Inquérito vai investigar governo Bolsonaro por crise na Terra Yanomami

• Ministério quer aliança pela Saúde Indígena • Grande perda para a luta antimanicomial • Mpox e homofobia no Brasil • Acesso à saúde de pessoas trans •

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Entidades denunciam Bolsonaro por genocídio Yanomami; MPF abre inquérito

Após denúncias feitas por entidades como a Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), que protocolou uma representação criminal na PGR, e da Frente pela Vida, que acionou o Tribunal Penal Internacional (TPI), o Ministério Público Federal agiu. Foi instaurado um inquérito, em 30/1, para apurar a responsabilidade do Estado brasileiro na tragédia humanitária que vitima os povos Yanomami. A Procuradoria da República em Roraima afirma que há evidências de que o direito à assistência à saúde não foi garantido nessa terra indígena, e tampouco a garantia de que suas terras não fossem invadidas. O inquérito vai as causas para a crise sanitária ter atingido patamar tão grave e também os impactos ambientais causados pela inação do governo Bolsonaro.

Aliança global pela Saúde Indígena?

O ministério da Saúde busca evitar que tragédias do tipo voltem a acontecer, e para isso deve apresentar uma resolução à Organização Mundial da Saúde (OMS) que garanta ação internacional em defesa da saúde dos povos indígenas. Carlos Gadelha, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos da pasta afirmou que cabe aos indígenas decidirem o que é preciso ser feito para que esse direito seja garantido. “Cerca de 600 crianças indígenas morreram nos últimos quatro anos como resultado da negligência do Estado e da falta de políticas públicas. Não há desenvolvimento sustentável, não há direito à saúde em uma situação em que as crianças morrem devido ao abandono” afirmou Gadelha, em discurso feito na OMS.

Morre Fernando Freitas, protagonista da Reforma Psiquiátrica

A luta antimanicomial perdeu, ontem (30/1), um de seus grandes nomes. Fernando Freitas, segundo nota publicada pela Abrasco, era um grande crítico da sociedade medicalizada e patologizante, mas ia além da denúncia e promovia práticas para a desmedicalização da vida. Era pesquisador da ENSP/Fiocruz e editor do site Mad in Brasil, junto com Paulo Amarante. Psicólogo, também foi diretor da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme). “Fernando, com seu trato amável e curiosidade de vibração juvenil deixará um espaço a ser desbravado e continuado… Seguiremos os seus passos, mantendo a sua presença entre nós! Que os seus amigo/as e familiares recebam o nosso abraço e afeto neste momento tão difícil”, lamenta a nota.

Estudo conecta persistência da mpox com homofobia de Bolsonaro

Uma parceria entre o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas e a revista Nature lançou o estudo “Mpox multinacional nas Américas: Lições do Brasil e do México”, que aponta que a doença que anteriormente era chamada de “varíola dos macacos” continua a ter incidência preocupante no Brasil. Apesar da queda global e da possível proximidade do fim da declaração de emergência sanitária pela OMS, os casos continuam em alta no país. “No Brasil, a falta de comprometimento das lideranças com a emergência pode ter favorecido a explosão de casos. Declarações homofóbicas pelo então presidente (Jair) Bolsonaro durante os piores momentos do surto cimentou a estigmatização da doença, e o país agora tem escassez do único tratamento aprovado nacionalmente (Tecovirimat) e demora na chegada das doses da vacina”, diz o editorial da coletânea de artigos publicada.

Os desafios no acesso à saúde para pessoas trans

Foi apenas em 1997 que o Brasil concedeu às pessoas transexuais o direito a fazer realização de cirurgias de transgenitalização nos hospitais públicos universitários – até então, o histórico era tenebroso e médicos eram até perseguidos pela justiça. Mesmo depois de tanto tempo, há muitas barreiras para essa população, e não apenas na Saúde. O acesso à educação também é escasso e há muita rejeição familiar, em especial às mulheres trans. Entre outros problemas, isso contribui com a falta de informação sobre cuidados de saúde para essas pessoas. Mas mesmo quando há conhecimento, outras barreiras aparecem: falta de respeito durante o atendimento e o despreparo para tratar da saúde de um transexual são duas delas, explica matéria da revista Galileu. E, para que haja uma integração real das pessoas trans no sistema de saúde, seria necessário pensar num atendimento para saúde mental, que levasse em conta o ambiente onde vivem.

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