O fim da era Ricardo Barros

Crédito: José Cruz/ABr

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Ontem, Ricardo Barros entregou a carta de demissão para Michel Temer durante um evento no Planalto. Volta para a Câmara com o objetivo de presidir a Comissão de Orçamento. E disputar eleições – pela sexta vez – para se eleger deputado federal… 

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TCHAU, BARROS

Ontem, Ricardo Barros entregou a carta de demissão para Michel Temer durante um evento no Planalto. Volta para a Câmara com o objetivo de presidir a Comissão de Orçamento. E disputar eleições – pela sexta vez – para se eleger deputado federal.

Hoje às 15h, Temer recebe o senador Ciro Nogueira (PI) em seu gabinete. Ele é presidente do PP. Devem decidir qual dos nomes indicados pelo partido substituirá Barros. O único conhecido pela imprensa é Gilberto Occhi, atual presidente da Caixa Econômica Federal, que depois de dias de especulação, negou ontem o arranjo. “Eu continuo na Caixa Econômica. Eu não tenho hipótese alguma de ter sido ou convidado ou chamado. Isso para mim é mera especulação”, afirmou. Occhi foi citado na delação de Lúcio Funaro, homem próximo a Eduardo Cunha, como alguém que tinha uma “meta de propina” estabelecida pelo PP para bater todos os meses no banco. Ele desmente.

Em breve, o Outra Saúde publica reportagem de balanço sobre a gestão Ricardo Barros.

PAGOU COM INGRATIDÃO

A notícia de espalhou feito rastilho de pólvora nos círculos da saúde coletiva. Uma das idealizadoras do SUS, a pesquisadora Sônia Fleury, divulgou ontem uma carta em que critica a forma como foi tratada pela atual gestão da Ebape/FGV, instituição na qual trabalhou por 35 anos. O texto suscitou preocupação em um contexto em que a pluralidade política-ideológica na educação vem sofrendo ataques.  Fleury, principal nome do debate sobre seguridade social, foi demitida da Ebape no último dia 13. Sem outro motivo senão a “renovação”, Flávio Vasconcelos, diretor da Escola, e dois membros da direção sequer seguiram o protocolo e agradeceram pelos anos de dedicação.

“Se para vocês uma frase pareceu ser suficiente para me demitir, para mim ficou faltando muito a ser falado. Vou lhes explicitar o que não foi dito, mas que não pode ser interdito”, escreve Fleury, antes de listar um conjunto de contribuições à instituição que vão desde o fato de ser ela a pesquisadora mais produtiva, mais citada e mais lida do corpo docente até o fato de ter colocado dois ministros – Tarso Genro e Walfrido dos Mares Guia – em contato com a FGV o que, segundo ela, “gerou contratos muito expressivos de consultoria”.

A pesquisadora expressa preocupação com a continuidade do trabalho que coordena, o Dicionário Carioca de Favelas. Fruto de uma parceria da FGV com diversas instituições, Sônia Fleury explica que, até o momento, 130 profissionais estão envolvidos na elaboração dos verbetes. A vereadora do PSOL brutalmente assassinada no dia 14, Marielle Franco, era uma das autoras. O projeto vai até agosto de 2019.

“Para finalizar, quero expressar meu desejo de que vocês, ao serem demitidos, encontrem pessoas que tenham capacidade de reconhecimento do seu trabalho, mesmo que nele se inclua a destruição da Administração Pública no interior da Ebape. Finalmente, aproveito para dizer que deixarei com sua secretária as três medalhas de mérito que me foram concedidas pela FGV, em cada uma das décadas de trabalho na instituição. Em tempos de preocupação ambiental, creio que seria mais adequado reaproveita-las ou mesmo reciclá-las”. Assim ela termina a carta. Uma petição pública em solidariedade a Fleury foi aberta ontem, pouco tempo depois da veiculação do texto.

NÃO É RARIDADE

“Somente o oportunismo político-eleitoral pode explicar a mais recente escaramuça a opor Ministério da Saúde e Anvisa”, diz o editorial da Folha de hoje, que trata da disputa em torno da importação, determinada pela Justiça, de medicamentos para doenças raras. Em outubro, o Ministério contratou a Global Gestão em Saúde S. A. para adquirir três drogas. A empresa não apresentou uma declaração exigida pela Anvisa conhecida como DDR e não pode concretizar a compra. Com isso, 303 pacientes foram afetados – e associações de defesa dos doentes afirmam que 13 mortes foram causadas pelo desabastecimento.

A DDR, argumenta a Anvisa, é a forma que o Estado tem de saber que não há risco de importação de remédios falsos e que a empresa contratada é idônea. “O ministério, por seu turno, cogita agora dispensar a apresentação do certificado em seus editais para compras determinadas pela Justiça, de modo a apressá-las”, explica o texto, que continua: “Barros foi além e sugeriu a doentes e seus familiares que processem a Anvisa por bloquear a entrega de remédios já adquiridos por sua pasta. Sob risco de ser multada e ver seu diretor preso, a agência liberou a importação, ressalvando que não poderia assegurar que as drogas sejam verdadeiras”. A Folha conclui dizendo que seria adequado alterar os regulamentos da Anvisa ao invés de fazer campanha contra ela. “Atacar sua autoridade só contribui para minar a confiança do público no sistema público de saúde”, diz. A compra dos medicamentos via judicialização consumiu, em 2017, R$ 1 bilhão.

OUTRO R$ 1 BI

Em tempos de EC 95, o governo federal liberou, por medida provisória, recursos para desafogar os municípios. E, nenhuma coincidência, a informação foi dada ontem por Ricardo Barros – que convocou uma coletiva de imprensa para apresentar um pacote de anúncios antes de entregar a carta de demissão à Temer. A assistência à saúde recebeu R$ 1 bilhão, metade da verba autorizada. “A medida é uma resposta às dificuldades financeiras emergenciais que as cidades estão tendo para garantir o acesso à saúde pública a população”, diz o site do Ministério da Saúde. O recurso será repassado via Fundo Nacional da Saúde e, de acordo com a nova regra, os prefeitos podem aplicar em que ações sanitárias quiserem.

FARMÁCIA POPULAR

No mesmo pacote de ontem, foram reapresentadas mudanças no Farmácia Popular. Estadão ouviu distribuidoras de medicamentos, fabricantes e associações de farmácias e aponta que essas empresas estão avaliando que, ao reduzir margens de lucro, o novo formato do programa vai provocar descredenciamento em massa. “Seria uma forma, afirmam, de desidratar o programa e leva-lo à extinção”, diz o texto. Ricardo Barros, por seu turno, garante que há 51 mil farmácias fora do programa pedindo credenciamento, logo, as que saírem podem ser substituídas.

MICROCEFALIA ERA ENDÊMICA

Um estudo da USP e da Universidade Federal do Maranhão olhou para os casos de bebês com microcefalia antes da epidemia de zika no Brasil, que aconteceu em 2015. Para eles, ocorrência já era significativa no período que antecedeu o surto. A pesquisa avaliou 6.174 crianças nascidas em Ribeirão Preto e 4.220 em São Luís no ano de 2010 e descobriu que a microcefalia afetou 3,5% dos pequenos maranhenses e 3,2% dos paulistanos. É que, além do vírus, a doença é influenciada por outros fatores, que vão desde tabagismo e alcoolismo até baixa escolaridade.

CASO A CASO

O cigarro eletrônico pode causar mais danos à saúde do que o convencional, segundo estudo da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Isso porque os líquidos utilizados para dar sabor ao dispositivo contêm substâncias tóxicas. Algumas mais perigosas que outras. De modo que tudo vai depender da composição do que está sendo fumado. Os cientistas avaliaram amostras de 148 líquidos. No geral, quanto mais ingredientes, maior a toxicidade das substâncias testadas. Os mais prejudiciais, segundo a avaliação, são dois compostos que conferem sabor ao produto: vanilina e cinamaldeído.

PARA RIR

Que o pato amarelo de borracha pode ser perigoso, muita gente não duvida. Vem da Suíça não a quebra do sigilo de uma conta bancária secreta, mas um estudo sobre o brinquedo popular na hora do banho que mostra que, em contato com a água por 11 semanas, o plástico vira meio ideal para o desenvolvimento de germes e bactérias resistentes, como legionella.

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