O fabricante de hidroxicloroquina bolsonarista e seu histórico empréstimo no BNDES

Em 2020, Apsen assinou contratos de R$ 153 milhões com o banco público, um valor sete vezes maior do que todo o crédito liberado para a empresa nos 16 anos anteriores

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Quem ganha com a propaganda do governo federal da hidroxicloroquina? Uma das principais perguntas dessa pandemia para os brasileiros já havia sido respondida pelo repórter Patrik Camporez que, em julho do ano passado, mostrou quem eram os donos das farmacêuticas nacionais que fabricam a droga e destacou que havia bolsonaristas entre eles. Agora, é a vez de o repórter Diego Junqueira puxar mais fios deste novelo, revelando que talvez a propaganda do medicamento não seja a única vantagem de quem mantém ótimas relações com o poder. 

Na Repórter Brasilele mostra essa baita ‘coincidência’: em 2020, a Apsen, presidida pelo bolsonarista Renato Spallicci, assinou dois contratos com o BNDES. O banco se comprometeu a emprestar R$ 153 milhões para a farmacêutica, com a justificativa de investimento em atividades de pesquisa e ampliação da sua capacidade produtiva. “O valor é sete vezes maior do que o crédito liberado para a empresa nos 16 anos anteriores somados”, descobriu Junqueira (o grifo é nosso). Do total do empréstimo, R$ 20 milhões já foram transferidos pelo BNDES, em março passado.

São as caixas de hidroxicloroquina da Apsen que Jair Bolsonaro exibe nas suas transmissões ao vivo e corre atrás das emas do Palácio da Alvorada. O produto também foi exibido pelo presidente em um encontro virtual com líderes do G-20 e na posse do general Eduardo Pazuello como ministro da saúde.

Se Bolsonaro colhe frutos simbólicos por martelar uma falsa solução para a doença na cabeça dos brasileiros há meses, Renato Spallicci, dono da empresa, se beneficia de frutos concretos. Além de conseguir o empréstimo histórico, sua farmacêutica viu o faturamento aumentar 18% no ano passado, dos quais 2,7% se devem às vendas da hidroxicloroquina. No total, a empresa ganhou R$ 1 bilhão. 

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