A cada 45 segundos uma pessoa morre de covid no Brasil

Ministério da Saúde confirma 1.910 óbitos em 24 horas, um aumento de 16% em relação ao número divulgado na véspera – Bolsonaro é alvo de panelaços e diz que tem um “plano”

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Tudo indica que a pandemia no Brasil começou uma nova temporada de recordes sucessivos. Ontem o Ministério da Saúde confirmou 1.910 óbitos em 24 horas, um aumento de 16% em relação ao número divulgado pela pasta na véspera – que, por sua vez, tinha sido o maior até então.

Um pronunciamento de Jair Bolsonaro em cadeia nacional de rádio e TV estava previsto para as 20h30, mas foi cancelado, assim como o discurso que deveria ter acontecido na terça-feira. Mesmo sem aparecer, o presidente não escapou aos panelaços registrados em ao menos sete capitais: Rio, São Paulo, Porto Alegre, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba e Brasília. 

“Para a mídia, o vírus sou eu”, disse ele a apoiadores no Palácio da Alvorada, ainda de manhã. “Criaram pânico, né? O problema está aí, lamentamos. Mas você não pode entrar em pânico”, continuou, mais uma vez se pronunciando contra os fechamentos.

Mas ele tem a solução: um grande plano que só não foi posto em prática porque o STF não deixou… Pois é. A provocação veio após o pedido de secretários de saúde para que haja um toque de recolher nacional: “Se eu tiver poder para decidir, eu tenho o meu programa, o meu projeto, pronto para botar em prática no Brasil. Agora, preciso ter autoridade. Se o Supremo Tribunal Federal achar que pode dar o devido comando dessa causa a um poder central, que eu entendo ser legítimo e meu, eu estou pronto para botar o meu plano em prática”, afirmou o presidente. Desnecessário dizer que ele não deu nenhuma pista sobre o que seria tal “plano”. 

Sua fala se refere, claro, ao famoso episódio do ano passado, quando o Supremo decidiu que estados e municípios têm autonomia para tomar as medidas de isolamento necessárias. Apesar de a Corte nunca ter retirado a responsabilidade da União de realizar ações e coordenar o enfrentamento à covid-19, o fato tem sido usado por Bolsonaro desde então para jogar na conta exclusiva dos gestores locais todos os problemas da pandemia, desde o desemprego até as mortes.

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