As mudanças climáticas e as tempestades na Índia

• Barbeiro contaminado, encontrado em SP • Ministério da Saúde pensa mudanças na Saúde Indígena • Menos cesáreas na saúde privada? • Os impactos do afundamento do porta-aviões • Pesquisas com patógenos perigosos •

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O aquecimento dos oceanos e as enchentes na Índia

Os efeitos do aquecimento global se mostram cada vez mais fortes na Ásia Meridional, onde prevalece o clima de monções – e os governos não estão preparados para isso. É o que mostra uma reportagem publicada na revista Nature, com foco na Índia. Em algumas regiões do país, comunidades fazem tentativas de uma previsão do tempo que consiga proteger as pessoas. Isso porque as enchentes estão cada vez mais comuns e afetando em cheio populações de algumas áreas do país, como no estado de Kerala, onde está localizado o rio Meenachil. A reportagem explica que as técnicas convencionais de previsão meteorológica, estabelecidas em países de clima temperado, não servem para a região do mundo que fica próxima à Linha do Equador, onde o tempo muda mais depressa. Mas não se trata apenas disso: o clima está perceptivelmente se alterando e afetando o país, percebem cientistas. Essas tempestades estão sendo causadas, em parte, por um Oceano Índico sobreaquecido, que aumentou a temperatura em 1,4 °C desde 1870 – mais do que outros oceanos. E os ventos parecem ter enfraquecido. Isso faz com que os eventos extremos, tanto de seca quanto de chuva, aconteçam mais frequentemente. Para se proteger, a população cria comunitariamente maneiras de medir e recolher dados sobre as condições climáticas – e assim tentar se proteger de seus efeitos.

Alerta: vigilância sanitária de SP encontra inseto transmissor da Doença de Chagas

A descoberta de um inseto barbeiro infectado com o protozoário Trypanosoma cruzi na capital paulista acende uma preocupação para a saúde pública. O inseto barbeiro é conhecido por ser um vetor de doenças, incluindo a tripanossomíase americana, também conhecida como doença de Chagas. É uma doença infecciosa e crônica que pode causar complicações graves, incluindo insuficiência cardíaca e digestiva. A transmissão vetorial domiciliar dessa moléstia no estado de São Paulo é considerada sob controle desde a década de 1970, e não há novos casos de transmissão registrados desde 2006. O fato indica uma mudança nos padrões da zoonose que estariam migrando do ambiente silvestre para o urbano, explica matéria do Jornal da Unesp. Ela recebe pouca atenção do poder público, e é considerada uma das doenças negligenciadas pela Organização Mundial da Saúde.

Nísia Trindade quer mudanças na Saúde Indígena

A ministra Nísia Trindade anunciou a reestruturação da Secretaria de Saúde Indígena do Brasil devido à crise enfrentada pelo povo Yanomami. A Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) é responsável por implementar políticas destinadas às comunidades indígenas – e tem estrutura diferente de outras áreas da saúde pública, em especial porque a Atenção Básica fica a cargo do governo federal. O ministério da Saúde está repensando a Sesai tendo em vista a crítica situação do povo Yanomamis, com problemas como desnutrição, malária, medicamentos vencidos e desvio de alimentos e remédios. Desafios de saúde em comunidades indígenas também estão relacionados com fatores como garimpo e invasão de territórios demarcados – o que exige soluções mais amplas. Nísia frisou que, sem a PEC da Transição, que garantiu que o Programa Bolsa Família estivesse fora do “teto de gastos” sociais, não haveria verba suficiente na área da Saúde para ações desse tipo.

ANS quer diminuir parto cirúrgico feito por planos de saúde

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou a implementação da Certificação de Boas Práticas na Linha de Cuidado Materna e Neonatal (CBP Parto Adequado) em reunião realizada na segunda-feira, 6/2. O objetivo é incentivar as operadoras de planos de saúde e suas redes assistenciais a oferecerem pré-natal, parto e puerpério de qualidade e seguros às mulheres. A medida tenta resolver um grande problema no país: a alta taxa de parto cirúrgico. O Brasil é conhecido por ter uma das maiores taxas de cesárea do mundo, especialmente na saúde privada. “Os dados apurados pela ANS apontam que 81,76% dos partos realizados na saúde suplementar em 2021 foram por via cesariana. Esses percentuais não encontram parâmetro técnico no mundo”, afirmou o diretor de Desenvolvimento Setorial, Maurício Nunes. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a taxa de parto cirúrgico não ultrapasse 10 a 15%. No entanto, muitas vezes as cesáreas são realizadas por motivos que não são de saúde, como conveniência ou preferência pessoal. 

O perigo ambiental do afundamento do porta-aviões São Paulo

A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) se manifestou contra o destino dado ao porta-aviões São Paulo, que pertencia à Marinha brasileira e estava, nos últimos meses, próximo à costa de Pernambuco. A embarcação foi afundada na sexta-feira, 3/2, com a justificativa de não haver solução melhor para dar fim a sua carcaça, já muito deteriorada. O problema é que o navio estava cheio de resíduos tóxicos, em especial amianto (mais de 9 toneladas) e bifenilas policloradas (PCB). Seu afundamento pode causar graves riscos ambientais, e foi duramente criticado por ambientalistas. A autorização para fazê-lo se deu com assinatura tanto do Ministério da Defesa quanto da Advocacia-Geral da União (AGU). A Abrasco “manifesta sua imensa preocupação sobre a potencial ameaça à vida, à saúde e à biodiversidade com possíveis graves prejuízos para a atual e futura geração. Na mesma direção, insta o novo governo a denunciar formalmente e investigar este crime ambiental junto às instâncias legais competentes e iniciar imediatamente o monitoramento da região potencialmente afetada”.

Cientistas alertam para o perigo de pesquisas com patógenos perigosos

Um grupo de cientistas e outros indivíduos preocupados com pesquisas potencialmente perigosas com patógenos humanos está lançando uma organização sem fins lucrativos para promover regras de biossegurança mais rigorosas, reporta a revista Science. O grupo, chamado Protect Our Future, quer evitar “pandemias geradas em laboratórios que poderiam ameaçar a sobrevivência da espécie humana”. Eles esperam mobilizar o público para pressionar por novas leis que sirvam para restringir trabalhos que poderiam aumentar ainda mais a periculosidade de bactérias, vírus e agentes infecciosos já perigosos, ou transformar os inofensivos em ameaças pandêmicas. Eles estão pedindo uma redução no número de laboratórios, uma agência independente para supervisioná-los e uma moratória em pesquisas envolvendo patógenos com potencial pandêmico. A organização também pede uma investigação independente e completa das origens de Sars-CoV-2 e da pandemia de covid-19.

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