão ameaçadas.

OMS quer taxação nas bebidas açucaradas semelhante ao álcool e tabaco

A OMS lançou o seu primeiro manual global para ajudar os governos a implementar a taxação de bebidas açucaradas. Pelo menos 85 países já implementaram alguma medida de taxação para reduzir o consumo de itens açucarados, como refrigerantes e sucos de frutas. O objetivo da OMS é estimular os países a implementar medidas similares às taxações de tabaco e álcool, que foram eficazes para prevenir a mortalidade precoce e as doenças não transmissíveis. Um estudo recente da Universidade de Cambridge na revista Plos Medicine descobriu uma associação entre a implementação da taxação e uma queda de 8% na obesidade em meninas de 10 e 11 anos no Reino Unido. A OMS estima que o aumento de 10% no preço dessas bebidas resultaria em uma redução entre 8% e 13% no consumo.

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